Boehme: desejo

“Tua própria audição, vontade e visão te impede de ver e ouvir à Deus. Através do exercício de tua vontade própria tu te separas da vontade de Deus; pelo exercício de tua visão própria, tu vês apenas dentro de teus próprios desejos, enquanto que teu DESEJO obstrui a tua audição, fechando teus ouvidos com aquilo que pertence as coisas materiais e terrestres. Tudo isso te encobre, de modo que não podes ver o que está além de sua própria natureza humana e supersensual. Mas se ficares quieto, desistir de pensar e sentir com seu próprio ser pessoal, então a audição, a visão e a palavra eterna serão revelados a ti, e Deus irá ver e ouvir e perceber através de você”. — (Vida Suprasensual…, 1-5).

“A vontade deve buscar ou desejar nada mais do que a misericórdia de Deus no Cristo; deve entrar continuamente no amor de Deus, e não permitir que nada a afaste deste objetivo. Se a razão externa triunfa e diz: ‘Eu tenho o verdadeiro conhecimento’ então a vontade deve fazer a razão carnal curvar-se à terra, fazendo com que entre num estado mais elevado de humildade, e com que repita sempre para si mesma as palavras: ‘És tola. Tu nada possuis senão a misericórdia de Deus’. Tente penetrar essa misericórdia e tornar-se um nada em si mesmo, e afaste-se de todo o seu próprio conhecimento e DESEJO egoísta, reconhecendo-os como algo inteiramente impotente. Então a vontade própria natural, irá entrar num estado de abandono, e o Espírito Santo de Deus irá tomar uma forma viva dentro de ti, inflamando a alma com suas chamas de amor divino. Assim, o conhecimento elevado e a ciência do Centro de todo ser irá surgir. O eu humano irá começar a perceber o Espírito de Deus, tremulamente e na alegria da humildade, e será capaz de ver o que está contido no tempo e na eternidade. Tudo está perto de uma alma nesse estado, pois a alma não é mais propriedade sua, mas um instrumento de Deus. Em tal estado de calmaria e humildade a alma deve permanecer, como uma fonte permanece em sua própria origem, ela deve, sem cessar, atrair e beber daquele poço, e nunca mais desejar deixar o caminho de Deus”. (Quietude…, 1, 24).

“Eu nunca desejei saber nada sobre os mistérios divinos, nem compreendo como posso busca-los ou encontrá-los. Tudo o que busquei foi o coração de Jesus Cristo (o centro da verdade), onde devo me ocultar e encontrar a proteção da temível cólera de Deus; peço a Deus sinceramente que me conceda o Seu Espírito Santo e a Misericórdia, que Ele possa me abençoar, conduzir e afastar de mim tudo o que nos separa, a fim de que eu não viva em minha vontade própria, mas na Dele. Engajado nessa busca e nesse DESEJO sincero, a porta me foi aberta, de modo que em um quarto de hora, vi e aprendi mais do que se estivesse estudado por muitos anos nas universidades.” (Cartas, XII 6,7).

“Espero continuamente pelo meu Redentor, desejando me submeter inteiramente à Ele, seja o que quer que Ele faça. Se Ele quiser que eu saiba qualquer coisa, então quero saber; mas se Ele não quer, então não DESEJO saber. Nele coloquei a minha vontade, meu conhecimento, minha ciência, meu DESEJO e a minha realização”. (Cartas, VIII.60).

“Não pretendo dizer que a Divindade teve um princípio; só DESEJO mostrar como a Divindade revelou-se através da natureza. Deus não tem princípio no tempo; Ele tem um princípio eterno e um fim eterno”. (Assinatura…, III. 1).

“A Liberdade Eterna possui a vontade, e é a vontade. Na vontade há um DESEJO de realizar ou um impulso de desejar alguma coisa. Não há nada além dessa vontade, para o que tal impulso pudesse ser dirigido. A vontade portanto vê em si mesma como na eternidade; ela vê o que é, e assim cria em si um espelho”. (Quarenta Questões…, I.13).

“O Pai é a vontade do não fundamento (Absoluto). Essa vontade concebe em si mesma o DESEJO de manifestar-se. Esse amor ou DESEJO é o poder concebido pela vontade ou Pai, dentro de si — ou seja, o Filho, coração ou morada (a primeira fundação dentro da não fundação ou não fundamento), o primeiro princípio dentro da vontade. A vontade é falada através da concepção de si mesma, e essa emissão da vontade em fala ou respiração é o Espírito da Divindade”. (Mysterium, I.2).

Deus em seu aspecto primitivo não deve ser concebido como um ser, mas como um poder ou inteligência constituindo a potencialidade para ser — uma vontade insondável e eterna, onde tudo está contido e que embora sendo tudo é um, mas desejoso de revelar-se e de entrar num estado de ser espiritual. Isso ocorre através do fogo no DESEJO do amor, ou seja, no poder da luz”. (Mysterium, VI 1).

“A totalidade do Ser divino está num estado de contínua e eterna geração, comparável à mente de um homem, mas imutável. Os pensamentos nascem continuamente da mente de um homem, e deles surgem o DESEJO e a vontade. Do DESEJO e da vontade surge a ação, e as mãos realizam suas obras, de modo a se tornar substancial. Desta forma, a ação está com a evolução eterna”. (Três Princípios…, IX 35).

“No princípio, a vontade é fraca como um nada; depois, ela deseja e aspira a ser algo e a manifestar-se. Esse nada faz com que a vontade entre num estado de DESEJO; esse DESEJO é uma imaginação. A vontade observando-se no espelho da sabedoria faz com que sua própria imagem apareça no não fundamento, criando o fundamento em sua própria imaginação”. (Encarnação de Cristo…, II 1).

“A Sabedoria, a virgem eterna, a companheira de Deus para Sua honra e alegria, torna-se cheia de DESEJO de observar as maravilhas de Deus, contidas em si mesma. Devido a esse DESEJO, as essências divinas dentro dela tornam-se ativas e atraem o santo poder; é assim que a sabedoria entra num estado de ser permanente; sua inclinação repousa no Espírito Santo. Ela simplesmente movimenta-se diante de Deus com a finalidade de revelar as maravilhas de Deus”. (Três Princípios…, XIV. 87).

“A alegria entra no estado de DESEJO com a finalidade de produzir um amor ígneo, um reino de alegria, que não poderia existir na tranquilidade”. (Assinatura…, VI. 2)

“A majestade de Deus não se revelaria com todo poder, alegria e magnificência, se não fosse pela atração causada pelo DESEJO. Do mesmo modo, não haveria luz, se o DESEJO não fosse penetrante e obscurecedor, criando um estrado de trevas, que cresce até que ocorra a ignição do fogo”. (Grace, II. 14)

“A vontade emergindo do estado de unidade (ao assumir uma posição contra a unidade, desejando seu próprio ser) entra num estado de DESEJO; esse DESEJO é magnético, ou seja, interiorizador, mas a unidade como tal é exteriorizadora; ela deseja exprimir-se, a fim de tornar-se revelada. Tendo a vontade sido expressada do estado de unidade, deseja penetrar a si mesma, de modo a alcançar sensações na unidade, e para que com isso, a unidade possa alcançar a sensação na vontade”. (Theosophical Questions, III. 9)

“A vontade é como uma vida insensível, mas encontra o DESEJO, e querendo o DESEJO se constitui num ser. A vontade é superior ao DESEJO, pois embora o DESEJO seja uma causa excitante para a vontade, a vontade é uma vida sem uma causa e é também inteligência. É, portanto, senhor do DESEJO. Ela rege a vida do DESEJO e o usa como convém. Essa vontade-espírito eterna, sabemos ser Deus, mas a vida ativa do DESEJO é a natureza eterna”. (Inner Mysterium Magnum…, I I, III 2).

Deus é desde a eternidade Poder e Luz, e é chamado Deus por causa disso, mas não de acordo com o espírito-ígneo. Quanto a esse, não falamos dele como Deus, mas como ‘a cólera de Deus’ e a parte de Seu poder que consome. A luz de Deus também possui a qualidade do fogo, mas em nela a cólera é transformada em amor; ódio e amargor doem numa humilde beneficência e doce DESEJO ou satisfação”. (Encarnação de Cristo…, I 5-16).

“A Essência eterna, desejando revelar-se a si mesma (para obter auto consciência), teve que conceber em si uma vontade; mas como em si mesma não havia objeto para sua vontade ou DESEJO, exceto o Verbo poderoso, que na eternidade tranquila não existia, os sete estados da natureza eterna tiveram que nascer ali. Daí procede então, de eternidade em eternidade, o Verbo poderoso, o poder, o coração e a vida da eternidade tranquila e de sua sabedoria eterna”. (A Vida Tríplice…, III 21).

“Assim como os órgãos do corpo do homem amam uns aos outros, o mesmo ocorre com os espíritos no poder divino. Não há nada senão ânsia, DESEJO e plenitude e cada um triunfa e regozija-se no outro”. (Aurora, IX.37).

“A primeira qualidade é o DESEJO. Ela pode ser comparada com a atração magnética, é a compreensibilidade da vontade. A vontade se concebe como algo. Por esse ato de impressão ou contração ela encobre a si mesma e se torna treva”. (Clavis, VIII. 38).

“O DESEJO é uma qualidade (contrativa) atraente, adstringente e ácida. É um poder ativo, e sem ele nada haveria senão tranquilidade. Ele se contrai e se preenche de si mesmo; mas aquilo que é atraído constitui nada mais do que trevas, um estado que é mais compacto que a vontade original, sendo essa tênue como um nada, depois se torna plena e substancial”. (A Vida Tríplice…, II. 12).

“O movimento divide e atrai o DESEJO, causando a diferenciação, o que acaba despertando a verdadeira vida”. (Clavis, VIII.30).

“O DESEJO, sendo uma forte atração, causa a liberdade etérea , que é comparável a um nada, para contrair e entrar num estado de trevas. A vontade primitiva deseja ser livre das trevas, pois deseja a luz. A vontade não pode reter essa luz, e quanto mais ela deseja a liberdade maior será a atração causada pelo DESEJO”. (Seis Pontos Teosóficos…, I 38).

“Deve haver uma oposição, pois a vontade não deseja ser trevas, e este mesmo DESEJO causa as trevas. A vontade ama o excitamento causado pelo DESEJO, mas não ama a contração e o obscurecimento. A vontade propriamente dita não se torna obscura, apenas o DESEJO que nela existe. O DESEJO está nas trevas, e, portanto uma grande angústia resulta dentro da vontade, na medida em que o DESEJO pela liberdade se fortalece, mas por esse DESEJO torna-se mais áspera e obscura”. (Quarenta Questões…).

“A terceira qualidade, a angústia, é desenvolvida da seguinte maneira: a adstringência é fixa, o movimento é volátil; uma qualidade é centrípeta, outra centrifuga; mas como são um, e não podem se separar uma da outra (nem do seu centro) tornam-se como uma roda giratória, onde uma força para cima e a outra força para baixo. A solidez fornece substancialidade e peso, enquanto o “amargor” (DESEJO em movimento) fornece espírito (vontade de liberdade) e vida volátil. Tudo isso causa uma circulação dentro e para fora, sem no entanto, ter um destino. Aquilo que a atração do DESEJO faz com que se torne fixo, torna-se novamente volátil através da aspiração por liberdade. Ocorre então a grande inquietude, comparável a uma loucura furiosa, de onde surge uma terrível angústia”. (Mysterium, III. 15).

“Os antigos diziam que no sal, súlfur e mercúrio todas as coisas estão contidas. Isso não se refere tanto às coisas materiais, mas ao aspecto espiritual de todas as coisas, ou seja, ao espírito das qualidades de onde surgem as coisas materiais. Pelo termo “sal”, compreendiam o DESEJO metálico e agudo na natureza; “mercúrio” simbolizava o movimento e diferenciação do primeiro, através do qual cada coisa torna-se objetiva e entra em formação. “Súlfur”, a terceira qualidade, significava a angústia da natureza”. (Clavis, 46).

“O fogo é originalmente, trevas, aspereza, frio eterno e secura, e não há nada nele, senão uma fome eterna. Como então se transforma em fogo? O Espírito de Deus, em seu aspecto de luz eterna, vem em auxílio da fome-ígnea. A fome origina-se da luz, porque quando o poder divino espelha-se nas trevas, essas se tornam cheias de DESEJO da luz, e esse DESEJO é a vontade (da natureza eterna). Mas a vontade ou o DESEJO na secura, não podem atingir a luz, consistindo então de angústia e súplica pela luz. Essa angústia e essa súplica persistem até que o Espírito de Deus entre como que um raio de luz”. (Três Princípios…, XI.45).

“A liberdade por meio da vontade eterna alcança as trevas, essa alcança a luz da liberdade, mas não pode retê-la. A vontade aprisiona-se pelo próprio DESEJO que há em si, tornando-se trevas. Dessas duas coisas, ou seja, da impressão de trevas e do DESEJO da luz ou liberdade, que é direcionado para as trevas, resulta o raio de luz nas trevas, a condição primitiva do fogo. Mas como a liberdade é um nada, e portanto inapreensível, não pode reter a impressão. Assim, a impressão entrega-se à liberdade; essa, por sua vez, devora a natureza obscura da impressão. Assim, a liberdade governa nas trevas, e não é compreendida por ela”. (Assinatura…, XIV. 22).

“A unidade eterna ou liberdade, per se, é de infinito amor e brandura, mas as três qualidades são ásperas, dolorosas e até mesmo terríveis. A vontade das três qualidades anseia pela unidade branda, e a unidade anseia pelo fundamento ígneo e pela sensibilidade. Assim, um penetra o outro, e quando isso ocorre o raio de luz aparece, comparável à chispa produzida pela fricção entre a pedra e o aço. É desta forma que a unidade retém a sensibilidade, e a vontade da natureza recebe a unidade suave. Assim a unidade torna-se uma fonte de fogo, e o fogo penetrado pelo DESEJO, uma fonte de amor”. (Clavis, IX. 49).

“Se a Divindade de acordo com o primeiro e segundo princípio é considerada apenas como um espírito, sem qualquer essencialidade concebível, há nela, contudo, o DESEJO de envolver um terceiro princípio, onde repousa o espírito dos dois primeiros princípios, onde se tornará manifestada como uma imagem”. (Seis Pontos Teosóficos…, I. 25).

“O fogo recebendo em si a essência do DESEJO como seu alimento, a fim de poder queimar, fornece um espírito alegre e abre o poder da humilde essencialidade na luz”. (Seis Pontos Teosóficos…, I.57).

“A Sexta forma da natureza eterna é a vida inteligente ou som. As qualidades estando num estado de equilíbrio na luz (a Quinta), agora se regozijam e tornam-se audíveis. Com isso, o DESEJO da unidade entra num estado de (consciência) querendo e atuando, percebendo e sentindo”. (Tabulae Principice, I. 48).

“Não é a sabedoria, mas o Espírito de Deus, o centro ou o revelador. Como a alma está manifestando-se num corpo através da carne, e como a carne não teria poder algum se não fosse habitada por um espírito vivo, da mesma forma a sabedoria de Deus é a corporalidade do Espírito Santo, através da qual ele adquire substancialidade, a fim de manifestar-Se. A sabedoria dá à luz, mas isso não seria possível se o Espírito não atuasse nela. Ela revela sem o poder da vida-fogo, ela não possui DESEJO ardente, mas sua satisfação encontra sua perfeição na manifestação da Divindade, e, portanto é chamada de virgem em castidade e pureza diante de Deus”. (Tilken…, II 64).

“A criação nada mais é do que a revelação do Deus insondável e essencial, e tudo o que existe em sua própria evolução eterna, que não tem princípio, também está nessa criação. Mas a criação está para Deus, assim como uma maçã está para a árvore. A maçã não é a árvore, mas cresce pelo poder da árvore. Do mesmo modo tudo tem sua origem no DESEJO divino; o DESEJO é o que o faz entrar num ser. No princípio não havia nada para produzir o todo, exceto o mistério da geração eterna (evolução)”. (Assinatura…, XVI.I).

“Originalmente o espírito é um fluxo mágico ou uma explosão de fogo, que deseja a substancialidade, ou seja, a forma. Essa é então causada pelo DESEJO, e continua a corporalizar o espírito, e o espírito passa a ser chamado de ser criado”. (Tilken… I 186).

“O centro de cada coisa é espírito, coexistindo com o Verbo. A separação (diferenciação) de algo (através da qual esse algo se distingue do resto) está na qualidade de sua vontade, através da qual assume uma forma ou estado de ser de acordo com seu próprio DESEJO essencial (predominante)”. (Cartas, XLVII. 5).

“Cada princípio é atraído pelo conhecimento e sentimentos semelhantes em seu próprio ser. Os princípios existentes na periferia atuam sobre seus princípios correspondentes no centro. Amor atua sobre amor, ódio sobre ódio; o bem é atraído pelo bem e o mal pelo mal. Se não há DESEJO mal ativo no homem, as influências malignas não podem criar raízes em seu coração. O demônio é a mais pobre de todas as criaturas. Ele não pode mudar uma folha de árvore sem que a cólera esteja presente”. (Pontos Teosóficos V. 15).

“Cada anjo que deseja viver na luz e poder de Deus deve abandonar o egoísmo da dominação do fogo no DESEJO; deve render a si e tudo o que lhe pertence à vontade de Deus; deve morrer com relação à sua vontade própria e desdobrar-se na luz do amor, como um fruto do amor divino, a fim de que a vontade-espírito (a vontade espiritual) de Deus comande sua vida”. (Stiefel 11. 49).

“O áspero e severo DESEJO movimentou-se em Lúcifer, despertando a dor e o DESEJO de angústia. Assim a bela estrela encobriu sua própria luz e pereceu, e sua legião atuou da mesma forma”. (Mysterium, IX.10).

“Se nos lançarmos no DESEJO terrestre, seremos por ele capturado, e a angústia do abismo será o nosso senhor. Mas se pelo poder de nossa vontade nos elevarmos acima deste mundo, então o mundo da vida irá capturar nossa vontade, e Deus será nosso Senhor”. (Pontos Teosóficos, VI.5)

“Pode ser que se pergunte: Por que Deus não restringiu Lúcifer do DESEJO maligno? Mas como isso poderia ser feito? Se esse ser de fogo fosse levado ainda mais para a humildade e para o amor, sua luz gloriosa se manifestaria ainda mais para ele, e sua ígnea vontade própria cresceria ainda mais com isso. Deveria Ele educá-lo punindo-o? O Objetivo de Lúcifer já era o de excitar em si a fundação mágica, e brincar com o centro das qualidades”. (Mysterium, IX.14).

“Se Moisés diz que Deus criou o homem de um monte de barro, e que soprou nele o sopro da vida, não se deve compreender com isso que Deus tenha atuado de maneira pessoal — como se fosse um homem tomando um punhado de barro para fazer um corpo; mas o Fiat, ou seja, o DESEJO do Verbo, estava contido no modelo do homem percebido eternamente, que permaneceu no espelho da sabedoria, e que extraiu os Ens (o princípio) de todas as qualidades da terra (matéria) num corpo, e essa era a quinta-essência feita dos quatro elementos”. (Grace, V. 27).

“Todas as qualidades do corpo santo e interior, juntamente com as qualidades externas, encontravam-se no homem primordial sintonizadas em uma só harmonia. Nenhuma delas vivia em seu próprio estado de DESEJO; o DESEJO de cada uma estava na alma, onde a luz divina manifestava-se. A luz divina irradiava através de todas as qualidades, produzindo nelas uma temperatura equilibrada e harmoniosa”. (Mysterium, XVI. 5).

“A luz e o poder da luz é um DESEJO, e quer possuir a nobre imagem feita à semelhança de Deus, porque foi criada para o mundo da luz. O mundo das trevas ou a cólera aguda deseja o mesmo, pois o homem tem todos os mundos em si, e há uma grande batalha ocorrendo dentro dele. Aquele princípio com o qual ele se identifica em seu DESEJO e vontade, é o que o governará”. (Tilk I 38 I).

“Sendo a alma essencial e sua substância um DESEJO, fica claro que está em dois tipos de Fiat. O primeiro é sua própria propriedade-alma; o outro pertence ao segundo princípio, emanado da vontade de Deus na alma. A alma deseja Deus, a fim de se tornar Sua imagem e semelhança; esse DESEJO de Deus atua como um Fiat em seu próprio centro; pois o DESEJO de Deus quer possuir a alma. Por outro lado, ela própria deseja possuir o centro no poder do fogo, onde a vida da alma se origina”. (Eye, VII).

“A vontade da alma é livre, e ela pode mergulhar no nada de si mesma e se conceber como o nada, quando irá despontar como um ramo da árvore da vida divina, e provar do amor de Deus; ou poderá em sua vontade-própria surgir no fogo e DESEJO de se tornar uma árvore separada”. (Quarenta Questões… II. 2).

“Todo o DESEJO do homem deveria ser colocado na luz; então a luz teria se mostrado em suas essências e DESEJO, preenchendo todas as coisas como se fosse uma só vontade”. (Tilk, I 542).

“O homem permanecia nos três princípios, que se encontravam em igual concordância dentro dele, mas não fora dele; pois o mundo de trevas tinha um DESEJO diferente daquele do mundo de luz; da mesma forma, o mundo externo tinha um DESEJO diferente daquele do mundo de trevas e do mundo de luz. Assim, a imagem de Deus estava entre os três princípios, onde todos em seu DESEJO eram condutores àquela imagem. Cada um deles queria se manifestar em Adão, para tê-lo em seu próprio regimento ou como governador, e para manifestar suas maravilhas através dele”. (Mysterium, XVII 34).

“No homem primordial, antes da queda, as qualidades para a diferenciação e auto satisfação estavam em igual poder-vontade, e o DESEJO de cada uma era introduzido na unidade de Deus. Isso provocou a inveja do demônio e ele enganou as sete qualidades da vida, despertando nelas um DESEJO pervertido, persuadindo-as de que eram boas, e que se tornariam sábias, se as qualidades de cada uma de acordo com sua espécie, entrasse em harmonia própria, e que nesse caminho o espírito provaria e reconheceria o bem e o mal”. (Tabulae Principice, 68).

“A árvore da tentação cresceu pelo poder da fome de auto conhecimento do bem e do mal. Não se pode dizer que se tratava de alguma outra espécie de produto, diferente do resto das árvores; a diferença é que estava manifestado ali o DESEJO terrestre de consciência do bem e do mal; enquanto que as outras árvores e plantas encontravam-se penetradas pelo santo e paradisíaco Mercúrio, de modo que as qualidades estavam em igual harmonia; o calor e o frio não estavam manifestados de forma separada”.(Cons. Stiefel… II. 80).

“A Razão (o raciocínio do homem) diz: ‘Por que Deus permitiu que Adão extraísse a árvore da tentação da terra, através de sua imaginação?’ O Cristo diz: ‘Se você tiver fé do tamanho de uma semente de mostarda, e disser à montanha: mova-se para o mar; assim será feito’. A alma-espírito (alma espiritual) foi produzida da onipotência divina, do centro da natureza eterna, onde todos os seres foram criados. Por que então não seria ela poderosa? Ela era uma centelha de fogo emanada do poder de Deus, mas depois de ter sido reunida num ser criado (individualizada como um organismo) deu passagem a seu próprio DESEJO egoísta, rompendo-se com o todo, causando corrupção em si mesma. O poder da alma, antes da invasão da vaidade, era tão grande que não podia ser subjugado a nada; o mesmo ocorreria agora, hoje mesmo, se a compreensão não tivesse sido retirada”. (Mysterium, XVII 41).

“A previsão divina reconheceu que o demônio estava preste a separar a humanidade, introduzindo-a no DESEJO demoníaco; portanto, Deus colocou diante dela a árvore da vida e a do conhecimento do bem e do mal; com isso deu-se início à ruptura (morte) do corpo externo. Ele assim o fez para que o homem buscasse o centro do mundo de trevas”58 (Mysterium, XVII 38).

Adão e Eva ainda tinham uma consciência paradisíaca, mas ela encontrava-se misturada com o DESEJO terrestre. Eles estavam nus, e tinham órgãos animais para procriação; mas eles não sabiam disso, nem tampouco se envergonhavam, pois o espírito do grande mundo ainda não tinha obtido o governo sobre eles antes de terem provado do fruto terrestre”. (Encarnação de Cristo… I 6 15).

“Ninguém pode afirmar que Eva, antes de ter contato com Adão, tinha sido uma virgem pura e casta, porque, tão logo Adão acordou de seu sono, ele a viu ao seu lado. Ele prontamente imaginou nela (apaixonou-se por ela). Ele a tomou para si e disse: ‘Esta é carne de minha carne e osso de meu osso. Ela se chamará mulher, pois foi extraída do homem. Do mesmo modo, Eva começou a colocar sua imaginação em Adão, e cada um acendeu o DESEJO do outro. Onde está então a pura castidade e virgindade? Isso não é animal? A imagem externa não se tornou animal?” (Quarenta Questões…, XXXVI 6).

“O demônio introduziu sua imaginação venenosa na qualidade humana. Daí resultou no homem o ardente DESEJO de provar do bem e do mal e de viver na vontade-própria; quer dizer, sua vontade deixou a harmonia da unidade e foi para a multiplicidade das qualidades. O demônio, através da serpente, representou à ele que seria como Deus, e que seus olhos se abririam; isso realmente ocorreu na queda, de modo que agora ele reconhece, prova, vê e sente o bem e o mal”69 (Mysterium XVII 37).

“A luxúria originou-se em Adão, mas esse DESEJO pervertido encontrou existência na mulher”. (Cons. Stiefel…, II 375).

“O demônio disse-lhe que o fruto não iria prejudicá-la, mas que os olhos de sua compreensão se abririam, e ela seria como Deus. Ela pensou que seria bom ser uma deusa e consentiu. Ao consentir, caiu da harmonia, da paz e da fé divina, penetrando com seu DESEJO na serpente e na astúcia, o DESEJO e a vaidade do demônio”. (Mysterium, XX 25).

“Ao contrário de Lúcifer, Adão não desejou realmente despertar o primeiro princípio; seu DESEJO era mais o de provar do bem e do mal, ou seja, a vaidade da terra”. (Mysterium, XVIII 31).

“A palavra movimentou o Fiat em todas as formas da natureza eterna, na harmonia com o mundo de luz e o mundo das trevas; assim, o DESEJO da qualidade dos dois mundos passaram a existir. Isso fez com que o bem e o mal tivessem sua origem na essencialidade, e através disso foi criado o mundo visível externo, com as estrelas e elementos como uma vida particular”. (Cons. Stiefel…, I 31).

“O demônio reside neste mundo, infectando continuamente a natureza externa; mas ele tem seu poder somente na cólera, no DESEJO amargo”. (Encarnação de Cristo…, I 2, 4).

“Como as estrelas, cheias de DESEJO, atraem para si o poder do sol, do mesmo modo o sol também penetra poderosamente as estrelas, de modo que recebem sua luz do poder do sol. As estrelas enviam novamente seu poder inflamado, como produto próprio, aos elementos”. (Grace, II 26).

“A terra está girando porque possui dois fogos, o fogo frio e o quente, e aquilo que está embaixo sempre deseja elevar-se em direção ao sol, porque a terra recebe espírito e poder unicamente do sol. Portanto, ela está girando. O fogo, seu DESEJO de luz, a faz girar, pois ela deseja ser inflamada e ter vida própria. Tendo, contudo que permanecer na morte, até que deseje e atraia a vida que está acima, abrindo seu centro para sempre receber a tintura e fogo do sol”. (A Vida Tríplice… XI 5).

“Os quatro elementos são apenas qualidades de um elemento indiferenciado. Portanto há uma grande ansiedade e DESEJO entre eles. Eles constituem interiormente um só princípio, e, portanto desejam instintivamente uns aos outros, sendo que cada um busca o princípio interior no outro”. (Clavis 106).

“Nos seres deste mundo encontramos em todo lugar dois seres em um — primeiro, um ser eterno, divino e espiritual e depois um que tem um princípio, que é natural, temporal e corruptível. O DESEJO soprado, ou seja, o amor do poder divino pela natureza, de onde a natureza e a vontade-própria se originaram — busca livrar-se da vontade natural pervertida, e está destinada, no final dos tempos, a ficar livre da ilusão adquirida, e a ser trazida para uma natureza clara e cristalina”. (Contemplations, I 30).

“Onde existe um DESEJO, existe um fogo, pois o fogo deseja substancialidade, a fim de ter algo para consumir. Ele não pode fazer para si qualquer substancialidade, mas faz uma tintura e essa tintura produz a substancialidade”. (A Vida Tríplice… VIII 33).

“A alma em sua substância é um fluxo mágico de fogo da natureza de Deus, o Pai. A alma é um DESEJO ardente pela luz. Assim, Deus o Pai, deseja seu coração, o centro de luz, de forma muito forte e desde toda a eternidade; Ele a gera em Sua vontade desejante, da qualidade do fogo”. (Quatro Complexões…, II).

“A alma possui as sete qualidades do mundo espiritual interior (modificadas) segundo a natureza; mas o espírito não tem qualidade alguma; ele está fora da natureza e na unidade de Deus. Através de sua natureza ígnea, o espírito se manifesta na alma, pois é a verdadeira semelhança de Deus, uma ideia através da qual o próprio Deus age e reside, providenciando que a alma penetre com seu DESEJO em Deus, rendendo-Lhe a sua vontade. Se isso não ocorre, então essa ideia, ou espírito, permanece mudo e inativo, como uma pintura no espelho que some e não tem substância, como foi o caso de Adão em sua queda”. (Tabulae Principice, 66).

“A alma é per se um fogo-tortura, e contém em si o primeiro princípio, a acidez áspera, que tem por seu objeto o fogo. Se deste nascimento (evolução) for extraída da alma a humildade e o amor de Deus, ou se ela tornar-se fortemente contaminada pela matéria (DESEJO material grosseiro) ela permanecerá sendo uma dureza severa, consumindo-se e, no entanto, gerando continuamente nova ânsia em sua vontade própria”. (Encarnação de Cristo…, I 2).

“Aquilo que a imaginação do espírito penetra se torna expresso na forma corporal através da impressão do DESEJO espiritual. Portanto, Deus ordenou a Adão, quando ele ainda estava no Paraíso, para não se alimentar, com sua imaginação, da árvore do conhecimento do bem e do mal, para que não mergulhasse no sofrimento e na morte, morrendo para o reino do céu, como tem ocorrido atualmente”. (Baptism I 22).

“A qualidade terrestre, que se encontrava no Paraíso numa condição não manifestada, manifestou-se através do DESEJO da alma. Disso resultou o calor e o frio, a vida-veneno de toda adversidade, a supremacia do corpo, de modo que a bela imagem do Céu e do Paraíso desapareceu de vista”. (Cons. Stiefel…. II 83).

“O tempo tem um começo e um fim, e como a vontade, com seu DESEJO, permite ser rodeada pelo guia temporal, o corpo morre e perece da mesma forma”. (Assinatura…, V 9).

“A serpente (do DESEJO) disse a Eva: ‘Você não irá morrer, mas teus olhos serão abertos, e você será como Deus’. Que seus olhos se abriram, é verdade; contudo, seus olhos celestiais se fecharam”. (Cons. Stiefel… I 44).

“Adão era uma completa imagem de Deus, macho e fêmea, não separados, mas puro como uma casta virgem. Ele tinha em si o DESEJO (poder) do fogo e da luz, a mãe do amor e da cólera, e o fogo dentro dele amava a luz, recebendo dela quietude e beneficência; enquanto que a luz amava o fogo como sendo a sua vida, do mesmo modo que Deus,em Sua qualidade de Pai, ama o Filho e o Filho ama o Pai”. (Cons. Stiefel…, II 35 I).

“A mãe-água deseja ardentemente a mãe-fogo, e busca pela criança do amor. Do mesmo modo, a mãe-fogo busca a criança na mãe-água, fazendo com que ambos os sexos possuem um forte DESEJO de se misturar com o outro”. (Três Princípios…, VIII 42).

“A luxúria, contudo, sem ser enobrecida pelo amor conjugal afetuoso, é meramente um DESEJO animal e pecaminoso; se alguém procura no casamento unicamente a gratificação sexual, não é superior a um animal”. (Três Princípios…, XX 64).

“Se um casal gera filhos, a imaginação ou DESEJO deles (durante o ato sexual) não é santo, e a nobre parte da alma envergonha-se disso. Há até animais que se envergonham deste ato. Mesmo em seu melhor aspecto a performance é desagradável diante da santidade daquilo que é divino, pois foi causado pelo pecado em consequência da degradação do primeiro homem, mas sendo pacientemente submetido por aquilo que é divino no homem, porque é uma necessidade de seu presente estado animal”118 (Cons. Stiefel…, II 396).

“O DESEJO de conjunção nos homens e mulheres resulta da separação da tintura do fogo e da luz em Adão. Esses princípios em sua própria essência são ainda mais nobres e puros que a carne. É verdade que agora estão separados, e não contém a verdadeira vida; mas estão cheios de DESEJO por aquela vida verdadeira, e quando se encontram novamente na unidade de todos os seres, despertam a verdadeira vida para qual seu DESEJO está direcionado. Querem ser novamente o que eram na imagem de Deus quando Adão era homem e mulher” (Cons. Stiefel…, II 388).

“Quando as duas tinturas se juntam em uma, a qualidade do reino eterno da alegria, o DESEJO mais elevado e sua plenitude, manifesta-se. Se isso pudesse ser feito na pureza, sem a mistura daquilo que causa desgosto, então tudo seria santo; mas mesmo o súlfur (o elemento terrestre) da semente é uma causa de desgosto aos olhos da verdadeira santidade”. (Cons. Stiefel…, II 402).

“A vontade chamada à ação, durante o ato conjugal é ternária. Primeiro surge entre os pais da criança o DESEJO animal que se mistura, e durante essa mistura o centro do amor se abre, mesmo se tivessem insatisfeitos um com o outro. Esse amor participa nas qualidades de um elemento, e esse elemento com o paraíso; mas o paraíso está diante de Deus”. (Três Princípios…, XV 30).

“Quando Deus disse: ‘Eu colocarei inimizade, e a semente da mulher esmagará a cabeça da serpente’, então a santa voz partiu de Iahweh para a enfraquecida substância celestial da mulher com o propósito de introduzir ali um novo estado celestial e vivo, e conquistar a inflamada cólera de Deus através do mais exaltado amor divino, fazendo com que a monstruosidade e seu DESEJO fosse inteiramente morto e exterminado”. (Mysterium, XXIII 29, 37).

“Ouça e veja qual era o DESEJO de Adão e Eva antes e depois da queda. Eles desejaram o reino terrestre e a mente de Eva estava direcionada para as coisas terrestres. Quando ela deu à luz a Caim, disse: ‘Eu tenho o Homem, o Senhor’. Ela pensou que ele era aquele cujo calcanhar esmagaria a cabeça da serpente, afastaria o demônio. Ela não pensou que deveria morrer quanto a sua vontade carnal, terrestre e falsa e renascer na vontade divina. Tal vontade (egoísta) ela carregaria com sua semente, e Adão, da mesma forma, resultando a vontade na essência-alma.145 A árvore produziu um galho de sua própria natureza, pois os pensamentos de Caim tiveram a mesma propensão, tornando-se senhor desta terra. Quando Caim viu que Abel era maior do que ele no amor de Deus, sua vontade animal livre surge com o propósito de matar Abel, pois ele preocupava-se apenas com a possessão do mundo externo, e de ser seu senhor, enquanto Abel procurava apenas o amor de Deus”. (Mysterium, XXVI 23).

“Depois da queda, Iahweh pronunciou o nome de Jesus em Adão numa vida real; ele o manifestou no ser celeste, enfraquecido por conta do pecado. Em consequência desse pronunciamento, houve um despertar da morte espiritual ou do estado de morte, onde Adão havia mergulhado; um DESEJO divino foi novamente despertado, era o princípio da fé. Esse mesmo DESEJO separou-se da qualidade do falso DESEJO, formou uma imagem e Abel veio à existência; mas Caim era o produto da qualidade da alma de Adão, de acordo com sua luxúria terrestre”. (Grace, IX 101).

“Com relação ao seu estado humano externo, Abel também foi pecador; mas em seu interior o mundo angélico e a imagem do Paraíso, floresciam. Então o homem interior colocou seu calcanhar sobre o monstro-serpente do falso DESEJO, e por outro lado, o monstro-serpente mordeu o calcanhar de sua vontade Angélica” (Mysterium, XXVIII 2).

“Os gentis adoravam o sistema planetário e os quatro elementos; eles tinham o conhecimento de que esses regiam a vida externa de todas as coisas. Assim, através da palavra concebida intelectualmente penetravam a igualmente a palavra concebida e formada (manifestada). Por outro lado, o espírito da palavra formada da natureza tornou-se parte deles, sendo que um intelecto passava para o outro. O intelecto humano movimentou a inteligência com a alma do mundo externo tão longe o DESEJO deste permitiu, e através desta inteligência (que reside na luz astral ou mente do mundo externo) o espírito profético para fora do Espírito de Deus indicando a eles, como que nos tempos futuros a palavra formada da naturezxa externa se manifestaria na construção e na destruição dos reinos, etc. Fora desta alma do mundo, os gentis recebiam respostas através de suas imagens e ídolos, porque a fé que introduziram neles tão fortemente, os movimentavam; esta não foi, portanto, uma total obra do demônio, como”. supunham aqueles que, nada sabendo sobre os mistérios, tornam o demônio responsável por tudo, enquanto ignoram até mesmo o que Deus e o diabo são”. (Mysterium, XXXVII 10-13).

“Os gentis ficaram com sua magia própria. Aqueles que deixaram o DESEJO da corrupção e penetraram a luz da natureza, porque não conheciam à Deus, mas que, no entanto, viviam na pureza, eram filhos da vontade livre, e neles o espírito da liberdade desenvolveu grandes maravilhas, como pode ser visto nas obras da sabedoria que deixaram”. (Terrestrial and Celestial Mysterium, VIII.9).

“Todo sacrifício sem fé e DESEJO divino é uma abominação diante de Deus, e não alcança o portão da glória divina; mas se o homem penetrar ali com o poder da fé, renderá ao ato sua vontade livre e seu DESEJO, e através desta instrumentalidade, penetrará a vontade livre e eterna de Deus”. (Mysterium, XXVII 13).

“Por que os irmãos (Caim e Abel) desejaram fazer sacrifício a Deus, sendo que o pacto só é encontrado no sincero DESEJO pela misericórdia de Deus, na oração e no convencimento do próprio homem da necessidade de abandonar sua vontade própria e demoníaca, da necessidade de transformar e arrepender-se e de trazer sua fé e esperança para a misericórdia de Deus? A vontade livre da alma é tênue como um nada; ainda que seu corpo (material) esteja envolvido por algo (substancial), sua essência concebida e própria encontra-se num estado de falso DESEJO, devido ao pecado. Se, então, essa vontade livre, com seu DESEJO (acompanhada pelo) deve atuar em direção a Deus, terá, em primeiro lugar, que se projetar de seu próprio algo ilusório, e toda vez que de lá se projetar, estará nua e impotente, e novamente dentro do nada original. Se a vontade deseja penetrar em Deus, deve morrer para seu próprio egoísmo e deixar o (eu) ilusório; toda vez que a vontade abandona o eu, fica como que nada e não pode agir, lutar ou realizar nada. Se a vontade deseja mostrar seu poder, deve estar dentro de algo onde possa conceber e formar a si mesma, como é o caso da fé; pois, se há uma fé ativa, então essa fé deve conceber algo (ter algum objeto) onde possa agir. Até mesmo a vontade livre de Deus concebeu a si mesma (tem como objeto) o mundo espiritual interno, através do qual atua. Assim, a vontade livre da alma do homem, tendo sua origem no abismo (a vontade incognoscível e primordial), deve conceber a si mesma em algo, a fim de manifestar-se e movimentar-se diante de Deus”. (Mysterium, XXVII. I 4-6).

“O Verbo da promessa, que era para os judeus uma espécie de antítipo, ou como uma imagem no espelho, onde o pai colérico imaginou e onde extinguiu Sua cólera, começou a se movimentar essencialmente, como se não tivesse se movimentado desde a eternidade; pois, quando o anjo Gabriel trouxe a Maria a mensagem de que teria um filho, e quando ela expressou seu DESEJO dizendo: ‘Que seja feita a tua vontade’, o centro da Santíssima Trindade movimentou-se; isso quer dizer que, a virgindade eterna perdida por Adão, se abriu nela, no Verbo da vida. O fogo do amor divino no ser de Maria, na essência virginal corrompida em Adão, fora novamente restaurado”. (Encarnação de Cristo…, I 8, 3. 4).

“Quando o Verbo pronunciado de Deus na qualidade humana aprisionou-se no Redentor, a essencialidade que havia morrido em Adão, mas que se tornou novamente viva em Cristo, clamou juntamente com a alma: ‘Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonastes?’ Isso significa que a cólera de Deus havia penetrado, através da qualidade da alma, a imagem da essencialidade divina, e que havia absorvido a imagem de Deus, porque era essa a imagem da serpente na alma ígnea, a cabeça da cólera de Deus, para transformar seu poder ígneo na vida-sol eterna. Como uma vela se extingue ao queimar-se, e assim como desta morte surge a luz e o poder, da mortificação e da morte de Cristo havia que surgir o sol divino e eterno na qualidade humana. Assim, havia que morrer, neste caso, não só o egoísmo da qualidade humana, ou seja, a vontade-própria da alma com relação à (seu DESEJO pela) vida no poder do fogo, e se perder na imagem do amor; mas, essa mesma imagem do amor havia que penetrar a cólera da morte, a fim de que tudo mergulhasse na morte e através da morte e da humildade perfeita, e na vontade e misericórdia de Deus, surgisse novamente na substancialidade paradisíaca, a fim de que o espírito de Deus pudesse ser tudo em tudo”. (Assinatura…, XI 87).

“Quando o Cristo derramou Seu sangue celestial, o DESEJO ígneo aceso na humanidade transformou-se em desejo-amor, e da angústia da morte nasceu a alegria e a força do poder divino”. (Assinatura…, XI 5).

“Para se produzir um verdadeiro Cristão, não basta satisfazer-se com uma crença meramente histórica e científica, no Filho de Deus, que um dia viveu sobre a terra. Não seremos recompensado por uma espécie de Deus externo, que nos atribuirá retidão, por conta de nossa confissão em tal crença; mas, o reconhecimento da verdade divina deve nascer e ser recebida dentro de nós de forma pueril. A carne está condenada à morte, e temos que nos tornar como uma criança que nada sabe, mas que se apega (instintivamente) a mãe que lhe deu à luz. Da mesma forma, a vontade do Cristão deve morrer para a sua vontade própria e auto afirmação, tornar-se como uma criança em Cristo. Então, se a vontade e o DESEJO da alma é dirigido unicamente à sua fonte, irá surgir do espírito de Cristo uma nova vontade e obediência na justiça divina, a partir da morte da vontade-própria; não mais será uma vontade pecadora”. (Regeneração, I).

“A regeneração espiritual, não depende de aprendizado ou conhecimento científico; é preciso haver uma intensa e poderosa sinceridade, uma grande fome e sede pelo Espírito de Cristo. A ciência pura não é fé; a fé é uma intensa fome e sede por aquilo que DESEJO, de modo que se forma numa imagem dentro de mim, e pela avidez de minha imaginação torna-se minha propriedade. Essa fome e DESEJO moldam a substância de Cristo, sendo ele a substância celestial, na imagem enfraquecida, onde a palavra do poder de Deus é a vida ativa”.

“A vontade necessária para realizar a oração é fraca na medida em que estiver em nosso poder o fato de orarmos ou não, mas se ela atua pelo poder divino ela se torna desperta, ígnea, e cheia de DESEJO. Dentro deste DESEJO o próprio Deus está atuando. Assim, o homem fala com Deus em verdade, e Deus fala em verdade com a alma do homem”. (Oração…, XXIX).

“A mera repetição de palavras, sem a exaltação do pensamento e do DESEJO divino é unicamente algo externo. Nada agrada a Deus exceto aquilo que Ele próprio faz”. (Oração…, I 2).

“Através da introdução da vontade divina o homem reúne-se a Deus e renasce em sua natureza emocional. Ele começa a morrer com relação ao egoísmo do falso DESEJO (dentro dele) e a se regenerar em novo poder. Ainda há a qualidade carnal atraída a ele, mas no espírito ele caminha com Deus; desta forma, nasce no homem de carne terrestre um novo homem espiritual com percepções divinas e com uma vontade divina, matando dia após dia, a luxúria da carne, e pelo poder divino, começa a render o mundo, ou seja, a vida externa; Ele começa a fazer com que o céu, ou o mundo espiritual interior, se torne visível no mundo externo; Deus torna-se homem e o homem Deus, até que a árvore, finalmente, atinja a sua perfeição, quando a casca externa irá cair, e ela aparecerá como árvore espiritual da vida no jardim de Deus”. (Mysterium, Supplement, VIII).

“Ninguém deve se imaginar seguro após ter obtido a coroa de pérolas, pois pode perdê-la novamente. A alma, durante sua vida terrestre, está acorrentada por três temerosas correntes. Primeiro pela severa cólera de Deus, o abismo e as trevas do mundo, que é o centro da vida criada da alma, cuja raiz mais íntima é o DESEJO. A segunda corrente é a ânsia ígnea do demônio pela alma, que tenta a alma e busca, incessantemente, tirá-la do repouso da verdade divina para cair na vaidade, no orgulho, na avareza, na inveja e na raiva; através destas propensões malignas, ele procura ventilar o fogo na alma, a fim de que se afaste de Deus e penetre o egoísmo. Mas a terceira e mais perigosa corrente é a do corpo e do sangue, corruptíveis, fúteis, terrestre e mortal, cheios de desejos e inclinações malignas, juntamente com a região astral (plano astral), onde, como num grande oceano, a alma está flutuando, o que a faz ser, diariamente, inflamada e infectada pelo pecado”. (Três Princípios…, XXV 7).

“Enquanto o homem terrestre viver a alma estará em contínuo perigo, pois o demônio tem uma inimizade com ela, lançando seus raios com uma falsa imaginação no espírito das estrelas e dos elementos; ele alcança, assim o fogo-alma, e deseja envenená-la com um DESEJO terrestre e demoníaco. A nobre imagem deve, neste caso, (na consciência interna do homem) levantar-se em defesa; muita luta pela coroa dos anjos se faz necessária, e sempre surge ali, dentro do velho Adão, dúvidas e descrenças”. (Encarnação de Cristo…, XI. 6).

“As crianças iluminadas de Deus são amedrontadas por grandes perigos; muitas das que desfrutaram da grande visão da santidade de Deus, nas quais o triunfo da vida é alcançado, a razão carnal se espelha ali e busca introduzir seu egoísmo no centro interior, de onde a luz brilha. Disso resulta o orgulho miserável e o auto conceito; a razão egoísta — sendo, mais que nada, um reflexo da luz eterna — fantasia ser mais do que isso. Ela pensa agora poder fazer o que quer, e que, o que quer que faça, é a vontade de Deus fazendo por ela, acredita ser um profeta. No entanto, ela não penetra lugar algum, senão com seu próprio ser, e se movimenta com seu próprio DESEJO, através do qual o centrum naturae logo começa a aparecer. Surge então, o demônio da bajulação e o homem se torna embriagado pelo auto conceito, persuadindo a si mesmo que é Deus quem o compele a agir de tal forma. É assim que ele arruína o bom princípio, durante o qual a luz de Deus começa a brilhar na Natureza, e a luz de Deus o abandona. Nada fica, senão a luz da natureza exterior na criatura, mas o convencimento se manifesta e fantasia ser ela a luz original recebida de Deus”. (Quietude…, I 8).

“O DESEJO é a introdução (da vontade) em algo, e do DESEJO resulta a formação de um ser corpóreo (no plano astral). Ali está oculta a fonte do pecado. É muito mais fácil afastar o DESEJO do que destruir o corpo (formado pela ação). Isso é muito difícil. Portanto, é aconselhável que se volte os olhos para longe dos maus desejos, para que a tintura (o princípio da vida) não penetre a essência e a mente não seja preenchida por eles, pois é através da mente que o DESEJO se torna substancial, o que exigirá uma ruptura (forçada)”. (Três Princípios…, XX 28).

“Muito mais fácil é destruir o DESEJO do que destruir depois a substância com grandes dores. Se a vontade livre, já no começo (de um DESEJO) destrói o DESEJO, a fim de que ele não se torne substancial, então o médico (para a cura da doença) já nasceu, não haverá a necessidade de grande empenho, como é preciso para aquele que quer sair da companhia de monstros que ele mesmo criou, a fim de destruir o ser que ele trouxe à forma dentro de sua própria alma”. (Mysterium, XXIV 25).

“É uma grande tolice para o homem anelar o que não é seu (mas sim um mero atrativo para o ser com o qual está ligado durante sua carreira terrestre), e introduzir em seu DESEJO aquilo que o infecta de doenças, e que por último lhe conduz para longe de Deus, excluindo-o em corpo e alma de seu estado celestial”. (Mysterium, XXIV 16).

“O comer demais e a intoxicação causam o pecado, porque a vontade pura que emana do fogo-vida fica aprisionada e afogada no DESEJO, o que torna o homem impotente na batalha”. (Seis Pontos Teosóficos…, CXI 29).

“O homem interior mata continuamente o exterior através do amor e doçura de Deus, a fim de que o externo não possa introduzir na alma-fogo seu DESEJO terrestre venenoso, que está infectado pelo demônio; mas o homem exterior não pode ser inteiramente destruído, pois se isso ocorresse o reino deste mundo o deixaria inteiramente”. (Cons. Stiefel…, I 51).

“Não me alegro por viver em meu próprio senso do eu, mas porque no meu eu estou na morte de Cristo e estou morrendo perpetuamente, e DESEJO morrer inteiramente com relação ao meu egoísmo, e viver inteiramente em Deus, a fim de nada ser, senão um instrumento de Deus, e não querer saber mais nada sobre meu eu (separado)”. (Cons. Stiefel…, XI 527).

“Aquele que espera realizar algo bom e perfeito, onde possa regozijar-se eternamente e disso desfrutar, que saia de seu egoísmo e vontade-própria e penetre a submissão na vontade de Deus. Mesmo que o DESEJO terrestre pelo egoísmo o perseguir em sua carne e sangue, se sua vontade-alma não é infectada por aquele DESEJO do eu, tal eu não será capaz de produzir nada; pois a vontade interna da alma, repousando na submissão de Deus, destrói continuamente a essência da auto afirmação, e desta forma a cólera de Deus não pode alcançá-la. Se a cólera atingisse a essência, então a vontade submetida surgiria ali com seu poder, e permaneceria ali, firme, diante de Deus, como um produto da vitória que irá herdar a infância”. (Quietude…, XI I).

“Cara alma, se desejas a luz de Deus, e também a luz deste mundo, se desejas alimentar seu corpo (e mente), e (ao mesmo tempo) busca os mistérios de Deus, faça aquilo que o próprio Deus faz. Um olho de sua alma olha a eternidade, o outro a natureza. Esse busca continuamente no DESEJO e cria um espelho atrás do outro. Que assim seja. Assim deve ser, pois Deus assim o quer. Mas o olho voltado para a eternidade não pode se voltar para o DESEJO (longe de Deus); é através dele que se busca virar o outro para si mesmo, e não deixá-lo se desviar de ti; ou seja, não deixe ele se afastar do olho que mira a liberdade. Coloque sua vontade naquilo que está fazendo, lembrando de que é um servo da vinha de Deus; quer dizer, do Eterno; mergulhe sua vontade a cada instante na humildade diante de Deus; então sua imagem irá caminhar na humildade com sua vontade na majestade de Deus, e será iluminada perpetuamente pela triunfante luz de Deus”. (Quarenta Questões…, XII 28).

“A vontade, entregue a Deus diz: ‘Senhor, se é Vosso DESEJO que eu esteja na prisão ou na miséria, assim desejarei estar. Se me levas ao inferno, convosco irei, pois Vós estais no Céu. Se eu tiver unicamente a Vós, porque me preocuparia com o céu ou com o inferno? Mesmo que meu corpo e minha alma pereçam, em Vós devo permanecer e Vós em mim. Ao Vos possuir, tenho tudo o que quero. Usa-me segundo a Vossa vontade”. (Mysterium, LXVI).

“Se teu domínio sobre todas as criaturas é apenas exterior (através de meios externos), sua vontade encontra-se numa qualidade animal, e teu governo é do tipo exterior, lidando apenas com formas. Seu DESEJO será então levado para uma essência animal, que irá te infectar e capturar, e irás receber qualidades animais. Mas se deixares aquilo que está relacionado unicamente com a forma, serás superior a ela, e capaz de governar sobre todas as criaturas, no fundamento, onde foram criadas”. (Vida Suprasensual…, VIII).

“Se não permitires que nada penetre teu DESEJO, serás livre de todas as coisas e terás poder sobre todas elas. Não terás nada em tua receptividade, e serás como um nada para todas as coisas, e todas as coisas serão como um nada para você, no mesmo sentido que Deus governa sobre todas as coisas e tudo vê; mas, não há nada que o compreenda”. (Vida Suprasensual…, IX).

“Por teu próprio poder não há como manter a tranquilidade, que nenhuma criatura pode alcançar. Deves te entregar completamente à vida de nosso Senhor Jesus Cristo, oferecendo a Ele toda tua vontade própria e DESEJO, a fim de que não desejes nada fora Dele. Estarás então neste mundo e em suas qualidades, no que concerne ao teu corpo. Com tua vontade estarás nos pés da Cruz de Cristo, e com tua vontade irás caminhar no céu, no ponto de onde surgem todas as criaturas, e para onde todas retornarão”. (Vida Suprasensual…, IX).

“Se a alma-fogo não se tornou substancial no Espírito de Deus, nem buscou esta substância em seu DESEJO, é então um fogo negro, queimando em grande angústia e terror, pois há em sua constituição apenas as quatro qualidades inferiores da natureza. Se a vontade nada tem do poder divino da verdadeira humildade, não poderá haver em nela penetração da vida através da morte; a alma fica como uma roda viva furiosa, buscando continuamente elevar-se, enquanto se afunda cada vez mais do outro lado. Há neste estado, com certeza, uma espécie de fogo, mas não uma combustão, pois ali governa uma severa dureza e amargor. O amargor busca o fogo e quer aumentá-lo; mas a acidez o mantém aprisionado, o que resulta uma terrível ansiedade que assemelha-se a uma roda viva, girando perpetuamente em torno de si mesma”. (Quarenta Questões…, XVIII 14).

“Se a vontade interna batalha a cada instante, diariamente, contra as qualidades demoníacas que a aflige, apaziguando-as e não permite que tomem substância em si, ao mesmo tempo em que as qualidades malignas perturbam a pessoa, não permitindo que ela atue sempre com sua boa vontade, essa pessoa deve acreditar e saber, com certeza, que o fogo de Deus está queimando dentro dela e tentando tornar-se luz; e quando quer que o corpo maligno com sua condição maligna é rompido, a fim de não mais impedir que a centelha flamejante queime, então o fogo divino, em sua essência, irá queimar numa chama, e a imagem divina será reconstituída de acordo com a qualidade mais forte que aquela pessoa tenha introduzido em seu DESEJO”. (Seis Pontos Teosóficos…, VII 41).

“Se um homem tem um DESEJO constante por Deus; se seu DESEJO é tão poderoso a ponto de possibilitá-lo a parar e voltar-se para a humildade, as essências malignas, quaisquer que sejam, começarão a queimar; se ele puder resignar a todas as coisas que neste mundo brilham e enganam; se puder fazer o bem no lugar do mal; se é poderoso o bastante para dar aos necessitados tudo o que pertence ao exterior, seja dinheiro ou bens; e se está pronto a desertar todas as coisas por causa de Deus, penetrando um estado de miséria com esperança certa no eterno; se nele surgir o poder divino, para que possa despertar ali o reino da alegria e provar Deus; tal pessoa carrega consigo a imagem divina com a essência celestial mesmo durante sua vida terrestre, a imagem em que Jesus nasce da virgem. Ele não irá morrer eternamente, mas simplesmente irá deixar o reino terrestre abandoná-lo, este que foi, durante essa vida, uma oposição e um impedimento com o qual Deus o cobriu”. (Seis Pontos Teosóficos…, VII 44).

“Aquelas almas sinceras que operaram as maravilhas de Deus em Sua vontade aos pés da Cruz, tendo recebido o corpo de Deus, ou seja, do Cristo, e que caminharam ali em justiça e verdade, todos os seus feitos também o seguirão, em sua forte vontade e DESEJO, e experimentam um enorme prazer no amor e misericórdia de Deus, pelos quais estão continuamente rodeados. As maravilhas de Deus são seu alimento; elas vivem na glória, poder, força e majestade além de qualquer descrição”. (A Vida Tríplice…, XVIII 12).

“Aquele que ajuda o degradado abençoa a si próprio, pois ele deseja tudo de bom, e ora à Deus para abençoá-lo em corpo e alma. Assim seu DESEJO e benção retornam a quem doou no Mysterium, ele é por elas rodeado e seguido, como uma boa obra nascida em Deus. Esse é o tesouro que o homem leva com ele; seus tesouros terrestres ele terá que deixar para trás”. (Encarnação de Cristo…, CXI 4).

“Não é possível descrever, por antecipação, o tipo de purgatório que tal alma terá que passar; através de sua pequena chama (de amor), ela pode penetrar na vida eterna. O mundo não acreditaria em tal descrição; o mundo é muito esperto, e muito cego para compreender. As pessoas sempre se apegam à letra. DESEJO, por Deus, que ninguém passe por essa experiência; Prefiro ficar quieto e não falar nada sobre o assunto”. (Quarenta Questões…, XVIII).

“Sabemos que a comunidade de Cristo tem grande poder de redimir uma alma, por fazerem seu trabalho sinceramente, como se fazia entre os primeiros Cristãos, quando ainda eram pessoas santas e sacerdotes santos em existência. Eles, com certeza, tinham sucesso, mas não aqueles que afirmam possuir as chaves e que poderiam libertar as almas do purgatório, segundo a sua vontade e segundo a quantidade de dinheiro que recebem por isso. Para tais pessoas, seria melhor que nunca recebessem dinheiro algum, para que não se apegassem à ele com seu DESEJO”. (Quarenta Questões…, XXIV 12).

“A oração dos vivos para os mortos são úteis na medida em que os que oram sejam verdadeiros Cristãos (em seus corações), num estado de regeneração. Se a pobre alma não se tornou inteiramente brutalizada num verme ou animal, mas se ela ainda penetra em Deus com seu DESEJO, estando, portanto conectada à Ele pelo fio da regeneração, e se a alma-espírito daqueles que oram, juntamente com a pobre alma volta-se para Deus em fervoroso amor, então a primeira irá auxiliar a segunda no combate contra os elementos das trevas e romper as correntes do demônio. Isso é especialmente possível na hora”da separação do espírito do corpo, e eminentemente no caso de pais, filhos ou parentes de sangue; pois entre aqueles que estão ligados entre si pelo sangue as tinturas entram mais facilmente na harmonia necessária (co-vibração), e então o espírito fica mais propenso a entrar na batalha, havendo mais facilidade de conquistar do que se apenas estranhos estiverem presentes. Tudo isso é porém inútil, a menos que estas pessoas estejam, elas próprias num estado de regeneração, pois um demônio não pode destruir a outro. Se a alma do moribundo está inteiramente separada daquilo que a liga a Cristo, e se ela não alcança por seus esforços próprios está ligação. as orações dos outros não valem de nada”. (Três Princípios…, XIX 55).

“Aprenda a conhecer o guia do mundo interior e também o guia do mundo exterior, é conhecer a escola mágica dos dois mundos. Então nossa mente estará livre da desilusão, pois na desilusão não há perfeição. O espírito deve ser capaz de alcançar o mistério. O Espírito de Deus deve ser o guia no DESEJO do homem. Sem isso o homem estará simplesmente no mistério exterior, no céu externo da constelação, que frequentemente incita e guia a alma humana; mas ele não possui a escola de magia divina, que só existe numa mente infantil e simples”. (Epistl. XI 62).

“A alma, em sua vestimenta astral, flutuando nas portas da profundeza, passa por grandes dificuldades, devido ao seu estado terrestre, e pelo poder que pertence à sua constituição astral, ela pode reaparecer em sua forma corpórea prévia, pedindo algo, tal como era seu DESEJO antes da morte, buscando obter repouso; ela pode também ir a lugares assombrados e tentar manifestar sua presença na luz, de acordo com seu espírito sideral, produzindo ruídos de várias espécies”.

“Não há mais do que dois reinos movendo-se no homem. Um é o reino de Deus, onde está o Cristo, desejando-o; o outro é o reino do inferno, onde está o demônio, desejando-o também. A pobre alma terá que batalhar, pois está no meio. Cristo oferece a ela o novo manto, e o demônio as roupas do pecado; sempre que o homem tem um bom pensamento ou DESEJO por Deus, desejando entrar em verdadeira sintonia (tornar-se um com o Divino), esse pensamento, com certeza, não vem dele, mas do amor de Deus, e a nobre virgem o chama para que venha, e para que não desistas de seus esforços. Mas, se neste caminho, o homem se depara com seus grandes pecados, que tentam dete-lo como montanhas, de modo que não encontra paz em seu coração, isso é, com certeza obra do diabo, que o faz pensar que Deus não quer ouvi-lo. Nestes momentos não deixe que nada te detenha ou te terrifique; pois o demônio é teu inimigo. Está escrito que se os pecados dos homens fossem vermelhos como sangue eles se arrependessem verdadeiramente, os mesmos se tornariam brancos como a neve”. (Princípios, XXIV 34).

Deus é o centro do homem, mas ele reside apenas em si mesmo, a menos que o espírito do homem torne-se um espírito com Deus; neste caso, ele se tornará manifesto na natureza humana, na alma, na mente e no DESEJO, por onde se tornará perceptível aos sentidos interiores do homem. A vontade envia os sentidos para Deus, e Deus grava os sentidos e se torna um ser com eles. Então, os sentidos passam a carregar o poder de Deus para a vontade, e a vontade os recebe com gratidão, mas com tremor; pois reconhece ser indigna e sabe que vem de uma morada instável. Assim, ela recebe aquele poder ao mergulhar-se diante de Deus e de seu triunfo surge a doce humildade. Essa é a verdadeira essência de Deus, e essa essência concebida na vontade é o corpo celestial, e é chamado de fé verdadeira e justa, recebida pela vontade, no poder de Deus. Ela mergulha na mente e reside no fogo da alma”. (Menschw. X 8).

“A Fêmea deseja o macho, e a Lua busca o Sol; pois ela é de natureza material, e deseja um coração celeste. Assim, a matriz feminina deseja o coração do homem e a alma feminina deseja sua tintura; pois a alma é um bem eterno. Assim, existe o DESEJO sexual entre todas as criaturas; elas desejam misturar-se uma com as outras. O corpo não compreende isso, nem tampouco o espírito-ar; mas, as duas tinturas, a masculina e a feminina, conhecem muito bem”. (A Vida Tríplice…, IX 106).