Boehme: céu

“Não estou coletando meus conhecimentos das letras e livros, mas do meu próprio ser; porque o CÉU e a terra, com todos os seus habitantes, e mais que tudo, o próprio Deus, está no homem”. (Tilken… II. 297).

“É de se lamentar como os homens são guiados de forma tão cega por aqueles cegos, e que a verdade é impedida de se manifestar em sua glória e pureza por causa de nossas concepções das formas e figuras externas; pois quando o poder divino em todo o seu esplendor se torna manifesto e ativo no fundamento interior da alma, a ponto do homem desejar sinceramente abandonar os caminhos desprovidos de Deus e sacrificar todo o seu ser por Deus, então toda a Divindade trina estará presente na vida e na vontade da alma, e o CÉU, onde Deus reside, se abrirá para essa alma.” (Mysterium Magnum…, LX. 43).

“O Cristo diz: O Filho do Homem não faz nada além do que vê o Pai fazendo. Se o Filho do Homem tornou-se o nosso corpo e Seu espírito o nosso próprio espírito, seria possível não conhecermos à Deus? Se vivemos no Cristo, o Espírito de Cristo verá através de nós e em nós aquilo que deseja, e aquilo que o Cristo deseja veremos e conheceremos Nele. O mundo dos anjos é mais simples e mais claramente compreensível para o homem regenerado do que o mundo terrestre. Ele também vê no CÉU, e observa a Deus e a eternidade”. (Encarnação de Cristo…, II. 7,3).

“Não sou um mestre da literatura ou das ciências deste mundo, mas um homem de mente simples. Nunca desejei aprender ciência alguma, mas desde tenra idade busquei a salvação de minha alma, e descobrir como poderia herdar ou possuir o reino do CÉU. Encontrei em meu interior um poderoso contrarium, ou seja, os desejos pertencentes ao corpo e ao sangue; Ingressei numa árdua batalha contra a minha natureza corrupta, e com o auxílio de Deus, decidi superar a vontade demoníaca que havia herdado, vencê-la e penetrar totalmente no amor de Deus no Cristo. Daquele momento em diante, resolvi considerar-me como um morto quanto a minha forma herdada, até que o Espírito de Deus tomasse forma em mim, para que Nele e através Dele, pudesse conduzir a minha vida. Isso era praticamente impossível, mas permaneci firme em minha sincera resolução, travando uma dura batalha contra mim mesmo. Enquanto buscava e lutava, com o auxílio de Deus, uma luz maravilhosa surgiu em minha alma. Era uma luz completamente estranha à minha natureza descontrolada; nela reconheci a verdadeira natureza de Deus e do homem, a relação existente entre eles, algo que nunca havia compreendido, e que nunca teria buscado”. (Tilken… 20-26).

“Se alguém deseja me seguir, que não seja intoxicado pelos pensamentos e desejos terrestres, mas que seja cingido pela espada do Espírito, pois terá que descer à terrível profundidade, por não dizer ao meio do reino do inferno. É muito duro lutar contra o demônio entre o CÉU e a terra, por ele ser um poderoso senhor. Durante tais batalhas passei por experiências amargas, que encheram meu coração de dor. Frequentemente o sol desaparecia da minha vista, mas depois surgia novamente e quanto mais o sol se punha, mais lindo, claro e magnífico era o seu raiar”. (Aurora, XIII. 20).

“Não imaginem esses sete espíritos como as estrelas, vistas uma ao lado da outra no CÉU; todos são como que um espírito. Da mesma forma, o corpo do homem possui vários órgãos, mas cada órgão participa do poder dos outros”. (Aurora, X.40).

“O Sétimo Princípio é a compreensão corpórea das outras qualidades. É chamado de “Sabedoria Essencial” ou “O Corpo de Deus”. O terceiro princípio aparece nas sete formas da natureza desde que eles tenham sido trazidos para a compreensibilidade no sétimo. Esse princípio ou estado de ser é santo, puro e bom, É chamado de eterno CÉU incriado ou de reino de Deus, e emerge do primeiro princípio, do obscuro mundo-fogo e do santo mundo-amor de luz flamejante”. (Grace, IV. 10).

“É dito que Deus é tudo, que Ele está no CÉU e na terra, e também no mundo externo; tal afirmação é verdadeira, de certa forma; porque tudo se origina em Deus e de Deus. Mas de que serve essa doutrina, que não é uma religião? Tal doutrina foi aceita pelo demônio, que queria se manifestar e ser poderoso em todas as coisas”. (Tilken… I.140).

“Não imagine Deus como sendo um poder cego, existindo ou movimentando-se no CÉU ou além e acima do CÉU, desprovido de razão ou conhecimento, comparável ao sol, que gira em torno de sua órbita, emitindo luz e calor, sem se importar se isso beneficia ou não a terra e suas criaturas. Não! O Pai não é isso; mas Ele é onipotente, sábio, o Deus que tudo sabe; Nele mesmo, Ele é bom, generoso e misericordioso, alegre e regozija-se em si mesmo”. (Aurora, III. II).

“Se o leitor considerar a profundeza do CÉU, as estrelas, os elementos e a terra, não irá, com certeza, ver com seus próprios olhos, a Divindade pura e cristalina, embora Deus esteja ali, dentro de tudo isso; mas se você elevar seus pensamentos e direcionar sua mente a Deus, que em Sua santidade governa com o Todo, estará então penetrando o CÉU e alcançando o próprio coração sagrado de Deus”. (Aurora, XXIII. II).

“Antes da criação do CÉU, das estrelas, dos elementos e também antes da criação dos anjos, não havia nada senão a Divindade, reproduzindo a si mesma, doce e amorosamente, concebendo de sua própria imagem”. (Aurora, XXIII. 15). 47

“Se Deus irá ou não criar algo mais de Sua vontade, após o fim desses tempos, não é perceptível pelo meu espírito, pois ele não vai além do próprio centro onde habita, e ali é o paraíso e o reino do CÉU”. (Princípios, IX. 41).

“Michael representa Deus o Pai. Ele não era Deus, o Pai propriamente dito; mas há entre os seres criados (os anjos) um que representa Deus, o Pai. O círculo ou espaço onde ele e seus anjos são criados é o seu reino; ele é um filho amado de Deus, uma alegria para seu Pai. Não o compare com o coração ou a luz de Deus, que está na totalidade do Pai, e o qual não tem começo nem fim, assim como o Pai. Esse príncipe é um ser criado, e como tal tem um princípio; mas ele está em Deus o Pai, e se curva a Ele no amor. Portanto, ele usa sobre sua cabeça a coroa da honra, poder e força, e a não ser o próprio Deus em Sua trindade, não se pode encontrar nada no CÉU que seja maior, ou mais bonito ou poderoso que ele”. (Aurora, XII 86).

“No CÉU, no mundo espiritual, existem as mesmas qualidades do mundo terrestre; mas elas não se encontram manifestadas de forma tão furiosa (grosseira), mas num estado superior, assim como as trevas estão absorvidas pela luz”. (Mysterium, X..7). 54

“Toda a localidade do mundo, as profundezas da terra e acima da terra, até o CÉU e o próprio CÉU criado, que vemos com os nossos olhos, mas que, no entanto, não podemos compreender com nossos sentidos, todo esse espaço é um reino, onde Lúcifer era o governador antes de sua queda; mas os outros dois reinos, o de Miguel e Uriel, existem além do CÉU criado (espaço) e são iguais ao primeiro reino”. (Aurora, VII.7).

“A vida da criatura eterna era em seu princípio inteiramente livre, porque estava em temperatura harmoniosa e apropriada. Os anjos foram criados pelo CÉU, e mesmo se o mundo de trevas, com o reino da fantasia estivessem contidos ali, era numa condição latente, e não manifesta. Pela ação da vontade livre nos anjos caídos o mundo das trevas tornou-se objetivo neles; porque estavam inclinados para a fantasia (especulação), e consequentemente essa tomou posse deles, surgindo em essência”. (Graça, IV. 45).

“O reino escuro da fantasia e a criatura que está constituída pelos anjos caídos, são uma coisa só, uma vontade, um ser; e como essa vontade rebelada não quis residir e governar sozinha na fantasia, mas quis governar também no santo poder, onde apareceu de imediato, o santo poder repeliu-o para fora de si e se ocultou, logo em seguida — isso quer dizer, o CÉU interior se fechou, fora de seu próprio estado, a fim de que ele não visse a Deus. Assim é que morreu para o reino da boa vontade”. (Graça, IV. 46).

“O CÉU está no inferno, e o inferno está no CÉU, e, no entanto, nenhum deles está revelado ao outro. Mesmo se o demônio estivesse viajando por muitos milhares de quilômetros, a fim de chegar ao CÉU, ele permaneceria sempre no inferno. Assim, os anjos não enxergam as trevas; eles só enxergam a luz do poder divino; mas os demônios só enxergam as trevas da cólera de Deus”. (Mysterium, VIII. 28).

“Falar sobre o CÉU e o nascimento dos elementos, não é falar de coisas que estão longe ou que são estranhas a nós, mas daquilo que está ocorrendo dentro de nosso próprio ser; não há nada mais perto de nós do que esse nascimento, pois é como se estivéssemos falando de nossa própria mãe. Falar do CÉU é falar de nosso lar, de nosso lugar próprio, onde a alma iluminada pode ver, mesmo que esse lugar esteja oculto aos olhos do corpo”. (Princípios, VII. 7).

“Antes dos tempos da cólera, havia no lugar desse mundo as seis fontes espirituais, gerando a sétima de forma suave e doce, como ainda acontece no CÉU, e não crescia ali nem sequer uma gota de cólera. Tudo o que existia era luz e transparência, sem a necessidade de outra luz, pois a fonte do amor com o coração de Deus estava iluminando tudo. A natureza era então muito etérea, e tudo permanecia num grande poder. Mas tão logo se deu o início da guerra dos demônios orgulhosos, tudo tomou uma outra forma e modo de ação. A luz se extinguiu na geração externa; consequentemente, o calor tornou-se aprisionado na corporalidade, não podendo mais gerar sua própria vida. Por causa disso, a morte penetrou a natureza e a natureza se degenerou. Uma nova criação da luz se fez necessária, sem o que a terra teria permanecido na morte eterna”. (Aurora, XVII. 2 IV.15).

“Os espíritos expulsos ainda se encontravam na qualidade do pai, e, portanto acenderam a qualidade da natureza através da imaginação, de modo que a substância transformou-se em terra e pedras, e o doce espírito da água num CÉU incandescente. Depois disso ocorreu a criação deste mundo”. (Encarnação de Cristo…, I. 2-8).

“Nisso consiste a queda de Lúcifer; ele despertou a mãe do fogo e quis governar sobre a benevolência, no coração de Deus. Esse fogo é agora seu inferno; mas esse inferno foi capturado por Deus através do CÉU, ou seja, a mãe da água. Pois enquanto a localidade desse mundo dera para queimar por conta própria, Deus movimentou-se para criar, e criou a água. Disso resultou o oceano e a insondável profundeza aquosa. Foi o que ocorreu em Sodoma e Gomorra, pois quando o pecado era grande e o demônio habitava ali, desejando manifestar seus poderes, Deus permitiu que o príncipe desse mundo acendesse aqueles cinco reinos, para ali ser senhor e ter sua morada. Deus pensava em destruir seu orgulho; Ele fez com que a água chegasse até lá, e desta forma extinguiu sua glória”. (A Vida Tríplice… VIII. 24).

“Assim, as trevas permaneceram na qualidade da cólera, na substância da terra e em toda profundidade desse mundo; e na substância da luz, a luz da natureza do CÉU, ou seja, da quinta essência, surgiu aquilo do que a constelação foi criada. Essa essência está em todo lugar, na terra e acima da terra” (Aurora, XII. 15).

“A água da vida separou-se da água da morte, de tal forma que no tempo deste mundo elas encontram-se unidas como o corpo e a alma. Mas o CÉU, tendo sido feito da parte do meio da água, é como um abismo entre os dois, de modo que a água concebível é a morte, mas a inconcebível é a vida”. (Aurora, XXI. 7).

“A água acima do firmamento está no CÉU, e a água abaixo do firmamento é a água material”. (mysterium, XII. 24).

“No segundo dia, Deus separou o mercúrio ígneo do aquoso, e chamou o ígneo de firmamento do CÉU. Então, no espírito da natureza externa originou-se a espécie macho e fêmea, ou seja, no Mercúrio ígneo o masculino e no aquoso o feminino”. (Clavis, 86).

“Quando a luz contida na água doce penetrou o espírito amargo, o raio de luz, inflamando-se na água, na qualidade morta, dura e amarga, provocou um movimento em todas as coisas, surgiu a mobilidade (a vida) na existência, não somente no CÉU acima da terra, mas também na terra. A vida começou a ser gerada em todas as coisas, e a terra produziu as plantas, ervas e árvores; dentro da terra se formaram a prata, o ouro e os metais de vários tipos”. (Aurora, XXI. 132; XX. 6).

“Depois que o CÉU foi feito, para a distinção entre a luz de Deus e o corpo corrupto deste mundo tudo mudou; o mundo corrupto era uma vale de trevas, sem luz, onde todos os poderes encontravam-se capturados, como que na morte; era uma situação muito difícil, até que se tornasse iluminado no meio de todo o corpo. Mas quando isso ocorreu o amor na luz de Deus rompeu aquele CÉU da divisão e acionou o calor”. (Aurora XXV 68).

Deus fez uma sólida fundação (firmamento) chamadaCÉU’, entre a geração mais externa e mais interna, entre a Divindade clara e a natureza corrupta, através da qual deve surgir o querer de cada um de ir para Deus. Sobre essa fundação é dito que mesmo os céus não são puros diante de Deus, mas no dia do julgamento a cólera será arrancada de lá”. (Aurora, XX.41).

“O firmamento do CÉU, feito do meio das águas, é uma geração que penetrou através da geração congelada e externa, quer dizer, através da morte, trazendo à tona a vida sideral, tais como animais, homens, pássaros, peixes e vermes”. (Aurora, XX. 60).

“Os espíritos originais, no todo, não podiam ser imediatamente inflamados pela alma, pois a alma era apenas uma semente no todo, oculta no coração de Deus em seu CÉU, até que o criador expandisse o todo pelo Seu sopro. Então os espíritos originais inflamaram a alma, fazendo com que corpo e alma vivessem imediatamente. A alma realmente possuía sua vida antes que o corpo existisse; mas ela encontrava-se no coração de Deus, oculta no todo e no CÉU, e nada mais era do que uma semente santa, um centro de poder em Deus”. (Aurora, XXVI. 126).

“O espírito de Deus reside de eternidade em eternidade unicamente no CÉU, ou seja, em Sua própria essência, no poder da majestade. Quando ele foi soprado na imagem de um homem, surgiu o CÉU no homem; pois, Deus quis revelar-Se no homem, como numa imagem criada à Sua própria semelhança, e manifestar as grandes maravilhas de Sua sabedoria eterna”. (Cons. Stiefel…, I. 36).

“O homem interior permanecia no CÉU; suas essências estavam no Paraíso; seu corpo era indestrutível. Ele conhecia a linguagem de Deus e dos anjos, e a linguagem da natureza, como se pode perceber ao vermos Adão dando nomes a todas as criaturas, cada uma segundo sua própria essência e qualidade”. (Quarenta Questões, IV 7).

“Todas as coisas estavam sujeitas a Adão; seu governo estendia-se do CÉU à terra, a todos os elementos e estrelas, pois o poder divino estava nele manifestado”40 (Mysterium, XVI 2).

“No Paraíso há plantações, assim como neste mundo, mas não com a mesma tangibilidade. Lá o CÉU está no lugar da terra, a Luz de Deus, no lugar do sol e o Pai Eterno no lugar do poder das estrelas”. (Três Princípios…, IX 20).

Deus possui a eterna e imutável vontade para gerar Seu Coração e seu Filho, e assim a alma deveria colocar sua vontade imutável no coração de Deus. Então ela estaria no CÉU e no Paraíso, desfrutando da felicidade inexprimível de Deus o Pai, a que Ele desfruta no Filho; a alma ouviria então as palavras inexpressíveis no coração de Deus”. (Três Princípios… X 14).

“O CÉU estrelado governa em todas as criaturas como se estivesse em sua própria propriedade. Esse CÉU é o homem, e a ‘matéria’ ou a forma aquosa, é sua mulher, que dá á luz ao que o CÉU cria”. (Três Princípios… VII 33).

“Aquilo que a imaginação do espírito penetra se torna expresso na forma corporal através da impressão do desejo espiritual. Portanto, Deus ordenou a Adão, quando ele ainda estava no Paraíso, para não se alimentar, com sua imaginação, da árvore do conhecimento do bem e do mal, para que não mergulhasse no sofrimento e na morte, morrendo para o reino do CÉU, como tem ocorrido atualmente”. (Baptism I 22).

“A qualidade terrestre, que se encontrava no Paraíso numa condição não manifestada, manifestou-se através do desejo da alma. Disso resultou o calor e o frio, a vida-veneno de toda adversidade, a supremacia do corpo, de modo que a bela imagem do CÉU e do Paraíso desapareceu de vista”. (Cons. Stiefel…. II 83).

“Não foi através da tintura-fogo de Adão que esse evento ocorreu, mas em e através da tintura-luz de Adão, onde o amor estava queimando, que se separou dele para constituir a mulher, a mãe de toda a humanidade. Foi nela que a voz de Deus prometeu introduzir novamente a viva e santa substância do CÉU, e gerar de forma nova e no poder divino a enfraquecida imagem de Deus que estava contida ali”. (Grace, VII 18).

“O corpo de Adão foi criado do Limus da terra, e também do Limus do CÉU da santidade; mas o Limus do CÉU, onde a vontade livre poderia conceber-se numa forma celeste e assim mover-se, agir, pensar e orar diante de Deus estava enfraquecido em Adão, e, portanto, os dois irmãos inflamaram (sacrificaram) os frutos da terra. Caim trouxe dos frutos da terra (matéria), mas Abel trouxe do primogênito seus rebanhos (do espírito), e isso foi inflamado através do fogo”. (Mysterium, XXVII 7).

“O Cristo é maior do que todos os anjos do CÉU, porque Ele possui um corpo humano celestial; Ele possui também a noiva celestial eterna, a virgem da divina sabedoria, e, finalmente, a Santíssima Trindade em Sua possessão. Em verdade, podemos afirmar que Ele é uma individualidade na Santíssima Trindade no CÉU, um verdadeiro homem no CÉU, e um eterno rei neste mundo, um senhor do CÉU e da terra”. (Three Princíples, XXII 86).

“No que se refere à Sua divindade, Ele certamente não é um ser criado; mas no que se refere ao Seu estado celeste, quando diz que veio do CÉU e que ainda estava no CÉU, Ele é as duas coisas, uma criatura na natureza humana, e um ser incriado sem a humanidade”. (Cartas, II 54).

“Dizem que Maria era uma virgem eterna da Santíssima Trindade, e que dela nasceu o Cristo; pois, segundo Seu próprio testemunho, Ele não veio da carne e do sangue, mas do CÉU. É verdadeiro o que nosso Senhor disse, que veio de Deus e a Deus retornaria, e que ninguém iria para o CÉU exceto o Filho do Homem, vindo do CÉU e estando no CÉU; mas assim dizendo, falava, evidentemente, de Seu aspecto humano, e não meramente de Sua divindade; pois o Deus eterno não poderia ter sido Filho do Homem, nem um filho do homem poderia surgir da Trindade; foi possível redimir o homem através de uma alma alheia, trazida do CÉU, onde se satisfez a necessidade da penetração e crucificação de Deus em nossa forma (humana)”. (Três Princípios…, XXII, 6I).

“O Cristo não é só uma semente que veio do CÉU, sem possuir nenhuma outra qualidade recebida do homem exceto uma cobertura humana (corpo). Se Ele não possuísse uma natureza humana, não seria o Filho do Homem, nem seria meu irmão”. (Tilk I. 245).

“A virgem pura e imaculada em quem Deus nasceu está diante de Deus e é uma virgem eterna. Ela era pura e sem culpa antes mesmo que o CÉU e a terra fossem criados; essa virgem pura incorporou-se em Maria, de modo que lhe conferiu um novo ser dentro do elemento santo de Deus. Portanto, ela foi abençoada entre as mulheres, e Deus estava com ela, como foi dito pelo anjo”. (Três Princípios…, XXII 38).

“A virgem Maria não se tornou deidificada. O próprio Cristo diz: ‘Ninguém vai para o CÉU exceto o Filho do Homem, que veio do CÉU e está no CÉU’. Todos os outros devem alcançar o CÉU através dele. O Cristo é o seu CÉU, e o Pai é o CÉU de Cristo”. (Três Princípios…, XVIII 89).

“Quando o Verbo penetra o elemento puro, a matriz virginal, Ele não se separa do Pai, mas permanece eternamente, e está em todo lugar, presente no CÉU do elemento em que penetrou, e onde se tornou uma nova criatura, chamadadeus’. Essa nova criatura naturalmente não nasceu da carne e do sangue da virgem (física), mas de Deus, de Seu elemento (a virgem celeste, e no poder da Santíssima trindade, que permanece ali eternamente em sua plenitude). Mas a corporeidade do elemento daquele ser criado é inferior com relação à Divindade, pois Ela é espírito, e o elemento santo é nascido do verbo da eternidade. Desta forma, o Verbo penetrou a serva, o que fez com que todos os anjos do CÉU fossem tomados de surpresa. Trata-se do maior milagre já ocorrido desde toda eternidade, porque isso vai contra a natureza (humana), e só poderia ter acontecido por conta do amor divino”. (Três Princípios…, XVIII 42).

“Para o espírito humano (como tal) seria impossível sair da tormenta de angústia e penetrar a região do CÉU; Deus teve que surgir novamente, no seio da humanidade e ajudar o espírito humano a romper as portas das trevas, a fim de poder penetrá-lo (revestido) de poder divino”. (A Vida Tríplice…, XXI 21).

“Foi da vontade de Deus transmutar a humanidade numa qualidade celeste, após esta ter se tornado terrestre, transformar a terra humana (elemento material) em CÉU, fazer dos quatro elementos apenas um e transformar a ira de Deus, na qualidade humana, em amor. Mas a ira de Deus, tento sido inflamada no homem, era um poder de fogo e fúria, ao qual se deve resistir e transformar em amor, era necessário que o amor propriamente dito, penetrasse a ira, circundando-a totalmente. Não bastava para tanto, que Deus permanecesse no CÉU (em Sua própria auto consciência divina) olhando para a humanidade de forma amorosa. Isso não teria subjugado o poder da fúria e da cólera, a humanidade tão pouco poderia penetrar um estado de amor”. (Assinatura…, XI. 7).

“Após o demônio ter falhado por duas vezes, ele se aproximou com a última e poderosa tentação (dizendo) que lhe daria todo o mundo se ajoelhasse e o adorasse. Adão já havia estado ansioso pela possessão deste mundo; ele desejou torná-lo seu; mas ao proceder desta forma, Adão afastou-se de Deus e foi capturado pelo espírito deste mundo. Agora, o segundo Adão havia que se submeter à essa tentação do primeiro Adão. Havia que ser testado se a alma permaneceria com o homem novo, santo e celestial, vivendo na graça de Deus ou no espírito deste mundo. Mas a alma de Cristo disse ao demônio: “Afasta-te de mim, Satã! Pois está escrito: ‘Deves adorar ao Senhor teu Deus, e Servir à Ele unicamente!’. Assim, o valente guerreiro conquistou, e o demônio teve que partir; tudo o que é terrestre foi superado pelo Cristo. Agora o Senhor está acima da lua, e tem todo o poder no CÉU e no inferno; Ele é Mestre da vida e da morte. Ele deu início ao Seu reino sacerdotal com sinais e milagres. Ele transformou a água em vinho, tornou são o doente, fez com que o cego enxergasse, e o coxo andasse e até despertou o morto para a vida. Ele se sentou na cadeira de Davi e passou a ser o verdadeiro sacerdote na ordem de Melquisedeck”. (Três Princípios…, XXII 3).

“Quando a terra recebeu o sangue de Cristo, tremeu e chacoalhou, pois a cólera de Deus fora conquistada, e nela penetrou o sangue vivo, procedente do CÉU e da substancialidade de Deus”. (Encarnação de Cristo…, I 10).

Deus habita no mundo e preenche todas as coisas; no entanto, Ele nada possui. A luz habita nas trevas, mas não a possui; o dia habita na noite e a noite habita no dia, o tempo na eternidade e a eternidade no tempo; o mesmo ocorre com o homem. Ele próprio é o tempo, e vive com ele segundo seu aspecto externo; é desta mesma forma que o mundo externo existe no tempo; mas o homem interior é eternidade, mundo e tempo espiritual, tal como é criado na luz, de acordo com o amor de Deus, e nas trevas de acordo com Sua cólera. Seu espírito vive naquele princípio que nele está manifestado, seja nas trevas, seja na luz. Cada um deles habita em si mesmo; nenhum deles possui o outro; mas, se um penetra o outro e deseja possuí-lo, este o outro irá perder sua supremacia e poder. Se a luz se manifesta nas trevas, então as trevas deixam de ser trevas; e se as trevas surgem na luz, então a luz e seu poder serão extintos. As trevas eternas da alma constituem o reino do inferno; a luz eterna na alma é seu CÉU. O homem, portanto, é criado e vive nos três mundos. Um é o mundo das trevas eternas que surge do centro da natureza — natureza eterna — onde nasce o fogo como o tormento eterno; o outro mundo, é o da luz eterna, onde reside a alegria e o Espírito de Deus. É neste mundo de luz que o espírito de Cristo assume substancialidade humana. O terceiro mundo onde vive o homem, e do qual foi gerado, é o mundo visível externo, com seus quatro elementos, e as estrelas visíveis”. (Regeneração, I).

“Através da introdução da vontade divina o homem reúne-se a Deus e renasce em sua natureza emocional. Ele começa a morrer com relação ao egoísmo do falso desejo (dentro dele) e a se regenerar em novo poder. Ainda há a qualidade carnal atraída a ele, mas no espírito ele caminha com Deus; desta forma, nasce no homem de carne terrestre um novo homem espiritual com percepções divinas e com uma vontade divina, matando dia após dia, a luxúria da carne, e pelo poder divino, começa a render o mundo, ou seja, a vida externa; Ele começa a fazer com que o CÉU, ou o mundo espiritual interior, se torne visível no mundo externo; Deus torna-se homem e o homem Deus, até que a árvore, finalmente, atinja a sua perfeição, quando a casca externa irá cair, e ela aparecerá como árvore espiritual da vida no jardim de Deus”. (Mysterium, Supplement, VIII).

“A vontade, entregue a Deus diz: ‘Senhor, se é Vosso desejo que eu esteja na prisão ou na miséria, assim desejarei estar. Se me levas ao inferno, convosco irei, pois Vós estais no CÉU. Se eu tiver unicamente a Vós, porque me preocuparia com o CÉU ou com o inferno? Mesmo que meu corpo e minha alma pereçam, em Vós devo permanecer e Vós em mim. Ao Vos possuir, tenho tudo o que quero. Usa-me segundo a Vossa vontade”. (Mysterium, LXVI).

“Por teu próprio poder não há como manter a tranquilidade, que nenhuma criatura pode alcançar. Deves te entregar completamente à vida de nosso Senhor Jesus Cristo, oferecendo a Ele toda tua vontade própria e desejo, a fim de que não desejes nada fora Dele. Estarás então neste mundo e em suas qualidades, no que concerne ao teu corpo. Com tua vontade estarás nos pés da Cruz de Cristo, e com tua vontade irás caminhar no CÉU, no ponto de onde surgem todas as criaturas, e para onde todas retornarão”. (Vida Suprasensual…, IX).

“O homem já está no CÉU o no inferno, neste mundo, onde quer que esteja corporalmente. Se seu espírito está em harmonia com Deus, ele estará então espiritualmente no CÉU e sua alma encontra-se em Deus. Se ele espiritualmente habita a cólera, então já está no inferno e em companhia dos demônios”. (Aurora, XX 86).

“O mesmo verbo eternamente gerado e pronunciado manifesta-se no CÉU — ou seja, no poder da luz — como uma sabedoria santa (deleite), como no inferno, nas trevas, onde se manifesta como chamas de tormento”. (Mysterium, LXI 31).

“O motivo pelo qual nossos antepassados aparecerem, de vez em quando,de forma maravilhosa, deve ser encontrado na fé dos vivos; pois a fé é um poder que move montanhas. A fé das pessoas vivas ainda era boa e pura, e elas não adoravam seus ventres ou o show terrestre. Portanto, a fé destas pessoas penetrou o CÉU; ou seja, o elemento único, os santos. Assim, uma fé alcança a outra; pois os santos também reagem a esta fé poderosa, especialmente aqueles que, sobre a terra, converteram muitos para Deus. É desta forma que obras maravilhosas tem sido realizadas pela invocação da memória dos santos”. (Três Princípios.., XVIII 80).

“As almas que ainda não alcançaram o CÉU possuem o estado humano, com seus feitos, apegando-se à eles e portanto muitas almas deste tipo retornam em sua forma sideral, assombrando suas casas, e são vistas em forma humana. Ela pode pedir por uma coisa ou outra, e pensa ser possível obter a benção dos santos para seu repouso (ela pede oração); ela pode também preocupar-se com filhos e amigos. Tudo isso, contudo, só dura enquanto seu espírito astral for consumido, depois ela entra em repouso. Depois disso todo seu pesar e sofrimento acaba, e a alma não mais tem conhecimento sobre ele; tudo o que vê está nas maravilhas, na magia (do espírito)”. (Quarenta Questões…, XXVI 8).

“Aprenda a conhecer o guia do mundo interior e também o guia do mundo exterior, é conhecer a escola mágica dos dois mundos. Então nossa mente estará livre da desilusão, pois na desilusão não há perfeição. O espírito deve ser capaz de alcançar o mistério. O Espírito de Deus deve ser o guia no desejo do homem. Sem isso o homem estará simplesmente no mistério exterior, no CÉU externo da constelação, que frequentemente incita e guia a alma humana; mas ele não possui a escola de magia divina, que só existe numa mente infantil e simples”. (Epistl. XI 62).

“A alma origina-se de três princípios; ela vive, portanto numa angústia ternária, e está presa por três laços. O primeiro laço liga a alma à eternidade e alcança o abismo do inferno (a vontade ígnea); o segundo é o reino do CÉU; o terceiro é a região das estrelas com os elementos. O terceiro reino não é eterno, mas tem um certo período de existência; no entanto, é o reino que faz o homem crescer, dotando-o de hábitos, vontade e desejos relacionados ao bem e ao mal. Ele lhe confere beleza, riqueza e honras, e o torna um rei terrestre. Este reino permanece com ele até o fim de seu tempo, depois o abandona; da mesma forma que o auxilia a obter a vida, o auxilia na morte, libertando-o da alma astral”.

“Tudo o que fazemos, pensamos e desejamos em nosso ser exterior é obra do espírito deste mundo, atuando em nossa constituição; pois o corpo nada mais é do que o instrumento daquele espírito onde opera, e como todos os outros instrumentos que nascem do espírito deste mundo, irá, por fim, se desfazer e se decompor. Portanto, nenhum homem deve desprezar ou condenar outro homem, caso este não possua as mesmas qualidades que ele; pois o CÉU natural (a constelação) constrói cada homem segundo a natureza das influências regentes. Ele fornece a cada pessoa seus caminhos, modos e caracteres, além de seus desejos e intintos, e isso não pode ser arrancado do homem externo enquanto o CÉU externo não romper sua constituição animal. Mas se o homem externo não faz o que o espírito do mundo externo deseja nele, mas é forçado a abandonar o que é falso e ilusório, então tal poder não procede do CÉU externo, mas do novo homem interior, que precede da eternidade e batalha contra o homem terrestre”; normalmente ele alcança uma vitória sobre o segundo”. (Três Princípios…, XXV 6).

“O homem celeste e santo, oculto no homem monstruoso (externo), está tanto no CÉU quanto Deus, e o CÉU está nele, e o coração e a luz de Deus é gerada e nasce dentro dele. Assim, Deus está nele e ele está em Deus. Deus está mais perto dele do que seu corpo bestial”. 166

“Eleve tua mente no espírito, veja que toda a natureza, com todos os seus poderes, com sua profundidade, largura e peso, CÉU e terra, e tudo que ali se encontra e acima dos céus, é o corpo de Deus, e os poderes das estrelas são as artérias do corpo natural de Deus neste mundo”.(Aurora, II 16).

“Nem no CÉU, nem na terra; nem dentre as estrelas ou elementos, podemos encontrar algum caminho que nos leve ao repouso. Mal entramos na vida, e depois disso é o fim, quando nosso corpo nascerá de volta na terra e todas as nossas obras, trabalhos, ciências e glórias serão herdadas por outros, que também se incomodam por um tempo, com as mesmas coisas, e então nos seguem (para a morte). Isso ocorre desde o princípio do mundo até o seu fim. Durante nossa miséria nunca poderemos saber onde permanece nosso espírito quando o corpo cai e se torna cadáver, a menos que sejamos recém-nascidos, fora deste mundo; de modo que, embora vivamos neste mundo, em nosso corpo, habitamos na nossa alma e espírito em outra vida, nova, perfeita e eterna. Ali, um novo homem será encontrado em nosso espírito e alma, e ali deverá ele viver eternamente. Somente nesta nova forma aprenderemos a conhecer o que somos e onde está nossa verdadeira casa”. (Princípios, XXII 5).

“Se te dizes um Cristão, por que então não acreditas nas palavras de Cristo, quando diz: ‘Eu estarei contigo até o final do mundo’; diz ainda que Ele nos dará seu corpo por alimento e Seu sangue como bebida. Tu perguntas: ‘O Cristo foi para o CÉU, como poderia estar neste mundo?’ Talvez concordes com o fato de que Ele esteja presente conosco em Seu espírito Santo. Mas o que seria do homem recém-nascido em ti, se fosse alimentado unicamente pelo espírito, sendo esse unicamente alimento para a alma? Cada vida alimenta-se de sua própria mãe. A alma é espírito, como do alimento espiritual; o homem recém-nascido prova do elemento puro, e o homem externo daquilo que provém dos quatro elementos”.