Boehme: cólera

“Por que não podemos ver a Deus? Este mundo e o demônio (bem pervertido) na CÓLERA de Deus nos impedem de ver com os olhos de Deus. Não há outro impedimento. Se alguém diz: ‘Não posso ver nada divino’, precisa compreender que a carne e o sangue e as artimanhas do demônio (desejos pervertidos) consistem um obstáculo e impedimento para ele. Se ele pretende penetrar a nova vida, caminhar sob a cruz de Cristo, é preciso ter certeza de ver o Pai, seu redentor, o Cristo e também o Espírito Santo”. (Encarnação de Cristo…, II,7).

“Eu nunca desejei saber nada sobre os mistérios divinos, nem compreendo como posso busca-los ou encontrá-los. Tudo o que busquei foi o coração de Jesus Cristo (o centro da verdade), onde devo me ocultar e encontrar a proteção da temível CÓLERA de Deus; peço a Deus sinceramente que me conceda o Seu Espírito Santo e a Misericórdia, que Ele possa me abençoar, conduzir e afastar de mim tudo o que nos separa, a fim de que eu não viva em minha vontade própria, mas na Dele. Engajado nessa busca e nesse desejo sincero, a porta me foi aberta, de modo que em um quarto de hora, vi e aprendi mais do que se estivesse estudado por muitos anos nas universidades.” (Cartas, XII 6,7).

Deus é desde a eternidade Poder e Luz, e é chamado Deus por causa disso, mas não de acordo com o espírito-ígneo. Quanto a esse, não falamos dele como Deus, mas como ‘a CÓLERA de Deus’ e a parte de Seu poder que consome. A luz de Deus também possui a qualidade do fogo, mas em nela a CÓLERA é transformada em amor; ódio e amargor doem numa humilde beneficência e doce desejo ou satisfação”. (Encarnação de Cristo…, I 5-16).

“Os sete candelabros na Revelação de São João referem-se aos sete espíritos na Divindade, também as sete estrelas. Os sete espíritos estão no centro do pai, o seja, no poder do Verbo. O Verbo transforma a CÓLERA em doce satisfação e lhe confere a forma de um oceano cristalino; ali os sete espíritos aparecem numa forma que queima, como sete tochas luminosas”. (A Vida Tríplice…, III 46).

“O fogo, atraindo para si a humilde essencialidade da luz, emana, através da CÓLERA da morte, o humilde espírito que ali estava, o qual contém em si as qualidades da natureza”. (Tilken…, I. 171).

“O Deus Trino e eterno criou todas as coisas através do Verbo, de Seu próprio Ser, ou seja, de Seus dois aspectos ou qualidades: a natureza eterna, a fúria ou CÓLERA, e de Seu amor, através do qual, a CÓLERA ou ‘natureza’ era pacificada. Assim, Ele tudo criou, fazendo com que tudo adquirisse uma existência”. (Stief. II. 33).

“Nenhum espírito criado pode existir sem o mundo-ígneo. Até mesmo o amor de Deus não existiria, se a CÓLERA de Deus, ou o mundo do fogo, não existisse Nele; pois a CÓLERA ou o fogo de Deus é a causa da luz, força, poder e onipotência. (Stief. II. 4)”.

“A CÓLERA (o fogo) é a raiz de todas as coisas e a origem de toda vida; nela está a causa de toda força e poder, e dela emanam todas as maravilhas (manifestação de poder). Sem aquele fogo não haveria consciência, mas tudo seria um mero nada”. (Três Princípios… XXI. 14).

“Quando Deus criou os anjos, o príncipe do fogo e da luz se manifestou. Seu espírito ou vida-angústia (consciência) tem sua origem no fogo. Ele foi então passado pela luz, tornando-se ali a angústia do amor, através da qual a CÓLERA foi extinta”. (Encarnação de Cristo…, I 3-10).

“Cada princípio é atraído pelo conhecimento e sentimentos semelhantes em seu próprio ser. Os princípios existentes na periferia atuam sobre seus princípios correspondentes no centro. Amor atua sobre amor, ódio sobre ódio; o bem é atraído pelo bem e o mal pelo mal. Se não há desejo mal ativo no homem, as influências malignas não podem criar raízes em seu coração. O demônio é a mais pobre de todas as criaturas. Ele não pode mudar uma folha de árvore sem que a CÓLERA esteja presente”. (Pontos Teosóficos V. 15).

“Os quatro princípios inferiores sem a luz eterna são o abismo, a CÓLERA de Deus, e inferno. A luz desses princípios é o terrível raio de luz, onde devem despertar a si próprios”. (A Vida Tríplice…, II. 50).

“O céu está no inferno, e o inferno está no céu, e, no entanto, nenhum deles está revelado ao outro. Mesmo se o demônio estivesse viajando por muitos milhares de quilômetros, a fim de chegar ao céu, ele permaneceria sempre no inferno. Assim, os anjos não enxergam as trevas; eles só enxergam a luz do poder divino; mas os demônios só enxergam as trevas da CÓLERA de Deus”. (Mysterium, VIII. 28).

“Como os demônios, levados pela concepção e devassidão, incendiaram-se a si próprios, foram completamente expulsos da geração da luz, e não podem concebê-la ou compreendê-la em toda eternidade. No entanto, a habitação de Lúcifer ainda não está completada, porque em todas as coisas nesse mundo ainda há amor e CÓLERA residindo juntas, batalhando uma contra a outra. Aquelas coisas ou seres ainda não perceberam a luta da luz, mas somente a luta das trevas”. (Aurora, XVIII.32).

“Há sempre dois reinos (estados a serem distintos nos elementos) em um reina o amor emanado de Deus, e no outro Sua CÓLERA. Os demônios residem unicamente no reino da CÓLERA, onde estão encerrados com a noite eterna, e não podem entrar em contato com os bons poderes dos elementos”. (Questões Teosóficas, XIII. 7).

“Que nenhum homem pense que está no poder do demônio arrancar de seu coração as obras produzidas pela luz. Ele nem pode vê-las e nem compreender o que são. Portanto, mesmo se na mais externa geração, o demônio se enfurece e causa tempestade, enquanto você não transferir os produtos da CÓLERA para a luz do seu coração, sua alma será salva de ser prejudicada pelo demônio, pois ele é cego e surdo na luz”. (Aurora, XIX.97).

“A imagem do ser criado foi vista na sabedoria, com seus aspectos de CÓLERA e amor. Aqui também o Espírito de Deus, emanando eternamente da luz e do fogo do Pai, previu a queda, ou seja, que essa imagem, moldada num ser corporal, seria atraída pela CÓLERA, e perderia seu esplendor divino”. (Considerações Stiefel III. 58).

“Antes dos tempos da CÓLERA, havia no lugar desse mundo as seis fontes espirituais, gerando a sétima de forma suave e doce, como ainda acontece no céu, e não crescia ali nem sequer uma gota de CÓLERA. Tudo o que existia era luz e transparência, sem a necessidade de outra luz, pois a fonte do amor com o coração de Deus estava iluminando tudo. A natureza era então muito etérea, e tudo permanecia num grande poder. Mas tão logo se deu o início da guerra dos demônios orgulhosos, tudo tomou uma outra forma e modo de ação. A luz se extinguiu na geração externa; consequentemente, o calor tornou-se aprisionado na corporalidade, não podendo mais gerar sua própria vida. Por causa disso, a morte penetrou a natureza e a natureza se degenerou. Uma nova criação da luz se fez necessária, sem o que a terra teria permanecido na morte eterna”. (Aurora, XVII. 2 IV.15).

“O mesmo salitre (a base material ou fundação), que no tempo da ignição da CÓLERA pereceu na morte, é elevado no raio de fogo, na regeneração. Não que tenha se tornado algo novo, mas apenas adquiriu outra forma de corporalidade, que no momento se encontra num estado de morte” (sua existência é relativa, como a matéria bruta)”. (Aurora, XXII.80).

“A CÓLERA não tocou o coração de Deus, mas o amor benevolente emanou de Seu coração, penetrando a mais externa geração da CÓLERA, extinguindo-a. Ele disse: ‘Que haja a Luz’”. (Aurora, 85).

“Ao dizer: ‘Que haja a Luz’, o santo poder concebido juntamente com a CÓLERA, movimentou-se, fazendo com que o poder do demônio fosse completamente extraído dele, em sua essência”. (Mysterium, XII. 14).

“Assim, as trevas permaneceram na qualidade da CÓLERA, na substância da terra e em toda profundidade desse mundo; e na substância da luz, a luz da natureza do céu, ou seja, da quinta essência, surgiu aquilo do que a constelação foi criada. Essa essência está em todo lugar, na terra e acima da terra” (Aurora, XII. 15).

“Quando a luz apareceu novamente no exterior, não concebível, o Verbo fez surgir a vida da morte, e o salitre corrupto produziu frutos novamente; mas isso tinha que ocorrer em certa relação com o estado depravado existente na CÓLERA, e como a produção dos frutos veio da terra, tinham que ser bons e maus”. (Aurora, XXI 19).

“Até o terceiro dia depois da ignição da CÓLERA de Deus no mundo, a natureza permaneceu na ansiedade, e era um vale de trevas na morte; mas no terceiro dia, quando a luz das estrelas começou a se acender na água da vida, a vida rompeu a morte, e uma nova geração teve início”.(Aurora, XXIV. 41).

Deus fez uma sólida fundação (firmamento) chamada ‘céu’, entre a geração mais externa e mais interna, entre a Divindade clara e a natureza corrupta, através da qual deve surgir o querer de cada um de ir para Deus. Sobre essa fundação é dito que mesmo os céus não são puros diante de Deus, mas no dia do julgamento a CÓLERA será arrancada de lá”. (Aurora, XX.41).

“No tempo da criação de uma nova luz, o sol foi despertado nesse mundo tornado corrupto por Lúcifer, o que afastou o esplendor do demônio. Ele foi enclausurado nas trevas como um prisioneiro, entre o reino de Deus e o reino deste mundo; ele não tem mais o que governar nesse mundo, exceto na Turba, onde a CÓLERA e a fúria de Deus estão despertadas”. (Encarnação de Cristo…, I. 2).

“O mundo tangível ou natureza, antes da CÓLERA de Deus, era tênue, etéreo, amoroso e claro, de modo que os espíritos originais pudessem olhar através de todas as coisas e nelas penetrar. Não havia ali nem terra, nem pedras, não havia a necessidade da luz criada, tal como é agora; mas a luz foi gerada em todas as coisas no meio de cada coisa, e tudo se encontrava na luz”. (Aurora, XVIII 29).

“A luz e o poder da luz é um desejo, e quer possuir a nobre imagem feita à semelhança de Deus, porque foi criada para o mundo da luz. O mundo das trevas ou a CÓLERA aguda deseja o mesmo, pois o homem tem todos os mundos em si, e há uma grande batalha ocorrendo dentro dele. Aquele princípio com o qual ele se identifica em seu desejo e vontade, é o que o governará”. (Tilk I 38 I).

“O demônio misturou mentiras e verdades, e disse aos primeiros seres humanos que seriam como Deus. Ele deixou isso claro, segundo o primeiro princípio da CÓLERA; mas sobre o paraíso ele nada falou”. (Três Princípios… XVII 96).

“O mundo externo foi soprado do mundo santo e do mundo de trevas. Ele é, portanto, bom e mal, amor e CÓLERA; mas, comparado com o mundo espiritual, não passa de uma fumaça ou neblina”. (Mysterium III 10).

“O demônio reside neste mundo, infectando continuamente a natureza externa; mas ele tem seu poder somente na CÓLERA, no desejo amargo”. (Encarnação de Cristo…, I 2, 4).

“Tudo o que é poderoso na essência do mundo santo está oculto na CÓLERA e na maldição de Deus na qualidade do mundo de trevas; mas floresce através do poder do sol e da luz da natureza externa através da maldição e da CÓLERA”. (Mysterium, XXI 8).

“Os frutos da terra não estão inteiramente na CÓLERA de Deus, pois a palavra incorporada, sendo imortal e imperecível, estava florescendo novamente no corpo da morte, produzindo frutos do corpo mortificado da terra”. (Aurora, XXI 24).

“Depois que Adão perdeu sua imagem bela e pura, sua alma permaneceu apenas na qualidade do Pai, ou seja, na natureza eterna, a qual, aparte da luz de Deus, é uma CÓLERA e um fogo consumidor”. (Tilk I 285).

“A queda abriu no homem uma porta para a CÓLERA de Deus, conhecida como, inferno. As garras do demônio se abriram; o reino da ilusão fora criado”. (Grace, VII 7).

“Nós, pobres filhos de Eva, temos que sentir em nós mesmos, num grande sofrimento, pesar e miséria, como que a CÓLERA nos movimenta, guia e atormenta, a ponto de não mais caminharmos junto ao amor de Deus, mas, cheios de veneno, inveja, assassínio e animosidade, perseguimos uns aos outros, denunciando, desonrando e maldizendo, desejando morte e todo tipo de mal uns aos outros, apreciando a miséria do outro”. (Tilk I 4).

Deus fez a alma penetrar a carne e o sangue, a fim de que não pudesse ser, tão facilmente, receptiva à CÓLERA. Assim, (durante a existência terrestre) ela aprecia a si mesma no espelho do sol, e está satisfeita em sua essência sideral”. (Seis Pontos Teosóficos…, VII 19).

“O homem não era como os animais, criados do bem e do mal, (da substância meramente terrestre). Se ele não tivesse se alimentado do bem e do mal não haveria nele o fogo e a CÓLERA; mas agora ele também possui um corpo animal”. (Aurora, XVIII 109).

“Adão era uma completa imagem de Deus, macho e fêmea, não separados, mas puro como uma casta virgem. Ele tinha em si o desejo (poder) do fogo e da luz, a mãe do amor e da CÓLERA, e o fogo dentro dele amava a luz, recebendo dela quietude e beneficência; enquanto que a luz amava o fogo como sendo a sua vida, do mesmo modo que Deus,em Sua qualidade de Pai, ama o Filho e o Filho ama o Pai”. (Cons. Stiefel…, II 35 I).

“Por outro lado, a semente externa também possui sua própria essência, que participam das qualidades dos elementos externos. Esses elementos externos participam das qualidades dos planetas externos, e estão conectados com a CÓLERA e a malícia externa; estas estão conectadas com o abismo do inferno, que pertence aos demônios”. (Três Princípios…, XV 31).

“A razão (superficial) representa Deus como um ser sem misericórdia, ensinando que Ele lançou sua CÓLERA sobre o homem, e o amaldiçoou com a morte, pois descobriu no homem a desobediência. Não se deve acreditar nisso. Deus é amor e bondade. Nele não há pensamento de raiva. O homem estaria bem se não tivesse punido a si mesmo”. (Três Princípios…, X 24).

“O nome Jesus foi incorporado na imagem da eternidade como um futuro Cristo, a fim de que pudesse se tornar um redentor dos homens, e da morte da CÓLERA pudesse regenera-los em puros seres do poder paradisíaco e divino”. (Cons. Stiefel…, II 74).

“Assim que Adão manifestou em si o centro da CÓLERA, Deus instituiu oposição ao demônio, e manifestou nele o poder que esmaga a cabeça da serpente, o qual, anteriormente, quando o pecado ainda não havia aparecido, encontrava-se oculto (latente) no poder de Deus, e em Jesus como o amor de Deus, na unidade divina”. (Cons. Stiefel…, II 161).

“Quando Deus disse: ‘Eu colocarei inimizade, e a semente da mulher esmagará a cabeça da serpente’, então a santa voz partiu de Iahweh para a enfraquecida substância celestial da mulher com o propósito de introduzir ali um novo estado celestial e vivo, e conquistar a inflamada CÓLERA de Deus através do mais exaltado amor divino, fazendo com que a monstruosidade e seu desejo fosse inteiramente morto e exterminado”. (Mysterium, XXIII 29, 37).

“O assassinato do corpo externo de Abel, por Caim, simboliza que o homem externo tem que ser mortificado na CÓLERA de Deus. A CÓLERA tem que matar e consumir a imagem externa que cresceu na CÓLERA, mas de sua morte surgiu a vida eterna”. (Mysterium, XXVIII 14).

“Os gentis não eram daquela semente de Abraão com a qual Deus fez um pacto; mas o primeiro pacto, a palavra pronunciada na misericórdia, era como uma fundação neles. Portanto, diz Paulo (Rom. IX 24), que Deus não havia chamado e eleito meramente os Judeus em seu pacto, mas também os gentis no pacto de Cristo, e que Ele chamou de “Meu Povo” e Meus “Bem-amados” aqueles que não O conheciam, e que, não O conhecendo, não eram seu povo num sentido externo. A proposição da graça, que havia se incorporado através do pronunciamento no Paraíso, após a queda, estava contida neles, e por causa disso Deus os chamou de bem amados. Somente os filhos da CÓLERA podem ser exceção, porque neles a incorporação do nome de Jesus não ocorre, somente a incorporação da CÓLERA. Essa, no entanto, nunca estende-se sobre a totalidade das raças, mas meramente sobre aqueles indivíduos entre elas que são como a praga entre o milho”. (Grace, X 24).

“Antes da encarnação de Cristo a humanidade redimia-se através da palavra incorporada em nome de Jesus. Aqueles que direcionavam sua vontade em Deus e para Deus receberam a palavra da promessa, porque a alma foi aceita. Assim, toda a lei relacionada ao sacrifício nada mais é do que um antítipo da humanidade de Cristo. Aquilo que o Cristo fez como homem, quando através de seu amor reconciliou a CÓLERA divina, foi feito (simbolicamente) através do sangue dos animais. A palavra da promessa estava no pacto, e no meio tempo Deus concebeu uma figura (símbolo), e pelo poder do pacto fez com que fosse reconciliado simbolicamente, pois o nome de Jesus estava no pacto, e através da imaginação reconciliou a fúria e a CÓLERA da natureza do Pai”. (Encarnação de Cristo…, I 7 12).

“Embora madeira e animais haviam sido usados nos sacrifícios, o fogo usado ali não fora produzido por meios externos, mas originado da mais elevada tintura da fundação paradisíaca. Esse fogo santo consumiu as vítimas através da imaginação e inflamação de Deus, e assim, a vontade humana, introduzida ali e que ainda estava inclinada à condição terrestre, foi (e ainda é) purificada no fogo e redimida do pecado. A grosseria dos elementos havia de ser consumida, e desta consumação pelo fogo deveria emanar a imagem espiritual, bela, pura e verdadeira, criada em Adão; a qual, enquanto contida no fogo da CÓLERA divina, não podia aparecer em sua clareza através desse fogo santo”. (Batismo, II 2 16).

“Nos tempos do Antigo Testamento o acordo pelo sacrifício aconteceu através do fogo santo, que era um símbolo da CÓLERA de Deus. que haveria de consumir o pecado junto com a alma. A qualidade do Pai na CÓLERA estava manifesta nesse fogo, e a qualidade do Filho, no amor e na humildade introduziu-se na CÓLERA. Eles sacrificaram a carne dos animais, mas introduziram a imaginação e oração na graça de Deus”. (Baptism, I 2, 23).

“Havia uma qualidade animal, a alma animal, originária dos planetas, anexada à mente do homem, em consequência da qual sua vontade e oração não eram puras diante de Deus, portanto o fogo-cólera de Deus consumiu esta vaidade animal dos homens através do sacrifício; mas a concebida imagem da graça seguiu com a oração para o fogo santo. Assim, os filhos de Israel foram reconciliados com Deus e libertados de seus pecados de forma espiritual, e com relação a futuros, porque o Cristo estava por vir, tomar o estado humano e penetrar em Deus como um sacrifício para o Seu fogo-cólera, transformando a CÓLERA em amor”. (Baptism, II 25).

Deus desejou cheirar (durante o sacrifício) nada além do que a vontade do homem, ou seja, a vida humana, a qual, antes do tempo deste mundo encontrava-se dentro da palavra de Deus — não ainda como um ser criado, mas como um poder, soprado na imagem criada. Isso é o que foi “cheirado” por Deus através do sacrifício e na essência de Cristo ou a graça, comunicada ao homem e foi o que reajustou a vontade por meio da graça no fogo resultante da combinação do fogo-vida humano e do fogo-amor divino, constituindo assim um verdadeiro sacrifício do pecado e da restituição, porque o pecado foi sacrificado ao fogo da CÓLERA divina, para que ali fosse consumido”. (Communion, I 32).

“O Verbo da promessa, que era para os judeus uma espécie de antítipo, ou como uma imagem no espelho, onde o pai colérico imaginou e onde extinguiu Sua CÓLERA, começou a se movimentar essencialmente, como se não tivesse se movimentado desde a eternidade; pois, quando o anjo Gabriel trouxe a Maria a mensagem de que teria um filho, e quando ela expressou seu desejo dizendo: ‘Que seja feita a tua vontade’, o centro da Santíssima Trindade movimentou-se; isso quer dizer que, a virgindade eterna perdida por Adão, se abriu nela, no Verbo da vida. O fogo do amor divino no ser de Maria, na essência virginal corrompida em Adão, fora novamente restaurado”. (Encarnação de Cristo…, I 8, 3. 4).

“Foi da vontade de Deus transmutar a humanidade numa qualidade celeste, após esta ter se tornado terrestre, transformar a terra humana (elemento material) em céu, fazer dos quatro elementos apenas um e transformar a ira de Deus, na qualidade humana, em amor. Mas a ira de Deus, tento sido inflamada no homem, era um poder de fogo e fúria, ao qual se deve resistir e transformar em amor, era necessário que o amor propriamente dito, penetrasse a ira, circundando-a totalmente. Não bastava para tanto, que Deus permanecesse no céu (em Sua própria auto consciência divina) olhando para a humanidade de forma amorosa. Isso não teria subjugado o poder da fúria e da CÓLERA, a humanidade tão pouco poderia penetrar um estado de amor”. (Assinatura…, XI. 7).

“A alma de Adão havia se afastado de Deus e morrido com relação a essencialidade da luz. O segundo Adão trouxe novamente a alma para o fogo, ou seja, na fonte da CÓLERA, e acendeu novamente a luz na morte. A luz foi portanto novamente manifestada nas trevas, e a morte morreu, e para a CÓLERA ou inferno foi criada uma praga”. (Tilk I. 513).

“Como nos afastamos da liberdade do mundo angélico e adentramos a tortura escura, o poder e o verbo da luz tornou-se homem, e nos conduziu para fora das trevas, através da morte no fogo para a liberdade da vida divina, na essencialidade divina. O Cristo tinha que morrer e penetrar a essencialidade divina através do inferno e através da CÓLERA da natureza eterna, para abrir um caminho para a nossa alma através da morte e através da CÓLERA, onde devemos entrar com Ele pela morte, na vida divina”. (Encarnação de Cristo…, I 3, 7).

“Quando os dois reinos, a CÓLERA de Deus e o amor de Deus estavam lutando um contra o outro, o Cristo surgiu como herói. Desejando render-Se à CÓLERA (ao sofrimento causado pelos princípios baixos despertados para a consciência em consequência do pecado), Ele a extinguiu com Seu amor. Ele veio de Deus para este mundo e tomou nossa alma para Si, a fim de poder nos tirar do estado terrestre para Si próprio e nos conduzir à Deus. Ele nos regenerou em Si próprio, para que fossemos capazes de viver novamente em Deus, e para que pudéssemos colocar nossa vontade Nele. Com Ele fomos conduzidos ao Pai, à nossa primeira morada, ou seja, ao Paraíso, o qual Adão havia deixado”. (Encarnação de Cristo…, I II 6).

“O Verbo tomou nossa própria carne e sangue na essencialidade divina, e quebrou o poder que nos mantinha aprisionado na CÓLERA da morte e fúria. Ele quebrou aquele poder na Cruz, ou seja, no centro da natureza (a quarta forma natural, cujo símbolo é a Cruz), e inflamou novamente em nossa alma (que havia se tornado trevas) um fogo-luz branco e ardente”. (Encarnação de Cristo…, II 6 9 ).

“Quando o Cristo resistiu à tentação, no lugar de Adão, o recém introduzido Ens celestial quebrou a espada na morte do corpo externo de Cristo; através da santa substância Ele trouxe o corpo externo, tomado da semente de Maria, para o estado santo, pela espada da CÓLERA Neste mesmo poder o corpo externo surgiu da morte, conquistando tanto a morte como a espada ígnea”. (Mysterium, XXIV 24).

“Cristo, o homem interior, tomou nossos pecados para Si, e deixou o corpo, no qual havia derramado a maldição de Deus, pendurando na Cruz como uma maldição de Deus. Assim Ele morreu, e em Sua morte espalhou Seu sangue, o sangue do homem santo, na essência do homem externo, onde reside a morte. Mas quando seu sangue santo penetrou a morte (com a essência externa), então a morte se tornou terrificada diante da vida santa, e a CÓLERA, terrificada diante do amor, e caiu em seu próprio veneno, como que morta ou aniquilada”. (Cons. Stiefel…, II 205).

“Quando o Verbo pronunciado de Deus na qualidade humana aprisionou-se no Redentor, a essencialidade que havia morrido em Adão, mas que se tornou novamente viva em Cristo, clamou juntamente com a alma: ‘Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonastes?’ Isso significa que a CÓLERA de Deus havia penetrado, através da qualidade da alma, a imagem da essencialidade divina, e que havia absorvido a imagem de Deus, porque era essa a imagem da serpente na alma ígnea, a cabeça da CÓLERA de Deus, para transformar seu poder ígneo na vida-sol eterna. Como uma vela se extingue ao queimar-se, e assim como desta morte surge a luz e o poder, da mortificação e da morte de Cristo havia que surgir o sol divino e eterno na qualidade humana. Assim, havia que morrer, neste caso, não só o egoísmo da qualidade humana, ou seja, a vontade-própria da alma com relação à (seu desejo pela) vida no poder do fogo, e se perder na imagem do amor; mas, essa mesma imagem do amor havia que penetrar a CÓLERA da morte, a fim de que tudo mergulhasse na morte e através da morte e da humildade perfeita, e na vontade e misericórdia de Deus, surgisse novamente na substancialidade paradisíaca, a fim de que o espírito de Deus pudesse ser tudo em tudo”. (Assinatura…, XI 87).

“A humanidade de Cristo se entregou como sacrifício à CÓLERA do Pai, penetrando inteiramente em Seu fogo-essência; o amor-espírito de Deus venceu a essência colérica do fogo, de modo que esta não pode consumir a humanidade (a qualidade humana). Ele simplesmente retirou da humanidade sua vontade-própria, trazendo-a novamente para a vontade universal primordial, de onde a vontade foi originalmente concedida ao homem. A vontade humana veio novamente ao encontro da vontade do Pai, como se estivesse em sua primeira raiz (fonte ou origem)”. (Mysterium, XXXIX 24).

“A verdadeira essencialidade em Cristo não afastou a consciência terrestre, mas a penetrou como senhor e conquistador. A verdadeira vida deveria ser a primeira a ser conduzida à morte e à CÓLERA de Deus. Isso ocorreu na Cruz, ocasião em que a morte foi destruída e a CÓLERA aprisionada e extinta pelo amor, consequentemente conquistada”. (Encarnação de Cristo…, IX 16).

“Quando Jesus venceu a morte em (Sua) humanidade e afastou o sentido do ego, Ele não descartou a qualidade humana, onde residia a morte e a CÓLERA de Deus, mas as aceitou na plenitude de sua extensão; isso quer dizer, foi só neste momento que Ele extraiu o reino externo do interno”. (Assinatura…, XI 41).

“A atividade externa e a vida sensível, onde a CÓLERA de Deus estava queimando, morreram, mas não que se tornaram um nada, apenas descenderam ao nada; ou seja, neste caso, na vontade de Deus, em Sua ação e sentimento. Com isso, ela se tornou livre da vontade do mundo externo, cuja vontade é boa e má, e não mais viveu no mundo e nas constelações com os quatro elementos, mas buscou a natureza do Pai, no elemento puro e divino. Assim, a verdadeira vida humana veio novamente a ocupar a posição que havia sido perdida por Adão, e entrou novamente no Paraíso”. (Assinatura…, XII 5).

“Quando o Filho de Deus derramou Seu sangue santo em Cristo, o veneno da CÓLERA na carne, alma e espírito de Adão, que tomou para Si, foi santificado e transformado em amor. Assim, a inimizade cessou e Deus tornou-se Emanuel; ou seja, homem com Deus e Deus com o homem. Então a carne de Adão foi tingida e preparada para a ressurreição”. (Cons. Stiefel… II 209).

“É errôneo supor que a alma de Cristo havia deixado o corpo e descendido ao inferno, e que ali, havia, no poder divino, atacado os demônios, atando-os com correntes, destruindo com isso o inferno. É melhor compreender que no momento em que o Cristo prostou o reino deste mundo, Sua alma penetrou a morte e a CÓLERA de Deus, e com isso a CÓLERA foi reconciliada no amor. Os demônios e todas as almas descrentes na CÓLERA foram aprisionadas em si mesmas, e a morte foi rompida; mas a vida floresceu através da morte”. (Três Princípios…, XXV 76).

“A morte estava lutando com o homem externo (com a vida do), pensando que agora, a alma deveria permanecer na Turba; mas havia um forte poder na alma, ou seja, o Verbo de Deus. Esse verbo capturou a morte e a destruiu, extinguindo a CÓLERA. Trava-se de um grande veneno para o inferno quando a luz o penetrou, e o Espírito de Cristo aprisionou o demônio, conduzindo-o da alma-fogo para as trevas, trancando-o ali, na dureza colérica e no amargor”. (Quarenta Questões…, XXXVII 13 — 15).

“Pelo poder da tintura celestial Deus acendeu o fogo que havia se tornado escuro na essência da alma, dali por diante, aquele fogo passou a queimar num poder limpo, branco e majestoso, na luz e glória, e a CÓLERA de Deus foi extinta na essência da alma e foi feita amor”. (Tilk II 259).

“A alma de Cristo veio com a luz de Deus para a CÓLERA, e os demônios tremeram; pois a luz aprisionou a CÓLERA, e Sua alma tornou-se um paraíso, enquanto que a CÓLERA permaneceu no inferno. A luz encerrou o princípio do inferno, de modo que nenhum demônio tem a permissão de aparecer na luz. Mas isso ele também não vê, e a luz é seu terror e sua vergonha”. (Tree Princípios, XXV79).

“Quando a terra recebeu o sangue de Cristo, tremeu e chacoalhou, pois a CÓLERA de Deus fora conquistada, e nela penetrou o sangue vivo, procedente do céu e da substancialidade de Deus”. (Encarnação de Cristo…, I 10).

“A CÓLERA do pai havia que consumir a vida de Cristo, na morte; mas quando a CÓLERA engoliu a vida na morte, a vida santa do mais profundo amor de Deus movimentou-se na morte e na CÓLERA, engolindo a CÓLERA. Então a terra começou a tremer, as pedras rolaram e as tumbas dos santos foram abertas”. (Mysterium, XXVIII 123).

“Depois que o Pai trouxe a alma do redentor, que havia penetrado Sua CÓLERA, de volta ao amor, ou seja, na imagem do Paraíso, que havia desaparecido, o mundo tremeu no terror da morte, como se fosse um terror de alegria, alegria que penetrou os corpos mortos daqueles que haviam esperado pela vinda do Messias, e os despertaram para a vida. Foi esse mesmo terror que rasgou a cortina do Templo, ou seja, o véu de Moisés, pendurado diante da clara face de Deus, a fim de que o homem não visse à Deus”. (Assinatura…, XI 71).

“’Cristo significa um penetrador; o ato de afastar o poder da CÓLERA; a iluminação das trevas pela luz; a transmutação (na alma do homem), pela qual a satisfação do amor rege sobre o brilho do fogo em seu aspecto colérico; a superioridade da luz sobre as trevas”. (Assinatura…, VII 32).

Deus habita no mundo e preenche todas as coisas; no entanto, Ele nada possui. A luz habita nas trevas, mas não a possui; o dia habita na noite e a noite habita no dia, o tempo na eternidade e a eternidade no tempo; o mesmo ocorre com o homem. Ele próprio é o tempo, e vive com ele segundo seu aspecto externo; é desta mesma forma que o mundo externo existe no tempo; mas o homem interior é eternidade, mundo e tempo espiritual, tal como é criado na luz, de acordo com o amor de Deus, e nas trevas de acordo com Sua CÓLERA. Seu espírito vive naquele princípio que nele está manifestado, seja nas trevas, seja na luz. Cada um deles habita em si mesmo; nenhum deles possui o outro; mas, se um penetra o outro e deseja possuí-lo, este o outro irá perder sua supremacia e poder. Se a luz se manifesta nas trevas, então as trevas deixam de ser trevas; e se as trevas surgem na luz, então a luz e seu poder serão extintos. As trevas eternas da alma constituem o reino do inferno; a luz eterna na alma é seu céu. O homem, portanto, é criado e vive nos três mundos. Um é o mundo das trevas eternas que surge do centro da natureza — natureza eterna — onde nasce o fogo como o tormento eterno; o outro mundo, é o da luz eterna, onde reside a alegria e o Espírito de Deus. É neste mundo de luz que o espírito de Cristo assume substancialidade humana. O terceiro mundo onde vive o homem, e do qual foi gerado, é o mundo visível externo, com seus quatro elementos, e as estrelas visíveis”. (Regeneração, I).

“Ninguém deve se imaginar seguro após ter obtido a coroa de pérolas, pois pode perdê-la novamente. A alma, durante sua vida terrestre, está acorrentada por três temerosas correntes. Primeiro pela severa CÓLERA de Deus, o abismo e as trevas do mundo, que é o centro da vida criada da alma, cuja raiz mais íntima é o desejo. A segunda corrente é a ânsia ígnea do demônio pela alma, que tenta a alma e busca, incessantemente, tirá-la do repouso da verdade divina para cair na vaidade, no orgulho, na avareza, na inveja e na raiva; através destas propensões malignas, ele procura ventilar o fogo na alma, a fim de que se afaste de Deus e penetre o egoísmo. Mas a terceira e mais perigosa corrente é a do corpo e do sangue, corruptíveis, fúteis, terrestre e mortal, cheios de desejos e inclinações malignas, juntamente com a região astral (plano astral), onde, como num grande oceano, a alma está flutuando, o que a faz ser, diariamente, inflamada e infectada pelo pecado”. (Três Princípios…, XXV 7).

“A causa do antagonismo entre a carne e o espírito pode facilmente ser encontrada; o espírito interior tem o corpo de Deus, nascido da doce essencialidade, e o espírito externo tem o corpo do espírito ígneo da CÓLERA, que busca, continuamente, a CÓLERA despertada; ou seja, as grandes maravilhas que estão no Arcanum, na inflexibilidade da alma. O amor-espírito interior protesta e não irá deixar o espírito externo surgir e incendiar a alma; pois isso seria perder sua própria felicidade e forma, que seriam destruídas pela CÓLERA”. (Quarenta Questões…, XVII 14).

“O reino celeste nos santos é ativo e consciente em sua fé, por onde sua vontade se integra a Deus; mas a vida natural é cercada pela carne e pelo sangue e está relacionada, ao contrário, à CÓLERA de Deus. Assim, a alma está sempre na angústia quando o inferno precipita-se sobre ela, desejando nela se manifestar; mas ela mergulha na esperança da graça divina, e permanece como uma bela rosa entre os espinhos, até que na morte do corpo o reino deste mundo dela se afasta. Só então, quando não há mais nada que a obstrua, ela será plenamente manifestada no reino de Deus”. (Vida Suprasensual…, XXXIX).

“Aquele que espera realizar algo bom e perfeito, onde possa regozijar-se eternamente e disso desfrutar, que saia de seu egoísmo e vontade-própria e penetre a submissão na vontade de Deus. Mesmo que o desejo terrestre pelo egoísmo o perseguir em sua carne e sangue, se sua vontade-alma não é infectada por aquele desejo do eu, tal eu não será capaz de produzir nada; pois a vontade interna da alma, repousando na submissão de Deus, destrói continuamente a essência da auto afirmação, e desta forma a CÓLERA de Deus não pode alcançá-la. Se a CÓLERA atingisse a essência, então a vontade submetida surgiria ali com seu poder, e permaneceria ali, firme, diante de Deus, como um produto da vitória que irá herdar a infância”. (Quietude…, XI I).

“Quando uma pessoa neste mundo morre aparece diante do anjo que em sua espada carrega a morte e a vida, o amor e a CÓLERA de Deus. Ali sua alma passa pelo julgamento, nos portais do paraíso. Se foi capturada pela CÓLERA de Deus, não será capaz de passar pela porta, mas se é uma criança da virgem, nascida da semente da mulher (celestial), então ela passará. O anjo irá cortar de sua natureza, aquilo que fora gerado pela serpente, e a alma irá então servir a Deus em seu santo templo no Paraíso, esperando ali pela ressurreição de seu corpo (celestial)”. (Mysterium, XXV 2).

“Não há três almas separadas no homem, mas apenas uma. Essa alma permanece em três princípios, ou seja, no reino da CÓLERA, no reino do amor de Deus e no reino deste mundo. Quando o ar do reino externo deste mundo deserta a alma, ela se manifesta ou no obscuro reino do fogo ou no santo reino da luz, que é o reino do fogo-amor, o poder de Deus. Seja qual for o plano com a qual ela se envolveu durante sua existência terrestre, ali ela permanece depois que o reino externo a deixa”. (Mysterium, XV 24).

“O homem já está no céu o no inferno, neste mundo, onde quer que esteja corporalmente. Se seu espírito está em harmonia com Deus, ele estará então espiritualmente no céu e sua alma encontra-se em Deus. Se ele espiritualmente habita a CÓLERA, então já está no inferno e em companhia dos demônios”. (Aurora, XX 86).

“Se um descente deixou para traz um grande rastro de falsidade e engano, a tintura do inferno será invocada sobre sua tumba, e seu curso penetrará sua alma. Esse (curso) ele terá que engolir; pois, esse é o seu alimento, enviado a ele pela vida. Enviar tais cursos, contudo, não cabe aos filhos de Deus; pois, cursando outro caminho, o homem lança sementes no inferno — na CÓLERA de Deus. Que todos fiquem alerta, pois irá colher aquilo que semeou”. (Quarenta Questões…, XXIV 4).

Deus também habita no abismo da alma descrente; mas ele não é reconhecido por ela de outra forma, senão pela CÓLERA, e isso é o significado das seguintes palavras: ‘Com os santos tu és santo, e com os pervertidos tu és pervertido’”. (Mysterium, LX 44).

“Não há luz, nem deste mundo, nem de Deus, apenas a luz da ignição de seu próprio fogo, sendo ele um terrível inimigo, a carne de sua CÓLERA. O tipo de angústia destas almas diferem segundo à qualidade daquilo que a alma se carrega. Para tal alma não há auxílio; ela não pode penetrar a luz de Deus; e mesmo que São Pedro tivesse deixado mil chaves sobre a terra, nenhuma delas abriria a porta, pois ela já rompeu o laço que a conectava com a Divindade”. (Veja: Três Princípios…, XIX).

“Na quinta qualidade a glória e majestade de Deus manifesta-se como luz de amor. Está escrito que Deus reside na luz, na qual ninguém pode penetrar. Isso significa que nenhum ser criado nasceu do fogo central do amor, pois este é o mais sagrado fogo, o próprio Deus em Sua Trindade. Deste fogo santo foi emanado o JAH, um raio da unidade sensível. Este é o precioso nome de Jesus, redimindo a pobre alma do fogo-colérico, e ao tomar a natureza humana, abandona-se ao fogo central de Deus na alma, na CÓLERA de Deus dentro da alma; acendendo-a novamente com o fogo-amor, e unindo-a à Deus”. (Theos. Quest. III 25).

“A virgem diz: Algo em ti me contraria. Eu te criei e te tirei do meio dos espinhos. Quando eras um animal selvagem, eu te configurei em minha própria imagem. Mas o animal selvagem está entre os espinhos: isso eu não vou tomar em meu peito. Você ainda vive com seu animal selvagem. Quando o mundo tomar esse animal, já que a ele pertence, então eu te tomarei. Assim, cada um irá tomar o que lhe pertence. Por que então amas tanto aquele animal selvagem que não te causa mais nada além de dor? Não podes carregá-lo contigo. Ele não te pertence, mas ao mundo. Que o mundo o use como puder, mas permaneças tu comigo. Será por pouco tempo; logo seu animal irá se quebrar, e tu dele te livrarás, e permanecerás comigo. Como irás regozijar-te, se pensares naquele animal, que te afligia dia e noite, e ver que dele estas livres. Como uma flor cresce da terra, tu te elevarás acima de teu animal selvagem. Tu dizes: ‘Sou teu animal; tu nasceste em mim’. Ouça, meu animal! Sou maior que tu. Quando estavas por vir, eu era tua construtora. Minhas essências saem da raiz da eternidade; mas tu pertences a este mundo. Tu irás te quebrar, mas eu permaneço eternamente em meu poder. Portanto sou muito mais nobre que tu. Tu vives na CÓLERA; mas eu irei colocar minha CÓLERA assustadora na luz, na alegria eterna. Minhas obras estão no poder, enquanto as tuas permanecem como sombras. Quando eu estiver livre de ti, nunca mais irei te aceitar como meu animal; mas, (tomo) meu novo corpo, o qual estou regenerando na mais profunda raiz do elemento santo”. (Princípios, XXI 69).

“O Sal é a Prima Materia, adstringência. Na adstringência forte surge o amargor; pois, a poderosa atração surge na dificuldade do espírito. Por exemplo, se uma pessoa se torna raivosa, seu espírito atrai aquilo que a faz ficar amargurada e trêmula; e se ela não resiste e se abate, então o fogo da CÓLERA se acende em seu interior, a fim de que queime na malícia. Então, em sua mente e alma isso se torna substancial, um ser”. (Três Princípios…, I 9).

“Naquela qualidade em que cada palavra na voz humana no ato do pronunciamento se forma e se manifesta, até no amor de Deus, assim como nos santos Ens, ou na CÓLERA de Deus; na mesma qualidade ele irá ser tomado novamente, após ter sido pronunciado. A palavra falsa torna-se infectada pelo demônio, e selada pelo (futuro) detrimento, e é recebida no Mysterium da CÓLERA, como na qualidade do mundo de trevas. Cada coisa retorna com seu Ens para aquele lugar de onde teve sua origem”. (Mysterium Magnum, XXII 6).