Boehme: divindade

“O homem natural nada sabe sobre os mistérios do reino de Deus, porque ele está fora e não dentro do estado da DIVINDADE, sendo provado diariamente pela ação dos filósofos que brigam por causa dos atributos e da vontade de Deus; de fato, eles não conhecem a Deus, porque não ouvem a palavra de Deus dentro de suas próprias almas”. (Cartas, XXXV. 5).

“A alma busca na DIVINDADE e também nas profundezas da natureza; pois ela tem a sua fonte e a sua origem no todo do Ser divino”. (Aurora, Prefácio, 98).

“É de se lamentar como os homens são guiados de forma tão cega por aqueles cegos, e que a verdade é impedida de se manifestar em sua glória e pureza por causa de nossas concepções das formas e figuras externas; pois quando o poder divino em todo o seu esplendor se torna manifesto e ativo no fundamento interior da alma, a ponto do homem desejar sinceramente abandonar os caminhos desprovidos de Deus e sacrificar todo o seu ser por Deus, então toda a DIVINDADE trina estará presente na vida e na vontade da alma, e o céu, onde Deus reside, se abrirá para essa alma.” (Mysterium Magnum…, LX. 43).

“Quando meu espírito, cheio de sofrimento, movimentando-se como que numa grande tormenta, sinceramente surgiu em Deus, carregando consigo todo o meu coração e minha mente, com todos os meus pensamentos e com toda a minha vontade; quando eu não podia mais parar de lutar contra o amor e a misericórdia de Deus, a menos que sua Benção descesse sobre mim — ou seja, a menos que Ele iluminasse minha mente com Seu Espírito Santo, para que eu pudesse compreender a Sua vontade e me livrar de minha dor, então a luz do Espírito rompeu das nuvens. Enquanto que em meu fervor, lutava poderosamente contra os portais do inferno, como se tivesse mais forças do que as que estavam em minha posse, desejando arriscar a própria vida (que teria sido insuportável, sem o auxílio de Deus); após duras lutas contra os poderes das trevas, meu espírito rompeu as portas do inferno, e penetrou a essência mais íntima da DIVINDADE recém-nascida, onde foi recebida com grande amor, tal qual aquele oferecido por uma noiva ao receber seu amado noivo. As palavras não podem expressar a grande satisfação e triunfo que experimentei então; tampouco poderia comparar tal satisfação com qualquer outra coisa, senão com o estado no qual a vida nasce da morte, ou com a ressurreição do morto. Durante este estado, meu espírito imediatamente viu através de todas as coisas, e reconheceu à Deus em todas as coisas, até mesmo nas ervas e nas pragas, e soube o que era Deus e qual era a Sua vontade. Então, minha vontade cresceu rapidamente nessa luz, e recebi um forte impulso de descrever o estado divino.” (Aurora, XIX. 4).

“Não posso descrever a totalidade da DIVINDADE como se fosse um círculo, porque Deus é imensurável; no entanto, a DIVINDADE não é inconcebível ao espírito que repousa no amor de Deus. Tal espírito pode atingir a verdade eterna, de parte em parte e desta forma, acabará compreendendo a totalidade”. (Aurora, X. 26).

“Se tenho que tornar compreensível a geração eterna, a revelação ou a evolução de Deus, fora de Seu próprio ser sou obrigado a usar uma maneira diabólica (sabidamente errônea), como se a Luz eterna tivesse se se inflama nas trevas, e como se a Divindafe tivesse um princípio. Não posso instrui-los de outra forma, se pretendo que vocês adquiram uma concepção aproximada da DIVINDADE. Não há nada primeiro e nada depois na geração e evolução, mas ao descrevê-la tenho que colocar uma coisa depois da outra”. (Aurora, XXIII. 17-33).

“Não pretendo dizer que a DIVINDADE teve um princípio; só desejo mostrar como a DIVINDADE revelou-se através da natureza. Deus não tem princípio no tempo; Ele tem um princípio eterno e um fim eterno”. (Assinatura…, III. 1).

“A DIVINDADE é um laço eterno, que não pode perecer. Ela gera a si mesma de eternidade em eternidade, e o primeiro ali é sempre o último, e o último o primeiro”. (Três Princípios…, VII. 14).

“Advirto ao leitor, que toda vez que falar da DIVINDADE e de seu grande mistério, não compreenda o que digo como se pretendesse que fosse compreendido num sentido terrestre, mas tome isso de um ponto de vista elevado, num aspecto supra natural. Frequentemente sou forçado a dar nomes terrestres ao que é celeste, para que o leitor possa formar um conceito, e ao meditar sobre ele possa penetrar no fundamento interno”. (Grace, III 19).

“Dentro do não fundamento (que alguns escritores denominam de ‘Não-Ser’ — um termo sem nenhum significado) não há nada senão tranquilidade eterna, um eterno repouso sem começo e sem fim. É verdade que mesmo ali Deus tenha uma vontade, mas essa vontade não pode ser objeto de nossa investigação, já que qualquer tentativa de investigá-la produziria pura confusão em nossa mente. Concebemos essa vontade como constituindo o fundamento da DIVINDADE. Ela não tem origem, mas concebe a si mesma em si mesma”. (Encarnação de Cristo…, XXI. 1).

“O Pai é a vontade do não fundamento (Absoluto). Essa vontade concebe em si mesma o desejo de manifestar-se. Esse amor ou desejo é o poder concebido pela vontade ou Pai, dentro de si — ou seja, o Filho, coração ou morada (a primeira fundação dentro da não fundação ou não fundamento), o primeiro princípio dentro da vontade. A vontade é falada através da concepção de si mesma, e essa emissão da vontade em fala ou respiração é o Espírito da DIVINDADE”. (Mysterium, I.2).

“A sabedoria coloca-se diante de Deus como um espelho ou reflexo, onde a DIVINDADE vê seu próprio ser e todas as grandes maravilhas da eternidade, que não tem começo, nem fim, no tempo, cujo princípio e o fim são eternos. A sabedoria é uma revelação da Santíssima Trindade; isso não deve ser compreendido como se ela revelasse a si mesma à Deus, através de seu próprio poder ou escolha, mas o centro divino, o coração e essência de Deus, torna-se revelado nela. Ela é como um espelho da DIVINDADE, e como qualquer outro espelho, simplesmente permanece quieta; ela não produz imagem alguma, mas simplesmente a concebe”. (Encarnação de Cristo…, I, 1, 12).

“Quando o quarto princípio penetra o primeiro, todos os espíritos misturam sua luz, triunfo e regozijo. Eles surgem uns nos outros, e envolvem cada um como num movimento circular; a luz no meio deles começa a brilhar, oferecendo-lhes a luminosidade. A qualidade áspera permanece oculta, como uma semente na fruta. Assim como uma maçã amarga ou azeda transforma-se, ao amadurecer sob o sol, adquirindo um sabor adocicado, ainda que mantenha as características que a constitui uma maçã, a DIVINDADE retém suas próprias qualidades essenciais, mas elas se tornam manifestas de forma doce e agradável”. (Aurora, XIII 80).

“Os sete candelabros na Revelação de São João referem-se aos sete espíritos na DIVINDADE, também as sete estrelas. Os sete espíritos estão no centro do pai, o seja, no poder do Verbo. O Verbo transforma a cólera em doce satisfação e lhe confere a forma de um oceano cristalino; ali os sete espíritos aparecem numa forma que queima, como sete tochas luminosas”. (A Vida Tríplice…, III 46).

“Se a DIVINDADE de acordo com o primeiro e segundo princípio é considerada apenas como um espírito, sem qualquer essencialidade concebível, há nela, contudo, o desejo de envolver um terceiro princípio, onde repousa o espírito dos dois primeiros princípios, onde se tornará manifestada como uma imagem”. (Seis Pontos Teosóficos…, I. 25).

“Não é a sabedoria, mas o Espírito de Deus, o centro ou o revelador. Como a alma está manifestando-se num corpo através da carne, e como a carne não teria poder algum se não fosse habitada por um espírito vivo, da mesma forma a sabedoria de Deus é a corporalidade do Espírito Santo, através da qual ele adquire substancialidade, a fim de manifestar-Se. A sabedoria dá à luz, mas isso não seria possível se o Espírito não atuasse nela. Ela revela sem o poder da vida-fogo, ela não possui desejo ardente, mas sua satisfação encontra sua perfeição na manifestação da DIVINDADE, e, portanto é chamada de virgem em castidade e pureza diante de Deus”. (Tilken…, II 64).

“O Espírito Santo revela a DIVINDADE na natureza. Ele estende o esplendor da majestade, a fim de que ele possa ser reconhecido nas maravilhas da natureza. Ele não é o esplendor propriamente dito, mas seu poder; ele introduz esse esplendor da majestade na substancialidade, onde a DIVINDADE é revelada”. (A Vida Tríplice…, IV. 82; V. 39).

“Sempre haverá que se fazer uma distinção entre a DIVINDADE e a humanidade, entre a vontade humana e a vontade de Deus”. (Stief, II. 95).

“Se o leitor considerar a profundeza do céu, as estrelas, os elementos e a terra, não irá, com certeza, ver com seus próprios olhos, a DIVINDADE pura e cristalina, embora Deus esteja ali, dentro de tudo isso; mas se você elevar seus pensamentos e direcionar sua mente a Deus, que em Sua santidade governa com o Todo, estará então penetrando o céu e alcançando o próprio coração sagrado de Deus”. (Aurora, XXIII. II).

“Antes da criação do céu, das estrelas, dos elementos e também antes da criação dos anjos, não havia nada senão a DIVINDADE, reproduzindo a si mesma, doce e amorosamente, concebendo de sua própria imagem”. (Aurora, XXIII. 15). 47

“Quando a DIVINDADE movimentou-se, com o propósito de criar um mundo, movimentou suavemente a qualidade adstringente, contraindo-a no divino sal-nitre”. (Aurora, XIII. 94).

“A qualidade adstringente foi a primeira assassina, ao perceber que o ser gerava uma bela luz, ela se contraiu de forma ainda mais dura do que quando Deus a criou. A segunda qualidade, a segunda assassina, partiu com grande força para a qualidade adstringente, como se quisesse transformar seu corpo em pedaços. O calor ou o terceiro espírito assassino matou sua mãe, a água doce. O som surgiu tão furioso que soou como um trovão; pretendia com isso, provar sua própria nova DIVINDADE; o fogo surgiu como um terrível raio de luz. Assim, o corpo todo se transformou num vale escuro; não houve conforto, nem ajuda. O amor transformou-se em inimigo, e o anjo da luz tornou-se um escuro demônio de trevas”. (Aurora, XIV. 19-25).

Lúcifer sabia que não era Deus, também conhecia a extensão de seu poder; mas ele quis uma experiência totalmente nova, ele quis ser maior que Deus, elevando seu poder acima de todos os reinos, e de toda DIVINDADE”. (Aurora, XIV. 14).

“No quarto dia, Deus criou de Sua sabedoria eterna, o senhor do terceiro princípio (o mundo visível), o sol e as estrelas. Vê-se aqui claramente a DIVINDADE e a sabedoria eterna de Deus, como num espelho claro. Esse ser, visível diante de nossos olhos, não é Deus propriamente dito, mas um Deus no terceiro princípio, que irá finalmente retornar ao seu éter e ter um fim”. (Três Princípios… VIII.13).

Deus fez uma sólida fundação (firmamento) chamada ‘céu’, entre a geração mais externa e mais interna, entre a DIVINDADE clara e a natureza corrupta, através da qual deve surgir o querer de cada um de ir para Deus. Sobre essa fundação é dito que mesmo os céus não são puros diante de Deus, mas no dia do julgamento a cólera será arrancada de lá”. (Aurora, XX.41).

“No sol do mundo externo, e através dele, Deus despertou um rei, ou como chamaria simbolicamente, uma DIVINDADE natural, junto com seis conciliadores, para serem seus assistentes, ou seja, o sol e os seis outros planetas, pronunciados das sete qualidades do lócus (lugar ou centro) do sol. O sol recebe seu esplender da tintura do mundo ígneo e o mundo da luz, sendo manifestado como um ponto revelado com relação ao mundo de fogo”. (Mysterium, XIII. 16).

“O corpo interior era um lugar onde a DIVINDADE podia habitar, uma imagem da divina substancialidade. Naquele corpo, a alma tinha a sua brandura, e seu fogo havia se tornado brando, pois ela havia recebido o amor e a brandura de Deus”. (Tilken… I 233).

“O santo Verbo de Deus, após a Trindade da DIVINDADE insondável, concedeu à inteligência ígnea da alma o mandamento: ‘Não comerás da árvore do conhecimento do bem e do mal; se assim o fizerem irão morrer na imagem de Deus, no mesmo dia’. Quer dizer, ‘a alma ígnea irá perder sua luz; a mortalidade, qualidade do mundo de trevas, do centro dos três primeiros princípios, irá se aproximar e se manifestar na árvore, engolindo o Reino de Deus’” (Grace, VI 17).

“O terceiro princípio, espírito e tormento deste mundo, estava oculto desde a eternidade na natureza eterna; ele foi revelado pelo espírito de luz-flamejante na sabedoria de Deus e na tintura divina. Então a DIVINDADE movimentou-se de acordo com a natureza da mãe produtiva, surgiu então, o grande Mysterium, contendo tudo que está no poder da natureza eterna. Isso, contudo, era apenas um Mysterium e não tinha semelhança a nenhum ser criado. Ali tudo estava junto (misturado), como uma nuvem de poeira”. (Encarnação de Cristo… I I 10).

“A DIVINDADE, a luz divina, é o centro de toda vida, e como na manifestação de Deus o sol é o centro da vida”. (Assinatura…, IV 17).

“O elemento interno que sustenta todo o corpo deste mundo tornou-se o eterno corpo de Cristo; pois, a DIVINDADE em sua totalidade, na palavra e coração de Deus, penetrou ali na eternidade; e a mesma DIVINDADE tornou-se um ser criado; mas tal criatura pode estar em todo lugar, como a própria DIVINDADE”. (Princ. XXIII 20).

“Não havia outra salvação para a imagem divina no homem a menos que a DIVINDADE se movimentasse de acordo com o segundo princípio, ou seja, de acordo com a luz da vida eterna, e pelo poder do amor reascendendo a substancialidade (da alma) que estava aprisionada na morte”. (Encarnação de Cristo…, I II 22).

“O Verbo, ou a segunda pessoa na DIVINDADE, tem estado no Pai por toda eternidade, e ao encarnar na humanidade, não mudou sua natureza, tornando-se uma outra coisa, mas permaneceu no Pai, em seu centro e lugar, como tem sido por toda eternidade. A outra (segunda) formação, ocorreu de forma natural, na ocasião da anunciação pelo anjo Gabriel, quando a virgem disse ao anjo: ‘Que seja feita a tua vontade’. A plenitude deste Verbo foi efetuada no elemento celestial, como foi a criação do primeiro Adão antes da queda. A terceira formação ocorreu simultaneamente a segunda, de uma só vez, assim como uma semente terrestre é semeada enquanto uma criança cresce”. (Três Princípios…, XVIII 45).

“No que se refere à Sua DIVINDADE, Ele certamente não é um ser criado; mas no que se refere ao Seu estado celeste, quando diz que veio do céu e que ainda estava no céu, Ele é as duas coisas, uma criatura na natureza humana, e um ser incriado sem a humanidade”. (Cartas, II 54).

“Dizem que Maria era uma virgem eterna da Santíssima Trindade, e que dela nasceu o Cristo; pois, segundo Seu próprio testemunho, Ele não veio da carne e do sangue, mas do céu. É verdadeiro o que nosso Senhor disse, que veio de Deus e a Deus retornaria, e que ninguém iria para o céu exceto o Filho do Homem, vindo do céu e estando no céu; mas assim dizendo, falava, evidentemente, de Seu aspecto humano, e não meramente de Sua DIVINDADE; pois o Deus eterno não poderia ter sido Filho do Homem, nem um filho do homem poderia surgir da Trindade; foi possível redimir o homem através de uma alma alheia, trazida do céu, onde se satisfez a necessidade da penetração e crucificação de Deus em nossa forma (humana)”. (Três Princípios…, XXII, 6I).

Deus revelou-se na semente externa (princípio) de Maria, pois o Cristo não se diferenciou, enquanto esteve sobre a terra, de outros seres humanos, em forma, substância ou aparência externa. Naquela semente externa Ele não tomou a DIVINDADE; Sua forma externa era mortal, e através disso ele anulou a morte”. (Cons. Stiefel…, II 203).

“O Cristo atraiu verdadeiramente para Si as essências humanas enquanto no corpo da virgem Maria, e desta forma tornou-se nosso irmão. Mas as essências humanas não podem apreender Sua DIVINDADE eterna; só o novo homem, nascido em Deus, é disso capaz, assim como o corpo apreende a alma”. (Três Princípios…, XXII 48).

“A alma e o Verbo não estão lado a lado, como duas pessoas, mas o Verbo penetra a alma e do Verbo brilha a vida-luz; a alma, contudo, permanece livre. Um ferro quente e vermelho encontra-se nela preto e obscuro, mas o fogo a penetra, para que se torne luminoso. Não há transformação no ferro propriamente dito; o ferro continua sendo ferro e o calor continua sendo calor; um é livre com relação ao outro, e um não é o outro; Assim a alma tem sido mergulhada no fogo da DIVINDADE, a fim de que a DIVINDADE possa penetrar e iluminar a alma, e ali habitá-la e concebê-la, embora a alma não possa conceber a DIVINDADE; no entanto, ela não é transformada. A DIVINDADE concebe a alma e a dota do poder da majestade”. (A Vida Tríplice…, VI 83).

“A Razão diz: ‘O corpo de Cristo está em um lugar; como poderia estar em todo lugar? Trata-se de uma criatura, e uma criatura não pode estar em todo lugar ao mesmo tempo’. Ouça, cara Razão: ‘Quando o verbo de Deus tornou-se um ser humano, no corpo de Maria, não estava ele, ao mesmo tempo, acima das estrelas? Enquanto estava em Nazaré, não estava também em Jerusalém e em todo lugar? Ou pensas que Deus, enquanto Se fez homem, tenha ficado confinado à sua forma humana?’ Isso constitui uma impossibilidade e assim, enquanto Deus se tornou homem, Sua humanidade encontrava-se em todo lugar em que Sua DIVINDADE existisse”. (Três Princípios…, XXIII 8).

“O Cristo não se tornou homem apenas no corpo (terrestre) da virgem Maria, como se Sua DIVINDADE ou essencialidade divina tivesse sido capturada, aprisionada ou permanecida ali. Assim como um pouco de Deus, que é a plenitude de todas as coisas, reside em apenas um lugar, pequeno foi o movimento de Deus, em uma pequena porção (a do Verbo); pois Ele não é diferenciado, mas em todo lugar é um e o todo, e onde quer que se torne manifesto ali é Ele manifestado como um todo. Nem Deus é mensurável, nem há lugar em que habite, a menos que Ele estabeleça para Si mesmo tal morada em uma de Suas criaturas; mas, mesmo assim Ele permanece um todo à parte e além de todo ser criado”. (Encarnação de Cristo…. I 8).

“Como o sol brilha por todo o mundo externo, fazendo com que todas as coisas se tornem mais poderosas e férteis, sem deixarem de ser distintos entre si (em seus centros corporais), do mesmo modo, o Cristo, como um Sol manifestado, brilha de Iahweh ou Jesus (da profundeza de), na humanidade criada de Cristo. Iahweh é o Sol divino e eterno, e dentro deste Sol encontra-se oculto de todas as criaturas o grande Amor-Sol de Cristo, como um coração no centro da Santíssima Trindade; mas pelo movimento da DIVINDADE Ele se revelou como um Sol santo do amor divino”. (Cons. Stiefel…, II 422)

“Quando o Verbo penetra o elemento puro, a matriz virginal, Ele não se separa do Pai, mas permanece eternamente, e está em todo lugar, presente no céu do elemento em que penetrou, e onde se tornou uma nova criatura, chamadadeus’. Essa nova criatura naturalmente não nasceu da carne e do sangue da virgem (física), mas de Deus, de Seu elemento (a virgem celeste, e no poder da Santíssima trindade, que permanece ali eternamente em sua plenitude). Mas a corporeidade do elemento daquele ser criado é inferior com relação à DIVINDADE, pois Ela é espírito, e o elemento santo é nascido do verbo da eternidade. Desta forma, o Verbo penetrou a serva, o que fez com que todos os anjos do céu fossem tomados de surpresa. Trata-se do maior milagre já ocorrido desde toda eternidade, porque isso vai contra a natureza (humana), e só poderia ter acontecido por conta do amor divino”. (Três Princípios…, XVIII 42).

“O espírito desse mundo capturou o corpo, tornando-o terrestre; o corpo e a alma tornaram-se corruptos. Desta forma, não mais estamos em posse do elemento puro necessário para a formação de um corpo (puro), mas de uma protuberância dos quatro elementos em combinação com a influência das estrelas. Este corpo não pertence à DIVINDADE. Deus não Se revela num corpo impuro, mas somente no homem santo (interiormente regenerado), na pura imagem que Ele criou no princípio. Nada mais havia de ser feito além de regenerar a imagem através do coração e da luz de Deus”. (Três Princípios…, XXIII 21).

“A essência humana não poderia ser concebida na santidade de Deus, sem a presença de um mediador apropriado; a vontade encontrava-se separada dessa essência. Portanto, Deus tornou-se homem, a fim de que pudesse doar ou abençoar a humanidade com Sua DIVINDADE, e para que Ele pudesse ser concebido por nós”. (Baptism, II. 36).

“O corpo no qual o Cristo surgiu dos mortos não podia ser detido por pedras ou lápides. Ele passa por todas as coisas sem nada quebrar; ele se apodera deste mundo, mas este mundo não pode apreendê-lo. Nada o pode fazer sofrer, pois nele encontra-se toda a plenitude da DIVINDADE”. (Três Princípios…, XXV 87).

“A pobre alma aprisionada, encerrada nas trevas da morte, é um fogo mágico faminto, que atrai da encarnação de Cristo, a substancialidade reaberta de Deus, e deste engolir ou nutrição, produz um corpo similar ao da DIVINDADE. Assim, a pobre alma será revestida com um corpo de luz, comparável ao fogo de um pavio”. (Cartas, XI 21).

“O Homem-Cristo (aquele que se tornou um Cristo pelo Cristo que se faz homem) é Senhor de todas as coisas, e compreende em Si mesmo a totalidade da existência divina. Não há, portanto outro lugar onde reconhecer a Deus, exceto na substância de Cristo (em nós), porque Nele reside a substancialidade a plenitude da DIVINDADE”. (Questions, I 153).

“Não há luz, nem deste mundo, nem de Deus, apenas a luz da ignição de seu próprio fogo, sendo ele um terrível inimigo, a carne de sua cólera. O tipo de angústia destas almas diferem segundo à qualidade daquilo que a alma se carrega. Para tal alma não há auxílio; ela não pode penetrar a luz de Deus; e mesmo que São Pedro tivesse deixado mil chaves sobre a terra, nenhuma delas abriria a porta, pois ela já rompeu o laço que a conectava com a DIVINDADE”. (Veja: Três Princípios…, XIX).

“Um princípio (início) nada mais é do que um novo nascimento, uma nova vida. Só há um princípio onde se encontra a vida ou a DIVINDADE eterna; esta não se manifestaria se Deus não tivesse criado em si criaturas como os homens e anjos, que conhecem o laço indissolúvel, e como o nascimento da luz eterna em Deus ocorre”. (Princípios, V 6).

“Qual o benefício do corpo (etéreo) se a alma alimenta-se da DIVINDADE pura? Pois sabes que a alma e o corpo não são um e a mesma coisa. A alma é espírito, e necessita do alimento espiritual. Ou pensas que podes alimentar o novo homem com o alimento terrestre? Se pensares assim, é porque estais longe do reino de Deus”. (Princípios, XXIII 6).

“No espírito do verbo é que se deve compreender a DIVINDADE como um todo, com todos seus poderes e efeitos, e com toda sua essência; é sua admiração, penetração e transformação; toda a ação e toda a geração”. (Aurora XIX 72).