Boehme: demônio

“Por que não podemos ver a Deus? Este mundo e o DEMÔNIO (bem pervertido) na cólera de Deus nos impedem de ver com os olhos de Deus. Não há outro impedimento. Se alguém diz: ‘Não posso ver nada divino’, precisa compreender que a carne e o sangue e as artimanhas do DEMÔNIO (desejos pervertidos) consistem um obstáculo e impedimento para ele. Se ele pretende penetrar a nova vida, caminhar sob a cruz de Cristo, é preciso ter certeza de ver o Pai, seu redentor, o Cristo e também o Espírito Santo”. (Encarnação de Cristo…, II,7).

“Se alguém deseja me seguir, que não seja intoxicado pelos pensamentos e desejos terrestres, mas que seja cingido pela espada do Espírito, pois terá que descer à terrível profundidade, por não dizer ao meio do reino do inferno. É muito duro lutar contra o DEMÔNIO entre o céu e a terra, por ele ser um poderoso senhor. Durante tais batalhas passei por experiências amargas, que encheram meu coração de dor. Frequentemente o sol desaparecia da minha vista, mas depois surgia novamente e quanto mais o sol se punha, mais lindo, claro e magnífico era o seu raiar”. (Aurora, XIII. 20).

“É dito que Deus é tudo, que Ele está no céu e na terra, e também no mundo externo; tal afirmação é verdadeira, de certa forma; porque tudo se origina em Deus e de Deus. Mas de que serve essa doutrina, que não é uma religião? Tal doutrina foi aceita pelo DEMÔNIO, que queria se manifestar e ser poderoso em todas as coisas”. (Tilken… I.140).

“Saiba que o DEMÔNIO sempre luta com os anjos. Quando a alma do homem está segura em Deus, então o DEMÔNIO deseja entrar, mas ele é impedido, não podendo realizar a sua vontade. Sempre que a alma imagina, fazendo com que surjam os desejos luxuriantes, ocorre a vitória do DEMÔNIO”. (A Vida Tríplice…, XIV.13).

“Cada princípio é atraído pelo conhecimento e sentimentos semelhantes em seu próprio ser. Os princípios existentes na periferia atuam sobre seus princípios correspondentes no centro. Amor atua sobre amor, ódio sobre ódio; o bem é atraído pelo bem e o mal pelo mal. Se não há desejo mal ativo no homem, as influências malignas não podem criar raízes em seu coração. O DEMÔNIO é a mais pobre de todas as criaturas. Ele não pode mudar uma folha de árvore sem que a cólera esteja presente”. (Pontos Teosóficos V. 15).

“O DEMÔNIO era um anjo; seu dever era colocar sua imaginação (fé) na luz de Deus. Nesse caso teria recebido a substancialidade divina em sua imaginação e sua luz permaneceria luminosa. A fonte fogo teria permanecido naquela essência e qualidade; ele teria permanecido um anjo”. (Tilk I. 187).

“A qualidade adstringente foi a primeira assassina, ao perceber que o ser gerava uma bela luz, ela se contraiu de forma ainda mais dura do que quando Deus a criou. A segunda qualidade, a segunda assassina, partiu com grande força para a qualidade adstringente, como se quisesse transformar seu corpo em pedaços. O calor ou o terceiro espírito assassino matou sua mãe, a água doce. O som surgiu tão furioso que soou como um trovão; pretendia com isso, provar sua própria nova divindade; o fogo surgiu como um terrível raio de luz. Assim, o corpo todo se transformou num vale escuro; não houve conforto, nem ajuda. O amor transformou-se em inimigo, e o anjo da luz tornou-se um escuro DEMÔNIO de trevas”. (Aurora, XIV. 19-25).

“Quando Lúcifer provou ser tal tirante e corruptor de tudo o que era bom, todo o exército dos céus se voltou contra ele, que também se voltou contra todas as coisas. Então, a batalha começou, e o arque-príncipe Miguel com suas legiões lutou contra ele, e o DEMÔNIO com suas legiões, nada conquistaram; ele foi afastado de sua posição como alguém que fora conquistado”. (Aurora, XVI. 9).

“O céu está no inferno, e o inferno está no céu, e, no entanto, nenhum deles está revelado ao outro. Mesmo se o DEMÔNIO estivesse viajando por muitos milhares de quilômetros, a fim de chegar ao céu, ele permaneceria sempre no inferno. Assim, os anjos não enxergam as trevas; eles só enxergam a luz do poder divino; mas os demônios só enxergam as trevas da cólera de Deus”. (Mysterium, VIII. 28).

“Que nenhum homem pense que está no poder do DEMÔNIO arrancar de seu coração as obras produzidas pela luz. Ele nem pode vê-las e nem compreender o que são. Portanto, mesmo se na mais externa geração, o DEMÔNIO se enfurece e causa tempestade, enquanto você não transferir os produtos da cólera para a luz do seu coração, sua alma será salva de ser prejudicada pelo DEMÔNIO, pois ele é cego e surdo na luz”. (Aurora, XIX.97).

“Na eterna sabedoria, ou melhor, dizendo, na natureza eterna, a queda do DEMÔNIO (e também do homem) fora prevista antes da criação do mundo”. (Três Princípios…, IX.22).

“Nisso consiste a queda de Lúcifer; ele despertou a mãe do fogo e quis governar sobre a benevolência, no coração de Deus. Esse fogo é agora seu inferno; mas esse inferno foi capturado por Deus através do céu, ou seja, a mãe da água. Pois enquanto a localidade desse mundo dera para queimar por conta própria, Deus movimentou-se para criar, e criou a água. Disso resultou o oceano e a insondável profundeza aquosa. Foi o que ocorreu em Sodoma e Gomorra, pois quando o pecado era grande e o DEMÔNIO habitava ali, desejando manifestar seus poderes, Deus permitiu que o príncipe desse mundo acendesse aqueles cinco reinos, para ali ser senhor e ter sua morada. Deus pensava em destruir seu orgulho; Ele fez com que a água chegasse até lá, e desta forma extinguiu sua glória”. (A Vida Tríplice… VIII. 24).

“Ao dizer: ‘Que haja a Luz’, o santo poder concebido juntamente com a cólera, movimentou-se, fazendo com que o poder do DEMÔNIO fosse completamente extraído dele, em sua essência”. (Mysterium, XII. 14).

“No tempo da criação de uma nova luz, o sol foi despertado nesse mundo tornado corrupto por Lúcifer, o que afastou o esplendor do DEMÔNIO. Ele foi enclausurado nas trevas como um prisioneiro, entre o reino de Deus e o reino deste mundo; ele não tem mais o que governar nesse mundo, exceto na Turba, onde a cólera e a fúria de Deus estão despertadas”. (Encarnação de Cristo…, I. 2).

“No homem primordial, antes da queda, as qualidades para a diferenciação e auto satisfação estavam em igual poder-vontade, e o desejo de cada uma era introduzido na unidade de Deus. Isso provocou a inveja do DEMÔNIO e ele enganou as sete qualidades da vida, despertando nelas um desejo pervertido, persuadindo-as de que eram boas, e que se tornariam sábias, se as qualidades de cada uma de acordo com sua espécie, entrasse em harmonia própria, e que nesse caminho o espírito provaria e reconheceria o bem e o mal”. (Tabulae Principice, 68).

“A previsão divina reconheceu que o DEMÔNIO estava preste a separar a humanidade, introduzindo-a no desejo demoníaco; portanto, Deus colocou diante dela a árvore da vida e a do conhecimento do bem e do mal; com isso deu-se início à ruptura (morte) do corpo externo. Ele assim o fez para que o homem buscasse o centro do mundo de trevas”58 (Mysterium, XVII 38).

“Quando Adão deixou Deus e penetrou o egoísmo, Deus permitiu que um grande sono caísse sobre Adão. Se não fosse por estas circunstâncias, ele poderia, em todo seu egoísmo, ter até mesmo se tornado um DEMÔNIO, pelo poder do fogo”. (Cons. Stiefel… II 363).

“Quando o DEMÔNIO viu que a luxúria residia em Adão, ele agiu ainda mais poderosamente sobre o Salitre em Adão, e o infectou mais fortemente. Era tempo de Deus construir-lhe uma esposa, quem mais tarde faria com que o pecado fosse cometido, aquela que comeu do fruto do pecado. Ao contrário, se Adão houvesse comido da árvore antes da mulher ter sido feita dele, teria sido bem pior”. (Aurora, XVII 21)

“Quando Adão e Eva encontravam-se no Paraíso como homem e mulher, ainda em posse de uma essência celeste, ainda que misturada (com materialidade), o DEMÔNIO não podia suportar, pois sua inveja era grande. Então, depois que Adão foi trazido à queda e privado de sua forma Angélica e viu que Eva era sua esposa, o DEMÔNIO pensou que eles pudessem gerar filhos no Paraíso e lá permanecerem. Ele se convenceu de seduzi-los a comer do fruto proibido, a fim de que com isso se tornassem terrestres”. (Encarnação de Cristo…, I 7).

“O DEMÔNIO introduziu sua imaginação venenosa na qualidade humana. Daí resultou no homem o ardente desejo de provar do bem e do mal e de viver na vontade-própria; quer dizer, sua vontade deixou a harmonia da unidade e foi para a multiplicidade das qualidades. O DEMÔNIO, através da serpente, representou à ele que seria como Deus, e que seus olhos se abririam; isso realmente ocorreu na queda, de modo que agora ele reconhece, prova, vê e sente o bem e o mal”69 (Mysterium XVII 37).

“O DEMÔNIO misturou mentiras e verdades, e disse aos primeiros seres humanos que seriam como Deus. Ele deixou isso claro, segundo o primeiro princípio da cólera; mas sobre o paraíso ele nada falou”. (Três Princípios… XVII 96).

“A substância da serpente, seu aspecto celestial, era um grande poder, assim como havia um grande poder no DEMÔNIO, pois ele era um príncipe de Deus. Desta forma, ele introduziu sua esperteza e mentiras num forte estado de vontade, a fim de que a humanidade se iludisse e o visse como se fosse seu próprio Deus”. (Mysterium XX 16).

“A imaginação do DEMÔNIO envenenou a substância da serpente, a fim de que essa, em consequência da divisão de seus poderes, estava em unidade paradisíaca, adquirisse a formação de uma serpente. A serpente passou a ser usada como seu instrumento”. (Cartas, XXXIX 21).

“O DEMÔNIO disse-lhe que o fruto não iria prejudicá-la, mas que os olhos de sua compreensão se abririam, e ela seria como Deus. Ela pensou que seria bom ser uma deusa e consentiu. Ao consentir, caiu da harmonia, da paz e da fé divina, penetrando com seu desejo na serpente e na astúcia, o desejo e a vaidade do DEMÔNIO”. (Mysterium, XX 25).

“O DEMÔNIO penetrou o fundamento ígneo com a sua imaginação, mas Adão penetrou a qualidade aquosa”. (Assinatura…, VII 4).

“A natureza, até o dia do julgamento, tem duas qualidades inerentes; uma é amorosa, celestial e santa; a outra, colérica e demoníaca. A qualidade boa trabalha com grande diligência a fim de produzir bons frutos sob a influência do Espírito Santo; do mesmo modo, a qualidade demoníaca trabalha com o propósito de produzir frutos demoníacos, recebendo poder e incitamento do DEMÔNIO”. (Aurora, Preface X 10).

“O DEMÔNIO reside neste mundo, infectando continuamente a natureza externa; mas ele tem seu poder somente na cólera, no desejo amargo”. (Encarnação de Cristo…, I 2, 4).

“A queda abriu no homem uma porta para a cólera de Deus, conhecida como, inferno. As garras do DEMÔNIO se abriram; o reino da ilusão fora criado”. (Grace, VII 7).

“Se investigarmos a substância da alma e suas essências, veremos que é o que há de mais áspero no homem; ela é ígnea, ácida e amarga. Se ela perde inteiramente a virgem do poder divino que a acompanha, e da qual a luz de Deus (na alma) nasce, então começa a ser um DEMÔNIO”. (Três Princípios…, XIII 30).

“Aquilo que as pessoas maliciosas deste mundo fazem, dentro de sua malignidade e falsidade, também é feito pelo DEMÔNIO no mundo das trevas”. (Seis Pontos Teosóficos…, IX 18).

“Cada pessoa causa sofrimento a uma outra, sendo, portanto, o seu DEMÔNIO”. (A Vida Tríplice…, XVII 10).

“Não foi por nada que Deus soprou nas narinas de Adão o espírito externo, a vida externa. Adão teria se tornado um DEMÔNIO, tal como Lúcifer, mas o espelho externo evitou tudo isso”. (Quarenta Questões… XVI 2).

“Se a matéria deste mundo (o imaginário da natureza externa) fosse rompida, como será um dia, no futuro, a alma permaneceria na morte eterna, nas trevas. A bela criatura (a imagem viva) seria capturada pelo reino do inferno, e o DEMÔNIO triunfaria sobre ela”. (A Vida Tríplice…, VIII 38).

“Uma árvore má não pode produzir bons frutos. Se os dois pais são maus e estão no poder do DEMÔNIO, uma alma inclinada ao mal será semeada. Seria bom que os pais lembrassem disso. Eles guardam dinheiro para seus filhos, mas se pudessem provê-los de uma boa alma, isso seria bem mais útil”. (Quarenta Questões…, X 7-9).

“Assim que Adão manifestou em si o centro da cólera, Deus instituiu oposição ao DEMÔNIO, e manifestou nele o poder que esmaga a cabeça da serpente, o qual, anteriormente, quando o pecado ainda não havia aparecido, encontrava-se oculto (latente) no poder de Deus, e em Jesus como o amor de Deus, na unidade divina”. (Cons. Stiefel…, II 161).

“A expressão interior do DEMÔNIO, a que lhe deu origem, ocorreu em Adão enquanto ele ainda era homem e mulher, sem ser nem um nem outro, mas uma imagem de Deus. De Adão penetrou em Eva, que começou a pecar. Ocorreu então a expressão interior de Deus, primeiro em Eva, como mãe da humanidade, e através dela se opôs à consciência do pecado que havia começado a se manifestar em Adão”. (Grace, VII 47).

“Ouça e veja qual era o desejo de Adão e Eva antes e depois da queda. Eles desejaram o reino terrestre e a mente de Eva estava direcionada para as coisas terrestres. Quando ela deu à luz a Caim, disse: ‘Eu tenho o Homem, o Senhor’. Ela pensou que ele era aquele cujo calcanhar esmagaria a cabeça da serpente, afastaria o DEMÔNIO. Ela não pensou que deveria morrer quanto a sua vontade carnal, terrestre e falsa e renascer na vontade divina. Tal vontade (egoísta) ela carregaria com sua semente, e Adão, da mesma forma, resultando a vontade na essência-alma.145 A árvore produziu um galho de sua própria natureza, pois os pensamentos de Caim tiveram a mesma propensão, tornando-se senhor desta terra. Quando Caim viu que Abel era maior do que ele no amor de Deus, sua vontade animal livre surge com o propósito de matar Abel, pois ele preocupava-se apenas com a possessão do mundo externo, e de ser seu senhor, enquanto Abel procurava apenas o amor de Deus”. (Mysterium, XXVI 23).

“Os gentis adoravam o sistema planetário e os quatro elementos; eles tinham o conhecimento de que esses regiam a vida externa de todas as coisas. Assim, através da palavra concebida intelectualmente penetravam a igualmente a palavra concebida e formada (manifestada). Por outro lado, o espírito da palavra formada da natureza tornou-se parte deles, sendo que um intelecto passava para o outro. O intelecto humano movimentou a inteligência com a alma do mundo externo tão longe o desejo deste permitiu, e através desta inteligência (que reside na luz astral ou mente do mundo externo) o espírito profético para fora do Espírito de Deus indicando a eles, como que nos tempos futuros a palavra formada da naturezxa externa se manifestaria na construção e na destruição dos reinos, etc. Fora desta alma do mundo, os gentis recebiam respostas através de suas imagens e ídolos, porque a fé que introduziram neles tão fortemente, os movimentavam; esta não foi, portanto, uma total obra do DEMÔNIO, como”. supunham aqueles que, nada sabendo sobre os mistérios, tornam o DEMÔNIO responsável por tudo, enquanto ignoram até mesmo o que Deus e o diabo são”. (Mysterium, XXXVII 10-13).

“Adão deveria tomar posse do trono real de Lúcifer, pois este havia se voltado contra Deus. Daí resulta a grande inveja e rancor do DEMÔNIO contra a humanidade. Dai origina-se também a tentação de Cristo no deserto, porque o Cristo deveria tomar posse do trono que o DEMÔNIO exigia, para quebrar seu poder, e se tornar o juiz que o rejeitaria eternamente”. (Grace, VI 13).

“Depois que a alma de Cristo recebeu o pão celeste, era preciso observar se ela se manifestaria no poder do fogo da vaidade, ou, se plena de humildade, se manteria unicamente no coração e na vontade de Deus, entregando Sua alma e se tornando um anjo da humildade. Nota-se aqui, a astúcia do DEMÔNIO, pois ele toma as Escrituras e diz: ‘Os anjos irão conduzi-lo sobre suas mãos’. Esta passagem tem sido mal aplicada, pois não se refere ao corpo físico, mas à alma. Isso ele quis introduzir no orgulho, para que se confiasse em ‘ser carregado pelos anjos’; mas o Redentor disse: ‘Também está escrito: Tu não tentarás o Senhor teu Deus’. Desta forma, ele venceu o orgulho do DEMÔNIO para penetrar a humildade e o amor de Seu Pai celestial”. (Três Princípios…, XXII 108).

“Após o DEMÔNIO ter falhado por duas vezes, ele se aproximou com a última e poderosa tentação (dizendo) que lhe daria todo o mundo se ajoelhasse e o adorasse. Adão já havia estado ansioso pela possessão deste mundo; ele desejou torná-lo seu; mas ao proceder desta forma, Adão afastou-se de Deus e foi capturado pelo espírito deste mundo. Agora, o segundo Adão havia que se submeter à essa tentação do primeiro Adão. Havia que ser testado se a alma permaneceria com o homem novo, santo e celestial, vivendo na graça de Deus ou no espírito deste mundo. Mas a alma de Cristo disse ao DEMÔNIO: “Afasta-te de mim, Satã! Pois está escrito: ‘Deves adorar ao Senhor teu Deus, e Servir à Ele unicamente!’. Assim, o valente guerreiro conquistou, e o DEMÔNIO teve que partir; tudo o que é terrestre foi superado pelo Cristo. Agora o Senhor está acima da lua, e tem todo o poder no céu e no inferno; Ele é Mestre da vida e da morte. Ele deu início ao Seu reino sacerdotal com sinais e milagres. Ele transformou a água em vinho, tornou são o doente, fez com que o cego enxergasse, e o coxo andasse e até despertou o morto para a vida. Ele se sentou na cadeira de Davi e passou a ser o verdadeiro sacerdote na ordem de Melquisedeck”. (Três Princípios…, XXII 3).

“A morte estava lutando com o homem externo (com a vida do), pensando que agora, a alma deveria permanecer na Turba; mas havia um forte poder na alma, ou seja, o Verbo de Deus. Esse verbo capturou a morte e a destruiu, extinguindo a cólera. Trava-se de um grande veneno para o inferno quando a luz o penetrou, e o Espírito de Cristo aprisionou o DEMÔNIO, conduzindo-o da alma-fogo para as trevas, trancando-o ali, na dureza colérica e no amargor”. (Quarenta Questões…, XXXVII 13 — 15).

“A alma de Cristo veio com a luz de Deus para a cólera, e os demônios tremeram; pois a luz aprisionou a cólera, e Sua alma tornou-se um paraíso, enquanto que a cólera permaneceu no inferno. A luz encerrou o princípio do inferno, de modo que nenhum DEMÔNIO tem a permissão de aparecer na luz. Mas isso ele também não vê, e a luz é seu terror e sua vergonha”. (Tree Princípios, XXV79).

“Ninguém deve se imaginar seguro após ter obtido a coroa de pérolas, pois pode perdê-la novamente. A alma, durante sua vida terrestre, está acorrentada por três temerosas correntes. Primeiro pela severa cólera de Deus, o abismo e as trevas do mundo, que é o centro da vida criada da alma, cuja raiz mais íntima é o desejo. A segunda corrente é a ânsia ígnea do DEMÔNIO pela alma, que tenta a alma e busca, incessantemente, tirá-la do repouso da verdade divina para cair na vaidade, no orgulho, na avareza, na inveja e na raiva; através destas propensões malignas, ele procura ventilar o fogo na alma, a fim de que se afaste de Deus e penetre o egoísmo. Mas a terceira e mais perigosa corrente é a do corpo e do sangue, corruptíveis, fúteis, terrestre e mortal, cheios de desejos e inclinações malignas, juntamente com a região astral (plano astral), onde, como num grande oceano, a alma está flutuando, o que a faz ser, diariamente, inflamada e infectada pelo pecado”. (Três Princípios…, XXV 7).

“Se uma pessoa está na ansiedade do inimigo, e a picada da morte e da raiva move-se dentro dele, tornando-o avarento, invejoso, raivoso e irritável, não se deve permanecer na essência maligna; é preciso parar, considerar e atrair (da fonte eterna) uma outra vontade, ou seja, a vontade de sair da malícia e penetrar na liberdade de Deus, onde há perpétuo repouso e paz. Se sua angústia provar da liberdade, então a tortura da angústia ficará terrificada, e neste terror de morte, será destruída; pois esse terror serve de grande satisfação e consiste num assassinar a vida de Deus. Por esse intermédio, o ramo de pérolas aparece, e o homem permanece numa alegria trêmula, mas também em grande perigo, pois a morte e a tortura da angústia são sua raiz; do mesmo modo, a angústia na natureza externa possui a qualidade que sai do DEMÔNIO, ou seja, da angústia nasce grande vida. Da natureza, por exemplo, um belo ramo verde cresce, tendo, é claro, uma constituição, um odor e um estado diferente (de vida) daquele que o produziu” (Encarnação de Cristo…, XI 8).

“A pobre alma está tão cega que nem mesmo reconhece as pesadas correntes às quais está atada. Todo o mundo está cheio de armadilhas arrumadas pelo DEMÔNIO, com o propósito de capturá-la. Se o homem exterior tivesse seus olhos (espirituais) abertos, ficaria aterrorizado. Tudo o que o homem vê ou toca, ali há uma armadilha do DEMÔNIO, e se o Verbo do Senhor, tendo se tornado humano, não estivesse ocupando o meio, o DEMÔNIO capturaria e devoraria todas as almas”. (Encarnação de Cristo…, XI 6).

“Enquanto o homem terrestre viver a alma estará em contínuo perigo, pois o DEMÔNIO tem uma inimizade com ela, lançando seus raios com uma falsa imaginação no espírito das estrelas e dos elementos; ele alcança, assim o fogo-alma, e deseja envenená-la com um desejo terrestre e demoníaco. A nobre imagem deve, neste caso, (na consciência interna do homem) levantar-se em defesa; muita luta pela coroa dos anjos se faz necessária, e sempre surge ali, dentro do velho Adão, dúvidas e descrenças”. (Encarnação de Cristo…, XI. 6).

“Mesmo depois que a jóia preciosa é semeada, ela não se torna imediatamente uma árvore. O DEMÔNIO, frequentemente, sopra sobre ela, desejando exterminar a semente de mostarda. A alma tem que enfrentar muitas tormentas. Normalmente ela se engana com o pecado, e tudo parece estar contra ela. É preciso lutar continuamente contra o DEMÔNIO. Então a árvore de pérola irá crescer como a relva na tempestade e na chuva; mas quando ela cresce e dá flores, se pode ter a certeza de obter os frutos”. (Três Princípios…, XXIV 37).

“As crianças iluminadas de Deus são amedrontadas por grandes perigos; muitas das que desfrutaram da grande visão da santidade de Deus, nas quais o triunfo da vida é alcançado, a razão carnal se espelha ali e busca introduzir seu egoísmo no centro interior, de onde a luz brilha. Disso resulta o orgulho miserável e o auto conceito; a razão egoísta — sendo, mais que nada, um reflexo da luz eterna — fantasia ser mais do que isso. Ela pensa agora poder fazer o que quer, e que, o que quer que faça, é a vontade de Deus fazendo por ela, acredita ser um profeta. No entanto, ela não penetra lugar algum, senão com seu próprio ser, e se movimenta com seu próprio desejo, através do qual o centrum naturae logo começa a aparecer. Surge então, o DEMÔNIO da bajulação e o homem se torna embriagado pelo auto conceito, persuadindo a si mesmo que é Deus quem o compele a agir de tal forma. É assim que ele arruína o bom princípio, durante o qual a luz de Deus começa a brilhar na Natureza, e a luz de Deus o abandona. Nada fica, senão a luz da natureza exterior na criatura, mas o convencimento se manifesta e fantasia ser ela a luz original recebida de Deus”. (Quietude…, I 8).

“Há dois tipos de vontade a serem distinguidas na constituição do homem. Uma surge com o lírio e cresce no reino de Deus; a outra afunda nas trevas da morte e desejos pela terra, sendo ela sua mãe. Essa irá lutar contra o lírio, constantemente, e o lírio voa para longe de sua aspereza. Um broto cresce da terra, e assim a substância da qual é formada voa da terra e é atraída para a luz do sol até se tornar uma planta ou uma árvore. Então o Sol divino atrai o lírio humano, ou seja, o novo homem em seu poder, fora da substância do DEMÔNIO, até que ele finalmente se torne uma árvore no reino de Deus. Ele deixa a árvore má ou a casca cair na terra, sua mãe que tanto busca, para deixar crescer a nova árvore”. (Encarnação de Cristo…, XI 8).

“O homem interior mata continuamente o exterior através do amor e doçura de Deus, a fim de que o externo não possa introduzir na alma-fogo seu desejo terrestre venenoso, que está infectado pelo DEMÔNIO; mas o homem exterior não pode ser inteiramente destruído, pois se isso ocorresse o reino deste mundo o deixaria inteiramente”. (Cons. Stiefel…, I 51).

“Um Cristão sincero, nada quer saber sobre sua própria santidade; ele só vê suas imperfeições, nas quais o DEMÔNIO batalha contra ele. Suas imperfeições estão sempre diante de si, mas sua santidade ele não conhece enquanto viver nesta terra. Essa santidade encontra-se oculta pelo Cristo, aos pés de Sua Cruz, a fim de que o DEMÔNIO não a perceba”. (A Vida Tríplice…, XV).

“A alma é como uma pessoa que sonha estar em grande angústia e tortura, buscando alguma coisa que a alivie, sem poder encontrar. Ela então se desespera, e não encontrando saída rende-se ao seu condutor (ao impulso interior que a conduz), para que este faça com ela o que quiser. Assim, a alma abandonada cai no poder do DEMÔNIO, onde não pode, e nem lhe é permitido seguir suas inclinações; mas o que quer que o DEMÔNIO faça, ela também é compelida a fazer. É desta forma que ela se torna um inimigo de Deus, e facilmente ergue-se ali o orgulho e o fogo sobre o trono principesco dos anjos. Na terra e em seu corpo físico ela se fazia de tola; agora, ela continua sendo tola e traquina, e seja qual for a bobagem que cometeu na vida, é o que agora passará a representar. A própria tolice é seu tesouro, e isso é, como diz o Cristo, seu coração e sua vontade”. (A Vida Tríplice…, XVIII 10).

“A alma condenada penetra magicamente na essência incrédula e dela desfruta, e instruem pessoas durante o sono sobre como realizar todos os tipos de enganos, pois está a serviço do DEMÔNIO. Se uma pessoa fraca (sinceramente) deseja algo, o DEMÔNIO está pronto para ajudar, pois pode mais facilmente atuar através da alma de um ser humano do que por si mesmo”. (Quarenta Questões…, XXVI 18).

“A oração dos vivos para os mortos são úteis na medida em que os que oram sejam verdadeiros Cristãos (em seus corações), num estado de regeneração. Se a pobre alma não se tornou inteiramente brutalizada num verme ou animal, mas se ela ainda penetra em Deus com seu desejo, estando, portanto conectada à Ele pelo fio da regeneração, e se a alma-espírito daqueles que oram, juntamente com a pobre alma volta-se para Deus em fervoroso amor, então a primeira irá auxiliar a segunda no combate contra os elementos das trevas e romper as correntes do DEMÔNIO. Isso é especialmente possível na hora”da separação do espírito do corpo, e eminentemente no caso de pais, filhos ou parentes de sangue; pois entre aqueles que estão ligados entre si pelo sangue as tinturas entram mais facilmente na harmonia necessária (co-vibração), e então o espírito fica mais propenso a entrar na batalha, havendo mais facilidade de conquistar do que se apenas estranhos estiverem presentes. Tudo isso é porém inútil, a menos que estas pessoas estejam, elas próprias num estado de regeneração, pois um DEMÔNIO não pode destruir a outro. Se a alma do moribundo está inteiramente separada daquilo que a liga a Cristo, e se ela não alcança por seus esforços próprios está ligação. as orações dos outros não valem de nada”. (Três Princípios…, XIX 55).

“Está Escrito que é muito difícil um homem rico entrar no reino dos céus. Isso não se refere à posse de bens, mas a uma vida vã e avarenta; pois enquanto o homem engorda, Deus é esquecido. Ninguém deve imaginar ser abençoado por ser pobre. Se ele é um incrédulo e descrente, está então no reino do DEMÔNIO, além de sua pobreza. Nem o homem rico deve jogar fora seu dinheiro, nem dá-lo ao gastador, pensando com isso alcançar a benção eterna. O reino de Deus está na verdade, na justiça, e no amor para com os necessitados. Ele não condena ninguém que use apropriadamente o que tem. Não se deve deixar o cetro e ficar num canto lamentando-se. Isso não passa de hipocrisia. Você pode servir muito melhor a lei da justiça e ao reino de Deus, mantendo seu cetro, protegendo o fraco e oprimido e trabalhando pelo certo e pelo justo; não segundo sua avareza, mas no amor e temor de Deus”. (Princípios, XXV 74).

“Se queres seguir o caminho (da luz), é preciso grande sinceridade. Não pode ser só palavras e pretensão, enquanto o coração encontra-se longe; pois deste modo nada conseguirás. É preciso unificar toda sua mente, com todos os seus sentidos e razão, em uma só vontade, se queres ser restaurado e sair de suas abominações. É preciso colocar seu sentido em Deus, em Sua caridade, com plena confiança e segurança, então irás conseguir. Se o DEMÔNIO em ti disser: ‘Não pode ser, és um grande pecador’, não se deixe aterrorizar, pois ele é um mentiroso, e o pai da dúvida”.

“Não há mais do que dois reinos movendo-se no homem. Um é o reino de Deus, onde está o Cristo, desejando-o; o outro é o reino do inferno, onde está o DEMÔNIO, desejando-o também. A pobre alma terá que batalhar, pois está no meio. Cristo oferece a ela o novo manto, e o DEMÔNIO as roupas do pecado; sempre que o homem tem um bom pensamento ou desejo por Deus, desejando entrar em verdadeira sintonia (tornar-se um com o Divino), esse pensamento, com certeza, não vem dele, mas do amor de Deus, e a nobre virgem o chama para que venha, e para que não desistas de seus esforços. Mas, se neste caminho, o homem se depara com seus grandes pecados, que tentam dete-lo como montanhas, de modo que não encontra paz em seu coração, isso é, com certeza obra do diabo, que o faz pensar que Deus não quer ouvi-lo. Nestes momentos não deixe que nada te detenha ou te terrifique; pois o DEMÔNIO é teu inimigo. Está escrito que se os pecados dos homens fossem vermelhos como sangue eles se arrependessem verdadeiramente, os mesmos se tornariam brancos como a neve”. (Princípios, XXIV 34).

“Assim, a joia preciosa é semeada; mas, lembra-te bem, ela não se transforma imediatamente em árvore. O DEMÔNIO irá, frequentemente, insinuar-se e tentará destruir a semente de mostarda; a alma terá sempre que suportar pesadas tormentas, e ser coberta com as sombras de seus pecados. Mas, se há uma batalha constantemente contra os poderes do DEMÔNIO, então a árvore irá crescer e florir, e tu obterás o fruto”. (Três Princípios…, XXIV 37).

“O nada, onde o DEMÔNIO reside. A dúvida é a negação daquela fé que é Deus. É o resultado do egoísmo e da cegueira que não permite ao homem reconhecer a possessão do que ele já tem”. (A Vida Tríplice…, XIV 41).

“Naquela qualidade em que cada palavra na voz humana no ato do pronunciamento se forma e se manifesta, até no amor de Deus, assim como nos santos Ens, ou na cólera de Deus; na mesma qualidade ele irá ser tomado novamente, após ter sido pronunciado. A palavra falsa torna-se infectada pelo DEMÔNIO, e selada pelo (futuro) detrimento, e é recebida no Mysterium da cólera, como na qualidade do mundo de trevas. Cada coisa retorna com seu Ens para aquele lugar de onde teve sua origem”. (Mysterium Magnum, XXII 6).