Boehme Hartmann VII

JACOB BOEHME — Citações de sua obra, organizadas por Franz Hartmann

Retiradas da tradução oferecida pela SCA

VII – HOMEM
Todos os seres humanos são fundamentalmente somente um homem. Este Homem é o tronco, o resto são os ramos, recebendo todo seu poder do tronco, e produzindo fruto de uma mesma raiz. Que loucura é isto, então, se o ramo quer ser uma árvore ele mesmo, como se o ramo próximo a ele não fosse do mesmo tronco. Deus deu ao homem somente uma vida, e a vida de todos os homens vêm deste único Homem. (Mysterium Magnum, XXIV, 15).

O espírito de Deus reside de eternidade em eternidade unicamente no céu, ou seja, em Sua própria essência, no poder da majestade. Quando ele foi soprado na imagem de um homem, surgiu o céu no homem; pois, Deus quis revelar-Se no homem, como numa imagem criada à Sua própria semelhança, e manifestar as grandes maravilhas de Sua sabedoria eterna. (Cons. Stiefel…, I. 36).

Simultaneamente à introdução de Sua divina imagem, Adão recebeu também a palavra viva de Deus (inteligência espiritual) para fornecer alimento à sua alma. (Encarnação de Cristo…, I 3 24).

Deus criou Adão para (desfrutar) a vida eterna, no Paraíso, num estado de perfeição paradisíaca. O amor divino iluminava o seu interior, assim como o sol ilumina o mundo (Cons. Stiefel…, I. 36).

No Paraíso existe a vida perfeita, sem distúrbios, e o dia perpétuo; o homem paradisíaco é claro como um vidro transparente, plenamente penetrado pela luz do sol divino. (Assinatura…, XI.51).

A corporalidade santa interior do elemento puro penetrou os quatro elementos e manteve consigo o Limo da terra, ou seja, o corpo sulfúrico (terrestre) exterior, como num estado de absorção; este corpo estava realmente presente, mas do mesmo modo que as trevas habitam na luz, não podendo manifestar-se, por causa da luz. (Mysterium, XVI. 6).

Todas as qualidades do corpo santo e interior, juntamente com as qualidades externas, encontravam-se no homem primordial sintonizadas em uma só harmonia. Nenhuma delas vivia em seu próprio estado de desejo; o desejo de cada uma estava na alma, onde a luz divina manifestava-se. A luz divina irradiava através de todas as qualidades, produzindo nelas uma temperatura equilibrada e harmoniosa. (Mysterium, XVI. 5).

O homem interior mantinha o homem exterior aprisionado em si mesmo e o penetrava tal qual o ferro incandescente é penetrado pelo fogo, de forma que parece ser ele o próprio fogo. Mas quando o fogo se extingue, então o ferro negro e duro se manifesta. (Mysterium, XVI 7).

O elemento puro penetra o homem externo e subjuga os quatro elementos; além do mais, o poder do calor e do frio estava na carne. Mas, como a luz de Deus brilhava ali, estavam numa harmonia equilibrada, de forma que nenhuma delas se manifestava diante da outra. Assim, Deus o Pai, é chamado de Deus colérico e ciumento, um fogo consumidor; Ele é realmente tudo isso com relação as suas qualidades; mas destas qualidades nada se torna manifestado na Sua luz. (Cons. Stiefel…, XI 75).

O homem primordial ainda fixo no Paraíso, encontrava-se num estado tal como o tempo está diante de Deus e Deus no tempo. Assim como o tempo é um mero espetáculo diante de Deus, a vida externa do homem era um espetáculo diante do homem santo e interior, a verdadeira imagem de Deus. (Mysterium, XVI 8).

O corpo interior era um lugar onde a Divindade podia habitar, uma imagem da divina substancialidade. Naquele corpo, a alma tinha a sua brandura, e seu fogo havia se tornado brando, pois ela havia recebido o amor e a brandura de Deus. (Tilken… I 233).

A mente de Adão era inocente como a de uma criança, brincando com as maravilhas de seu Pai. Não havia nele nenhum auto conhecimento da vontade demoníaca, nenhuma avareza, orgulho, inveja, raiva, mas um puro desfrutar do amor. (A Vida Tríplice…, XI 23).

Quando Adão foi criado no Paraíso, sua alma queimava como uma chama de óleo puro. Portanto, sua percepção era celestial, e sua inteligência superava e compreendia coisas além da natureza. (Assinatura…, VII. 2).

O homem interior permanecia no céu; suas essências estavam no Paraíso; seu corpo era indestrutível. Ele conhecia a linguagem de Deus e dos anjos, e a linguagem da natureza, como se pode perceber ao vermos Adão dando nomes a todas as criaturas, cada uma segundo sua própria essência e qualidade. (Quarenta Questões, IV 7).

Adão, depois de ter sido criado por Deus, encontrava-se no Paraíso num estado de satisfação, glorificação e beleza, pleno de conhecimento. Deus então, trouxe diante dele, como senhor do mundo, todos os animais, a fim de que os observasse e desse um nome a cada um, segundo a essência e poder específico. Adão sabia que ele estava dentro de cada criatura, e deu a cada um seu nome apropriado. Deus pode ver nos corações de toda as coisas, e o mesmo podia ser feito por Adão.38 (Três Princípios…, X 17).

Sendo Deus um Senhor de todas as coisas, o homem no poder de Deus deveria ser o senhor deste mundo. (Encarnação de Cristo…, I 4, 7).

A alma no poder de Deus penetra todas as coisas, e é poderosa sobre tudo, como o próprio Deus; pois ela vive no poder de Seu coração. (Três Princípios…, XXII 17).

Assim como o ouro é incorruptível no fogo, o homem não estava subjugado a nada, somente ao Deus Único que nele habitava e Se manifestava pelo poder de Seu ser santo. (Mysterium, XVI 12).

Todas as coisas estavam sujeitas a Adão; seu governo estendia-se do céu à terra, a todos os elementos e estrelas, pois o poder divino estava nele manifestado40 (Mysterium, XVI 2).

A vontade-espírito do homem penetrava todas as criaturas, sem ser injuriada por nenhuma delas, pois nenhuma podia alcança-la. Nenhuma criatura pode apreender o poder e a luz do sol em sua vontade própria, mas deve permanecer passiva para ser penetrada por ela; esse era o caso da vontade-espírito do homem. (Grace, VII 2).

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