Boehme: amor

“A vontade deve buscar ou desejar nada mais do que a misericórdia de Deus no Cristo; deve entrar continuamente no AMOR de Deus, e não permitir que nada a afaste deste objetivo. Se a razão externa triunfa e diz: ‘Eu tenho o verdadeiro conhecimento’ então a vontade deve fazer a razão carnal curvar-se à terra, fazendo com que entre num estado mais elevado de humildade, e com que repita sempre para si mesma as palavras: ‘És tola. Tu nada possuis senão a misericórdia de Deus’. Tente penetrar essa misericórdia e tornar-se um nada em si mesmo, e afaste-se de todo o seu próprio conhecimento e desejo egoísta, reconhecendo-os como algo inteiramente impotente. Então a vontade própria natural, irá entrar num estado de abandono, e o Espírito Santo de Deus irá tomar uma forma viva dentro de ti, inflamando a alma com suas chamas de AMOR divino. Assim, o conhecimento elevado e a ciência do Centro de todo ser irá surgir. O eu humano irá começar a perceber o Espírito de Deus, tremulamente e na alegria da humildade, e será capaz de ver o que está contido no tempo e na eternidade. Tudo está perto de uma alma nesse estado, pois a alma não é mais propriedade sua, mas um instrumento de Deus. Em tal estado de calmaria e humildade a alma deve permanecer, como uma fonte permanece em sua própria origem, ela deve, sem cessar, atrair e beber daquele poço, e nunca mais desejar deixar o caminho de Deus”. (Quietude…, 1, 24).

“Quando meu espírito, cheio de sofrimento, movimentando-se como que numa grande tormenta, sinceramente surgiu em Deus, carregando consigo todo o meu coração e minha mente, com todos os meus pensamentos e com toda a minha vontade; quando eu não podia mais parar de lutar contra o AMOR e a misericórdia de Deus, a menos que sua Benção descesse sobre mim — ou seja, a menos que Ele iluminasse minha mente com Seu Espírito Santo, para que eu pudesse compreender a Sua vontade e me livrar de minha dor, então a luz do Espírito rompeu das nuvens. Enquanto que em meu fervor, lutava poderosamente contra os portais do inferno, como se tivesse mais forças do que as que estavam em minha posse, desejando arriscar a própria vida (que teria sido insuportável, sem o auxílio de Deus); após duras lutas contra os poderes das trevas, meu espírito rompeu as portas do inferno, e penetrou a essência mais íntima da Divindade recém-nascida, onde foi recebida com grande AMOR, tal qual aquele oferecido por uma noiva ao receber seu amado noivo. As palavras não podem expressar a grande satisfação e triunfo que experimentei então; tampouco poderia comparar tal satisfação com qualquer outra coisa, senão com o estado no qual a vida nasce da morte, ou com a ressurreição do morto. Durante este estado, meu espírito imediatamente viu através de todas as coisas, e reconheceu à Deus em todas as coisas, até mesmo nas ervas e nas pragas, e soube o que era Deus e qual era a Sua vontade. Então, minha vontade cresceu rapidamente nessa luz, e recebi um forte impulso de descrever o estado divino.” (Aurora, XIX. 4).

“Não sou um mestre da literatura ou das ciências deste mundo, mas um homem de mente simples. Nunca desejei aprender ciência alguma, mas desde tenra idade busquei a salvação de minha alma, e descobrir como poderia herdar ou possuir o reino do céu. Encontrei em meu interior um poderoso contrarium, ou seja, os desejos pertencentes ao corpo e ao sangue; Ingressei numa árdua batalha contra a minha natureza corrupta, e com o auxílio de Deus, decidi superar a vontade demoníaca que havia herdado, vencê-la e penetrar totalmente no AMOR de Deus no Cristo. Daquele momento em diante, resolvi considerar-me como um morto quanto a minha forma herdada, até que o Espírito de Deus tomasse forma em mim, para que Nele e através Dele, pudesse conduzir a minha vida. Isso era praticamente impossível, mas permaneci firme em minha sincera resolução, travando uma dura batalha contra mim mesmo. Enquanto buscava e lutava, com o auxílio de Deus, uma luz maravilhosa surgiu em minha alma. Era uma luz completamente estranha à minha natureza descontrolada; nela reconheci a verdadeira natureza de Deus e do homem, a relação existente entre eles, algo que nunca havia compreendido, e que nunca teria buscado”. (Tilken… 20-26).

“Centenas de vezes já orei à Deus, implorando para que Ele tirasse de mim todo conhecimento, caso esse não servisse para a Sua glorificação e para o melhoramento das condições de meus irmãos, e para que Ele apenas me mantivesse junto ao Seu AMOR. Mas quanto mais eu oro, mais o fogo interno se inflama, e em tal estado de ignição registro meus escritos”. (Cartas, XII.60).

“Não posso descrever a totalidade da divindade como se fosse um círculo, porque Deus é imensurável; no entanto, a Divindade não é inconcebível ao espírito que repousa no AMOR de Deus. Tal espírito pode atingir a verdade eterna, de parte em parte e desta forma, acabará compreendendo a totalidade”. (Aurora, X. 26).

Deus é a vontade da sabedoria eterna, a sabedoria eternamente gerada Dele, em Sua revelação. Essa revelação ocorre através de um espírito ternário. Primeiro através da Vontade eterna, em seu aspecto de Pai; depois, através da Vontade eterna em seu aspecto de AMOR divino, o centro ou o coração do Pai; e finalmente através do Espírito, o poder que emana da vontade e do AMOR.” (Mysterium I. 2,4).

“O Pai é a vontade do não fundamento (Absoluto). Essa vontade concebe em si mesma o desejo de manifestar-se. Esse AMOR ou desejo é o poder concebido pela vontade ou Pai, dentro de si — ou seja, o Filho, coração ou morada (a primeira fundação dentro da não fundação ou não fundamento), o primeiro princípio dentro da vontade. A vontade é falada através da concepção de si mesma, e essa emissão da vontade em fala ou respiração é o Espírito da Divindade”. (Mysterium, I.2).

Deus em seu aspecto primitivo não deve ser concebido como um ser, mas como um poder ou inteligência constituindo a potencialidade para ser — uma vontade insondável e eterna, onde tudo está contido e que embora sendo tudo é um, mas desejoso de revelar-se e de entrar num estado de ser espiritual. Isso ocorre através do fogo no desejo do AMOR, ou seja, no poder da luz”. (Mysterium, VI 1).

“Aquilo que é tranquilo e sem ser, repousa em si mesmo, não contém as trevas, mas é uma felicidade lúcida, clara e calma. Isso é, pois a eternidade, sem nada mais, e significa acima de tudo Deus. Mas como Deus não pode existir sem um ser, Ele concebe em Si mesmo uma vontade, e essa vontade é AMOR”. (A Vida Tríplice…, II 75).

“A alegria entra no estado de desejo com a finalidade de produzir um AMOR ígneo, um reino de alegria, que não poderia existir na tranquilidade”. (Assinatura…, VI. 2)

Deus é desde a eternidade Poder e Luz, e é chamado Deus por causa disso, mas não de acordo com o espírito-ígneo. Quanto a esse, não falamos dele como Deus, mas como ‘a cólera de Deus’ e a parte de Seu poder que consome. A luz de Deus também possui a qualidade do fogo, mas em nela a cólera é transformada em AMOR; ódio e amargor doem numa humilde beneficência e doce desejo ou satisfação”. (Encarnação de Cristo…, I 5-16).

“A fonte do AMOR é uma detentora e mantenedora da corrente colérica, um superar do poder áspero, pois a brandura afasta o comando do poder duro e pungente do fogo. A luz da paz mantém as trevas aprisionadas e reside nas trevas. O poder rigoroso deseja unicamente o colérico e o aprisionamento na morte; mas a brandura emerge como um doce crescimento, ela desabrocha e supera a morte, dando a vida eterna”. (A Vida Tríplice…, II 92).

“Quando o AMOR revela-se na luz através do fogo, corre pela natureza e a penetra, como o brilho do sol penetra uma erva ou o fogo penetra o ferro”. (Clavis, VIII 36).

“A unidade eterna ou liberdade, per se, é de infinito AMOR e brandura, mas as três qualidades são ásperas, dolorosas e até mesmo terríveis. A vontade das três qualidades anseia pela unidade branda, e a unidade anseia pelo fundamento ígneo e pela sensibilidade. Assim, um penetra o outro, e quando isso ocorre o raio de luz aparece, comparável à chispa produzida pela fricção entre a pedra e o aço. É desta forma que a unidade retém a sensibilidade, e a vontade da natureza recebe a unidade suave. Assim a unidade torna-se uma fonte de fogo, e o fogo penetrado pelo desejo, uma fonte de AMOR”. (Clavis, IX. 49).

“A Quinta Qualidade é o verdadeiro fogo-amor, que na Luz separa-se do fogo doloroso, e onde o AMOR divino aparece como um ser substancial. Ele tem consigo todos os poderes da sabedoria divina; é o tronco ou o centro da árvore da vida eterna, onde Deus, o Pai, revela-se em Seu Filho através do Verbo pronunciado”. (Grace, III. 26).

“A linguagem terrestre é inteiramente insuficiente para descrever o que há de satisfação, felicidade e de AMOR contidos nas maravilhas internas de Deus. Mesmo se a Virgem Eterna as mostrassem em nossas mentes, a constituição do homem é muito fria e escura para ser capaz de expressar mesmo uma centelha sobre elas em sua linguagem”. (Três Princípios…, XIX. 90).

“A luz e o poder do sol revelam os mistérios do mundo externo através da produção e crescimento de vários seres. Da mesma forma Deus, representando o Sol eterno ou o único e eterno Bem, não se revelaria sem a presença de sua natureza espiritual eterna, único lugar em que pode manifestar seu poder. Somente quando o poder de Deus se torna diferenciado e relativamente consciente, de modo que haja poderes individuais combatendo entre si durante seu jogo de AMOR, se abrirá Nele o grande, imensurável fogo de AMOR, através da aproximação da Santíssima Trindade”. (Grace, II.28).

“O Pai é o primeiro de todos os seres concebíeis, mas se o segundo princípio não se tornasse manifesto no nascimento do Filho, Ele não seria revelado. Assim, o Filho, sendo o coração, a luz, o AMOR e a bela e doce beneficência do Pai, mas sendo distinto Dele em Seu aspecto individual, entrega-se ao Pai reconciliado, amoroso e misericordioso. Seu nascimento ocorre no fogo, mas Ele obtém sua personalidade e nome pela ignição da luz clara, branca e suave, que Ele próprio é”. (Três Princípios…, IV. 58).

“O Deus Trino e eterno criou todas as coisas através do Verbo, de Seu próprio Ser, ou seja, de Seus dois aspectos ou qualidades: a natureza eterna, a fúria ou cólera, e de Seu AMOR, através do qual, a cólera ou ‘natureza’ era pacificada. Assim, Ele tudo criou, fazendo com que tudo adquirisse uma existência”. (Stief. II. 33).

“Nenhum espírito criado pode existir sem o mundo-ígneo. Até mesmo o AMOR de Deus não existiria, se a cólera de Deus, ou o mundo do fogo, não existisse Nele; pois a cólera ou o fogo de Deus é a causa da luz, força, poder e onipotência. (Stief. II. 4)”.

“O mundo criado existia antes do mysterium magnum, pois todas as coisas encontravam-se numa condição espiritual na sabedoria, como numa contínua atividade ou luta de AMOR. A Vontade única concebeu essa forma espiritual no Verbo, e permitiu a inteligência (a consciência separada, ou seja, a qualidade azeda e adstringente), agir sem restrição, a fim de que cada poder pudesse entrar ou se construir numa forma de acordo a essa própria qualidade específica”. (Grace, IV. 12).

“Michael representa Deus o Pai. Ele não era Deus, o Pai propriamente dito; mas há entre os seres criados (os anjos) um que representa Deus, o Pai. O círculo ou espaço onde ele e seus anjos são criados é o seu reino; ele é um filho amado de Deus, uma alegria para seu Pai. Não o compare com o coração ou a luz de Deus, que está na totalidade do Pai, e o qual não tem começo nem fim, assim como o Pai. Esse príncipe é um ser criado, e como tal tem um princípio; mas ele está em Deus o Pai, e se curva a Ele no AMOR. Portanto, ele usa sobre sua cabeça a coroa da honra, poder e força, e a não ser o próprio Deus em Sua trindade, não se pode encontrar nada no céu que seja maior, ou mais bonito ou poderoso que ele”. (Aurora, XII 86).

“Assim como Michael fora criado segundo o tipo e a beleza de Deus o Pai, Lúcifer fora criado segundo o tipo e a beleza de Deus o Filho, unido à Ele em AMOR; seu coração repousava no centro da luz, como se fosse o próprio Deus”. (Aurora, XII 101).

“O terceiro rei, Uriel, é formado segundo o tipo e o caráter do Espírito Santo. Ele é um magnífico e belo príncipe de Deus, também unido em AMOR com os outros príncipes, como num só coração”. (Aurora, XII III).

“Quando os espíritos de Deus surgem em sua glória divina, não podem estar amarrados de forma a evitar que se misturem uns com os outros, e os anjos não se limitam pela localidade em que residem. Os espíritos de Deus surgem perpetuamente uns dentro dos outros, e em sua geração eterna, desfrutam de uma contínua troca de AMOR. Assim, os santos anjos movimentam-se uns nos outros e vão juntos em todos os três reinos, de onde cada um recebe de outro, beleza de forma, graça e virtude, felicidade suprema; mas cada um mantém a posição que lhe pertence (seu centro de gravidade) que em seu aspecto, como um ser criado, lhe fora transmitido como sua própria propriedade especial”. (Aurora, XII 57).

“Quando Deus criou os anjos, o príncipe do fogo e da luz se manifestou. Seu espírito ou vida-angústia (consciência) tem sua origem no fogo. Ele foi então passado pela luz, tornando-se ali a angústia do AMOR, através da qual a cólera foi extinta”. (Encarnação de Cristo…, I 3-10).

“Há uma vida superior à vida neste mundo, na eternidade. O espírito deste mundo (a mente terrestre) não pode conceber a sua natureza. Ela contém em si todas as qualidades desta vida terrestre, mas não em essências inflamadas como no último. Verdadeiramente, ela também contém um fogo, e muito poderoso, mas que queima de forma diferente; ele é doce, humilde e sem dor; ele não consome, mas causa majestade e esplendor vivo, seu espírito é puro AMOR e alegria”. (A Vida Tríplice…, VIII. I).

“Cada princípio é atraído pelo conhecimento e sentimentos semelhantes em seu próprio ser. Os princípios existentes na periferia atuam sobre seus princípios correspondentes no centro. AMOR atua sobre AMOR, ódio sobre ódio; o bem é atraído pelo bem e o mal pelo mal. Se não há desejo mal ativo no homem, as influências malignas não podem criar raízes em seu coração. O demônio é a mais pobre de todas as criaturas. Ele não pode mudar uma folha de árvore sem que a cólera esteja presente”. (Pontos Teosóficos V. 15).

“Cada anjo que deseja viver na luz e poder de Deus deve abandonar o egoísmo da dominação do fogo no desejo; deve render a si e tudo o que lhe pertence à vontade de Deus; deve morrer com relação à sua vontade própria e desdobrar-se na luz do AMOR, como um fruto do AMOR divino, a fim de que a vontade-espírito (a vontade espiritual) de Deus comande sua vida”. (Stiefel 11. 49).

“Se os espíritos que surgiam (em Lúcifer) tivessem interagido pacificamente e segundo a vontade de Deus, teriam gerado um filho, o qual seria como o Filho de Deus e seu amado irmão; mas quando surgiram num estado de absoluta ignição, geraram um filho triunfante, auto planejado, que, de acordo com a primeira qualidade, era duro, áspero, frio e escuro; e de acordo com o segundo princípio, de uma aparência ígnea, ardente e amarga. O som nele era um duro som-fogo, e no lugar do AMOR havia um inimigo orgulhoso. Assim, na sétima forma da natureza apareceu um monstro orgulhoso que fantasiou estar acima de Deus, como não havia outro igual. O AMOR esfriou; o coração de Deus não podia mais tocar esse ser pervertido. Sempre que aquele coração, cheio de benevolência e graça, movimentava-se para encontrá-lo, o coração do monstro aparecia escuro, frio, duro e ígneo”. (Aurora, XIII. 40-47).

“A qualidade adstringente foi a primeira assassina, ao perceber que o ser gerava uma bela luz, ela se contraiu de forma ainda mais dura do que quando Deus a criou. A segunda qualidade, a segunda assassina, partiu com grande força para a qualidade adstringente, como se quisesse transformar seu corpo em pedaços. O calor ou o terceiro espírito assassino matou sua mãe, a água doce. O som surgiu tão furioso que soou como um divindade; o fogo surgiu como um terrível raio de luz. Assim, o corpo todo se transformou num vale escuro; não houve conforto, nem ajuda. O AMOR transformou-se em inimigo, e o anjo da luz tornou-se um escuro demônio de trevas”. (Aurora, XIV. 19-25).

“Como os demônios, levados pela concepção e devassidão, incendiaram-se a si próprios, foram completamente expulsos da geração da luz, e não podem concebê-la ou compreendê-la em toda eternidade. No entanto, a habitação de Lúcifer ainda não está completada, porque em todas as coisas nesse mundo ainda há AMOR e cólera residindo juntas, batalhando uma contra a outra. Aquelas coisas ou seres ainda não perceberam a luta da luz, mas somente a luta das trevas”. (Aurora, XVIII.32).

“Há sempre dois reinos (estados a serem distintos nos elementos) em um reina o AMOR emanado de Deus, e no outro Sua cólera. Os demônios residem unicamente no reino da cólera, onde estão encerrados com a noite eterna, e não podem entrar em contato com os bons poderes dos elementos”. (Questões Teosóficas, XIII. 7).

“A imagem do ser criado foi vista na sabedoria, com seus aspectos de cólera e AMOR. Aqui também o Espírito de Deus, emanando eternamente da luz e do fogo do Pai, previu a queda, ou seja, que essa imagem, moldada num ser corporal, seria atraída pela cólera, e perderia seu esplendor divino”. (Considerações Stiefel III. 58).

“Pode ser que se pergunte: Por que Deus não restringiu Lúcifer do desejo maligno? Mas como isso poderia ser feito? Se esse ser de fogo fosse levado ainda mais para a humildade e para o AMOR, sua luz gloriosa se manifestaria ainda mais para ele, e sua ígnea vontade própria cresceria ainda mais com isso. Deveria Ele educá-lo punindo-o? O Objetivo de Lúcifer já era o de excitar em si a fundação mágica, e brincar com o centro das qualidades”. (Mysterium, IX.14).

“Se Lúcifer quiser novamente se tornar um anjo, terá que extrair novamente da unidade e do AMOR de Deus; seu fogo-vida terá que ser consumido pelo AMOR, transformado-se em humildade; mas isso o fundamento infernal (a vontade) nos demônios recusa a permitir”. (Questões Teosóficas, VII.5).

“Antes dos tempos da cólera, havia no lugar desse mundo as seis fontes espirituais, gerando a sétima de forma suave e doce, como ainda acontece no céu, e não crescia ali nem sequer uma gota de cólera. Tudo o que existia era luz e transparência, sem a necessidade de outra luz, pois a fonte do AMOR com o coração de Deus estava iluminando tudo. A natureza era então muito etérea, e tudo permanecia num grande poder. Mas tão logo se deu o início da guerra dos demônios orgulhosos, tudo tomou uma outra forma e modo de ação. A luz se extinguiu na geração externa; consequentemente, o calor tornou-se aprisionado na corporalidade, não podendo mais gerar sua própria vida. Por causa disso, a morte penetrou a natureza e a natureza se degenerou. Uma nova criação da luz se fez necessária, sem o que a terra teria permanecido na morte eterna”. (Aurora, XVII. 2 IV.15).

“A cólera não tocou o coração de Deus, mas o AMOR benevolente emanou de Seu coração, penetrando a mais externa geração da cólera, extinguindo-a. Ele disse: ‘Que haja a Luz’”. (Aurora, 85).

“Depois que o céu foi feito, para a distinção entre a luz de Deus e o corpo corrupto deste mundo tudo mudou; o mundo corrupto era uma vale de trevas, sem luz, onde todos os poderes encontravam-se capturados, como que na morte; era uma situação muito difícil, até que se tornasse iluminado no meio de todo o corpo. Mas quando isso ocorreu o AMOR na luz de Deus rompeu aquele céu da divisão e acionou o calor”. (Aurora XXV 68).

Deus criou Adão para (desfrutar) a vida eterna, no Paraíso, num estado de perfeição paradisíaca. O AMOR divino iluminava o seu interior, assim como o sol ilumina o mundo” (Cons. Stiefel…, I. 36).

“O corpo interior era um lugar onde a Divindade podia habitar, uma imagem da divina substancialidade. Naquele corpo, a alma tinha a sua brandura, e seu fogo havia se tornado brando, pois ela havia recebido o AMOR e a brandura de Deus”. (Tilken… I 233).

“A mente de Adão era inocente como a de uma criança, brincando com as maravilhas de seu Pai. Não havia nele nenhum auto conhecimento da vontade demoníaca, nenhuma avareza, orgulho, inveja, raiva, mas um puro desfrutar do AMOR”. (A Vida Tríplice…, XI 23).

Adão foi concebido no AMOR de Deus e nasceu neste mundo. Tinha posse de uma substancialidade divina e sua alma era de vontade, o primeiro princípio, a qualidade do Pai. Essa vontade deveria ser dirigida, juntamente com sua imaginação, no coração do Pai, ou seja, no Verbo e no Espírito do AMOR e da pureza. A alma humana reteria então, a substância de Deus no Verbo da Vida”. (Encarnação de Cristo…, I 10 2).

“A vontade da alma é livre, e ela pode mergulhar no nada de si mesma e se conceber como o nada, quando irá despontar como um ramo da árvore da vida divina, e provar do AMOR de Deus; ou poderá em sua vontade-própria surgir no fogo e desejo de se tornar uma árvore separada”. (Quarenta Questões… II. 2).

“O mundo externo foi soprado do mundo santo e do mundo de trevas. Ele é, portanto, bom e mal, AMOR e cólera; mas, comparado com o mundo espiritual, não passa de uma fumaça ou neblina”. (Mysterium III 10).

Deus o Pai gera AMOR através de Seu coração, e o sol simboliza o coração eterno de Deus, que dá toda sua força a todos os seres e existência”. (Assinatura…, IV 39).

“Nos seres deste mundo encontramos em todo lugar dois seres em um — primeiro, um ser eterno, divino e espiritual e depois um que tem um princípio, que é natural, temporal e corruptível. O desejo soprado, ou seja, o AMOR do poder divino pela natureza, de onde a natureza e a vontade-própria se originaram — busca livrar-se da vontade natural pervertida, e está destinada, no final dos tempos, a ficar livre da ilusão adquirida, e a ser trazida para uma natureza clara e cristalina”. (Contemplations, I 30).

Deus também produz o segundo princípio em Seu AMOR, de onde gera, de eternidade em eternidade Seu coração e verbo eterno, e o espírito inflama o elo da natureza, e a torna luminosa no AMOR e na vida de Seu coração, pelo poder da luz. Da mesma forma, a alma do homem deseja penetrar o segundo princípio e manter sua ânsia no poder de Deus”. (A Vida Tríplice…, I II-13).

“A essência da alma, que emana da vontade insondável, não morreu. Nada pode destruí-la. Ela permanece para sempre um vontade livre. Mas perdeu o estado divino, onde queimava a luz de Deus e o fogo de Seu AMOR. Não que esse AMOR havia se tornado um nada, embora isso tenha ocorrido na alma criada (não manifestada) e inconsciente; mas o santo poder, ou seja, o espírito de Deus, que era a vida ativa ali, tornou-se oculto” (Grace, VI 2).

“A alma é per se um fogo-tortura, e contém em si o primeiro princípio, a acidez áspera, que tem por seu objeto o fogo. Se deste nascimento (evolução) for extraída da alma a humildade e o AMOR de Deus, ou se ela tornar-se fortemente contaminada pela matéria (desejo material grosseiro) ela permanecerá sendo uma dureza severa, consumindo-se e, no entanto, gerando continuamente nova ânsia em sua vontade própria”. (Encarnação de Cristo…, I 2).

“Nós, pobres filhos de Eva, temos que sentir em nós mesmos, num grande sofrimento, pesar e miséria, como que a cólera nos movimenta, guia e atormenta, a ponto de não mais caminharmos junto ao AMOR de Deus, mas, cheios de veneno, inveja, assassínio e animosidade, perseguimos uns aos outros, denunciando, desonrando e maldizendo, desejando morte e todo tipo de mal uns aos outros, apreciando a miséria do outro”. (Tilk I 4).

Adão era uma completa imagem de Deus, macho e fêmea, não separados, mas puro como uma casta virgem. Ele tinha em si o desejo (poder) do fogo e da luz, a mãe do AMOR e da cólera, e o fogo dentro dele amava a luz, recebendo dela quietude e beneficência; enquanto que a luz amava o fogo como sendo a sua vida, do mesmo modo que Deus,em Sua qualidade de Pai, ama o Filho e o Filho ama o Pai”. (Cons. Stiefel…, II 35 I).

“A mãe-água deseja ardentemente a mãe-fogo, e busca pela criança do AMOR. Do mesmo modo, a mãe-fogo busca a criança na mãe-água, fazendo com que ambos os sexos possuem um forte desejo de se misturar com o outro”. (Três Princípios…, VIII 42).

“A luxúria, contudo, sem ser enobrecida pelo AMOR conjugal afetuoso, é meramente um desejo animal e pecaminoso; se alguém procura no casamento unicamente a gratificação sexual, não é superior a um animal”. (Três Princípios…, XX 64).

“A vontade chamada à ação, durante o ato conjugal é ternária. Primeiro surge entre os pais da criança o desejo animal que se mistura, e durante essa mistura o centro do AMOR se abre, mesmo se tivessem insatisfeitos um com o outro. Esse AMOR participa nas qualidades de um elemento, e esse elemento com o paraíso; mas o paraíso está diante de Deus”. (Três Princípios…, XV 30).

“Se o princípio divino do AMOR ainda não impregnasse toda a natureza neste mundo terrestre, e se nós pobres seres criados não tivéssemos conosco o guerreiro na batalha, com certeza pereceríamos no horror do inferno”. (Aurora, XIV 104).

“A razão (superficial) representa Deus como um ser sem misericórdia, ensinando que Ele lançou sua cólera sobre o homem, e o amaldiçoou com a morte, pois descobriu no homem a desobediência. Não se deve acreditar nisso. Deus é AMOR e bondade. Nele não há pensamento de raiva. O homem estaria bem se não tivesse punido a si mesmo”. (Três Princípios…, X 24).

“Não havia outra salvação para a imagem divina no homem a menos que a divindade se movimentasse de acordo com o segundo princípio, ou seja, de acordo com a luz da vida eterna, e pelo poder do AMOR reascendendo a substancialidade (da alma) que estava aprisionada na morte”. (Encarnação de Cristo…, I II 22).

“Desde toda eternidade estava o nome de Jesus em AMOR imóvel no homem como a imagem de Deus. Mas quando a alma perdeu a luz, então o Verbo pronunciou o nome de Jesus naquilo que era móvel; nas enfraquecidas insígnias da substância do mundo celeste”. (Grace, VII 34).

“Assim que Adão manifestou em si o centro da cólera, Deus instituiu oposição ao demônio, e manifestou nele o poder que esmaga a cabeça da serpente, o qual, anteriormente, quando o pecado ainda não havia aparecido, encontrava-se oculto (latente) no poder de Deus, e em Jesus como o AMOR de Deus, na unidade divina”. (Cons. Stiefel…, II 161).

“Não foi através da tintura-fogo de Adão que esse evento ocorreu, mas em e através da tintura-luz de Adão, onde o AMOR estava queimando, que se separou dele para constituir a mulher, a mãe de toda a humanidade. Foi nela que a voz de Deus prometeu introduzir novamente a viva e santa substância do céu, e gerar de forma nova e no poder divino a enfraquecida imagem de Deus que estava contida ali”. (Grace, VII 18).

“Quando Deus disse: ‘Eu colocarei inimizade, e a semente da mulher esmagará a cabeça da serpente’, então a santa voz partiu de Iahweh para a enfraquecida substância celestial da mulher com o propósito de introduzir ali um novo estado celestial e vivo, e conquistar a inflamada cólera de Deus através do mais exaltado AMOR divino, fazendo com que a monstruosidade e seu desejo fosse inteiramente morto e exterminado”. (Mysterium, XXIII 29, 37).

“Ouça e veja qual era o desejo de Adão e Eva antes e depois da queda. Eles desejaram o reino terrestre e a mente de Eva estava direcionada para as coisas terrestres. Quando ela deu à luz a Caim, disse: ‘Eu tenho o Homem, o Senhor’. Ela pensou que ele era aquele cujo calcanhar esmagaria a cabeça da serpente, afastaria o demônio. Ela não pensou que deveria morrer quanto a sua vontade carnal, terrestre e falsa e renascer na vontade divina. Tal vontade (egoísta) ela carregaria com sua semente, e Adão, da mesma forma, resultando a vontade na essência-alma.145 A árvore produziu um galho de sua própria natureza, pois os pensamentos de Caim tiveram a mesma propensão, tornando-se senhor desta terra. Quando Caim viu que Abel era maior do que ele no AMOR de Deus, sua vontade animal livre surge com o propósito de matar Abel, pois ele preocupava-se apenas com a possessão do mundo externo, e de ser seu senhor, enquanto Abel procurava apenas o AMOR de Deus”. (Mysterium, XXVI 23).

“Antes da encarnação de Cristo a humanidade redimia-se através da palavra incorporada em nome de Jesus. Aqueles que direcionavam sua vontade em Deus e para Deus receberam a palavra da promessa, porque a alma foi aceita. Assim, toda a lei relacionada ao sacrifício nada mais é do que um antítipo da humanidade de Cristo. Aquilo que o Cristo fez como homem, quando através de seu AMOR reconciliou a cólera divina, foi feito (simbolicamente) através do sangue dos animais. A palavra da promessa estava no pacto, e no meio tempo Deus concebeu uma figura (símbolo), e pelo poder do pacto fez com que fosse reconciliado simbolicamente, pois o nome de Jesus estava no pacto, e através da imaginação reconciliou a fúria e a cólera da natureza do Pai”. (Encarnação de Cristo…, I 7 12).

“Nos tempos do Antigo Testamento o acordo pelo sacrifício aconteceu através do fogo santo, que era um símbolo da cólera de Deus. que haveria de consumir o pecado junto com a alma. A qualidade do Pai na cólera estava manifesta nesse fogo, e a qualidade do Filho, no AMOR e na humildade introduziu-se na cólera. Eles sacrificaram a carne dos animais, mas introduziram a imaginação e oração na graça de Deus”. (Baptism, I 2, 23).

“Havia uma qualidade animal, a alma animal, originária dos planetas, anexada à mente do homem, em consequência da qual sua vontade e oração não eram puras diante de Deus, portanto o fogo-cólera de Deus consumiu esta vaidade animal dos homens através do sacrifício; mas a concebida imagem da graça seguiu com a oração para o fogo santo. Assim, os filhos de Israel foram reconciliados com Deus e libertados de seus pecados de forma espiritual, e com relação a futuros, porque o Cristo estava por vir, tomar o estado humano e penetrar em Deus como um sacrifício para o Seu fogo-cólera, transformando a cólera em AMOR”. (Baptism, II 25).

“O Verbo da promessa, que era para os judeus uma espécie de antítipo, ou como uma imagem no espelho, onde o pai colérico imaginou e onde extinguiu Sua cólera, começou a se movimentar essencialmente, como se não tivesse se movimentado desde a eternidade; pois, quando o anjo Gabriel trouxe a Maria a mensagem de que teria um filho, e quando ela expressou seu desejo dizendo: ‘Que seja feita a tua vontade’, o centro da Santíssima Trindade movimentou-se; isso quer dizer que, a virgindade eterna perdida por Adão, se abriu nela, no Verbo da vida. O fogo do AMOR divino no ser de Maria, na essência virginal corrompida em Adão, fora novamente restaurado”. (Encarnação de Cristo…, I 8, 3. 4).

“O Verbo, que permaneceu na virgem da sabedoria circundado pelas maravilhas eternas, saiu do grande AMOR e penetrou novamente a nossa imagem, destruída em Adão, tornando-se humano em Maria em consequência da benção” (Quarenta Questões…, XXXVI 10).

“Como o sol brilha por todo o mundo externo, fazendo com que todas as coisas se tornem mais poderosas e férteis, sem deixarem de ser distintos entre si (em seus centros corporais), do mesmo modo, o Cristo, como um Sol manifestado, brilha de Iahweh ou Jesus (da profundeza de), na humanidade criada de Cristo. Iahweh é o Sol divino e eterno, e dentro deste Sol encontra-se oculto de todas as criaturas o grande Amor-Sol de Cristo, como um coração no centro da Santíssima Trindade; mas pelo movimento da Divindade Ele se revelou como um Sol santo do AMOR divino”. (Cons. Stiefel…, II 422)

“Quando o Verbo penetra o elemento puro, a matriz virginal, Ele não se separa do Pai, mas permanece eternamente, e está em todo lugar, presente no céu do elemento em que penetrou, e onde se tornou uma nova criatura, chamada ‘deus’. Essa nova criatura naturalmente não nasceu da carne e do sangue da virgem (física), mas de Deus, de Seu elemento (a virgem celeste, e no poder da Santíssima trindade, que permanece ali eternamente em sua plenitude). Mas a corporeidade do elemento daquele ser criado é inferior com relação à Divindade, pois Ela é espírito, e o elemento santo é nascido do verbo da eternidade. Desta forma, o Verbo penetrou a serva, o que fez com que todos os anjos do céu fossem tomados de surpresa. Trata-se do maior milagre já ocorrido desde toda eternidade, porque isso vai contra a natureza (humana), e só poderia ter acontecido por conta do AMOR divino”. (Três Princípios…, XVIII 42).

“O homem deve, novamente, deixar o espírito dos planetas e elementos e penetrar um novo nascimento, na vida de Deus. Isso a alma não pode realizar pelo próprio e, portanto, a vida de Deus que emana do AMOR e da misericórdia veio até nós em carne e tomou nossa alma humana novamente para si, na vida divina, no poder da luz; assim, nesta vida devemos ter um novo nascimento e penetrar em Deus” (A Vida Tríplice…, I 17).

“Foi da vontade de Deus transmutar a humanidade numa qualidade celeste, após esta ter se tornado terrestre, transformar a terra humana (elemento material) em céu, fazer dos quatro elementos apenas um e transformar a ira de Deus, na qualidade humana, em AMOR. Mas a ira de Deus, tento sido inflamada no homem, era um poder de fogo e fúria, ao qual se deve resistir e transformar em AMOR, era necessário que o AMOR propriamente dito, penetrasse a ira, circundando-a totalmente. Não bastava para tanto, que Deus permanecesse no céu (em Sua própria auto consciência divina) olhando para a humanidade de forma amorosa. Isso não teria subjugado o poder da fúria e da cólera, a humanidade tão pouco poderia penetrar um estado de AMOR”. (Assinatura…, XI. 7).

“Quando os dois reinos, a cólera de Deus e o AMOR de Deus estavam lutando um contra o outro, o Cristo surgiu como herói. Desejando render-Se à cólera (ao sofrimento causado pelos princípios baixos despertados para a consciência em consequência do pecado), Ele a extinguiu com Seu AMOR. Ele veio de Deus para este mundo e tomou nossa alma para Si, a fim de poder nos tirar do estado terrestre para Si próprio e nos conduzir à Deus. Ele nos regenerou em Si próprio, para que fossemos capazes de viver novamente em Deus, e para que pudéssemos colocar nossa vontade Nele. Com Ele fomos conduzidos ao Pai, à nossa primeira morada, ou seja, ao Paraíso, o qual Adão havia deixado”. (Encarnação de Cristo…, I II 6).

“Depois que a alma de Cristo recebeu o pão celeste, era preciso observar se ela se manifestaria no poder do fogo da vaidade, ou, se plena de humildade, se manteria unicamente no coração e na vontade de Deus, entregando Sua alma e se tornando um anjo da humildade. Nota-se aqui, a astúcia do demônio, pois ele toma as Escrituras e diz: ‘Os anjos irão conduzi-lo sobre suas mãos’. Esta passagem tem sido mal aplicada, pois não se refere ao corpo físico, mas à alma. Isso ele quis introduzir no orgulho, para que se confiasse em ‘ser carregado pelos anjos’; mas o Redentor disse: ‘Também está escrito: Tu não tentarás o Senhor teu Deus’. Desta forma, ele venceu o orgulho do demônio para penetrar a humildade e o AMOR de Seu Pai celestial”. (Três Princípios…, XXII 108).

“Na carne externa do Redentor encontrava-se a parte demoníaca, aquela que surgiu em Adão ao morrer para Deus. Ora, esse produto tinha que ser novamente recebido no AMOR de Deus, como Isaias afirmou sobre o Cristo: ‘Ele tomou todos os nossos pecados para Si’. O Adão amaldiçoado ficou pendurado na Cruz, como uma maldição, mas o Cristo o redimiu pela dor do sofrimento inocente e pelo derramamento de Seu sangue. O corpo de Adão morreu na Cruz e Cristo, nascido de Jesus e da semente santificada da mulher, o tingiu (abençoou) com Seu precioso sangue de AMOR”. (Cons. Stiefel…, II 494).

“Cristo, o homem interior, tomou nossos pecados para Si, e deixou o corpo, no qual havia derramado a maldição de Deus, pendurando na Cruz como uma maldição de Deus. Assim Ele morreu, e em Sua morte espalhou Seu sangue, o sangue do homem santo, na essência do homem externo, onde reside a morte. Mas quando seu sangue santo penetrou a morte (com a essência externa), então a morte se tornou terrificada diante da vida santa, e a cólera, terrificada diante do AMOR, e caiu em seu próprio veneno, como que morta ou aniquilada”. (Cons. Stiefel…, II 205).

“Quando o Verbo pronunciado de Deus na qualidade humana aprisionou-se no Redentor, a essencialidade que havia morrido em Adão, mas que se tornou novamente viva em Cristo, clamou juntamente com a alma: ‘Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonastes?’ Isso significa que a cólera de Deus havia penetrado, através da qualidade da alma, a imagem da essencialidade divina, e que havia absorvido a imagem de Deus, porque era essa a imagem da serpente na alma ígnea, a cabeça da cólera de Deus, para transformar seu poder ígneo na vida-sol eterna. Como uma vela se extingue ao queimar-se, e assim como desta morte surge a luz e o poder, da mortificação e da morte de Cristo havia que surgir o sol divino e eterno na qualidade humana. Assim, havia que morrer, neste caso, não só o egoísmo da qualidade humana, ou seja, a vontade-própria da alma com relação à (seu desejo pela) vida no poder do fogo, e se perder na imagem do AMOR; mas, essa mesma imagem do AMOR havia que penetrar a cólera da morte, a fim de que tudo mergulhasse na morte e através da morte e da humildade perfeita, e na vontade e misericórdia de Deus, surgisse novamente na substancialidade paradisíaca, a fim de que o espírito de Deus pudesse ser tudo em tudo”. (Assinatura…, XI 87).

“A verdadeira essencialidade em Cristo não afastou a consciência terrestre, mas a penetrou como senhor e conquistador. A verdadeira vida deveria ser a primeira a ser conduzida à morte e à cólera de Deus. Isso ocorreu na Cruz, ocasião em que a morte foi destruída e a cólera aprisionada e extinta pelo AMOR, consequentemente conquistada”. (Encarnação de Cristo…, IX 16).

“Quando o Filho de Deus derramou Seu sangue santo em Cristo, o veneno da cólera na carne, alma e espírito de Adão, que tomou para Si, foi santificado e transformado em AMOR. Assim, a inimizade cessou e Deus tornou-se Emanuel; ou seja, homem com Deus e Deus com o homem. Então a carne de Adão foi tingida e preparada para a ressurreição”. (Cons. Stiefel… II 209).

“É errôneo supor que a alma de Cristo havia deixado o corpo e descendido ao inferno, e que ali, havia, no poder divino, atacado os demônios, atando-os com correntes, destruindo com isso o inferno. É melhor compreender que no momento em que o Cristo prostou o reino deste mundo, Sua alma penetrou a morte e a cólera de Deus, e com isso a cólera foi reconciliada no AMOR. Os demônios e todas as almas descrentes na cólera foram aprisionadas em si mesmas, e a morte foi rompida; mas a vida floresceu através da morte”. (Três Princípios…, XXV 76).

“Pelo poder da tintura celestial Deus acendeu o fogo que havia se tornado escuro na essência da alma, dali por diante, aquele fogo passou a queimar num poder limpo, branco e majestoso, na luz e glória, e a cólera de Deus foi extinta na essência da alma e foi feita AMOR”. (Tilk II 259).

“A cólera do pai havia que consumir a vida de Cristo, na morte; mas quando a cólera engoliu a vida na morte, a vida santa do mais profundo AMOR de Deus movimentou-se na morte e na cólera, engolindo a cólera. Então a terra começou a tremer, as pedras rolaram e as tumbas dos santos foram abertas”. (Mysterium, XXVIII 123).

“Depois que o Pai trouxe a alma do redentor, que havia penetrado Sua cólera, de volta ao AMOR, ou seja, na imagem do Paraíso, que havia desaparecido, o mundo tremeu no terror da morte, como se fosse um terror de alegria, alegria que penetrou os corpos mortos daqueles que haviam esperado pela vinda do Messias, e os despertaram para a vida. Foi esse mesmo terror que rasgou a cortina do Templo, ou seja, o véu de Moisés, pendurado diante da clara face de Deus, a fim de que o homem não visse à Deus”. (Assinatura…, XI 71).

“O fundamento mais interno no homem é Cristo; mas não de acordo com a natureza humana do homem, mas segundo a natureza de Cristo, a qualidade divina em Sua essência celestial, a qual Ele regenerou. O segundo fundamento é a alma, ou seja, a natureza eterna, onde o Crksto (a luz) se revelou; e o terceiro fundamento é o homem exterior, proveniente do limus da terra com as estrelas e os quatro elementos. No primeiro fundamento está a vida ativa do AMOR divino; no segundo fundamento está a vida-fogo natural da alma criada, onde Deus é chamado de Deus ígneo; e no terceiro, está a criação de todas as qualidades nas quais Adão permaneceu na temperatura, e que foi objetificada na queda”. (Grace, IV 37).

“’Cristo significa um penetrador; o ato de afastar o poder da cólera; a iluminação das trevas pela luz; a transmutação (na alma do homem), pela qual a satisfação do AMOR rege sobre o brilho do fogo em seu aspecto colérico; a superioridade da luz sobre as trevas”. (Assinatura…, VII 32).

Deus habita no mundo e preenche todas as coisas; no entanto, Ele nada possui. A luz habita nas trevas, mas não a possui; o dia habita na noite e a noite habita no dia, o tempo na eternidade e a eternidade no tempo; o mesmo ocorre com o homem. Ele próprio é o tempo, e vive com ele segundo seu aspecto externo; é desta mesma forma que o mundo externo existe no tempo; mas o homem interior é eternidade, mundo e tempo espiritual, tal como é criado na luz, de acordo com o AMOR de Deus, e nas trevas de acordo com Sua cólera. Seu espírito vive naquele princípio que nele está manifestado, seja nas trevas, seja na luz. Cada um deles habita em si mesmo; nenhum deles possui o outro; mas, se um penetra o outro e deseja possuí-lo, este o outro irá perder sua supremacia e poder. Se a luz se manifesta nas trevas, então as trevas deixam de ser trevas; e se as trevas surgem na luz, então a luz e seu poder serão extintos. As trevas eternas da alma constituem o reino do inferno; a luz eterna na alma é seu céu. O homem, portanto, é criado e vive nos três mundos. Um é o mundo das trevas eternas que surge do centro da natureza — natureza eterna — onde nasce o fogo como o tormento eterno; o outro mundo, é o da luz eterna, onde reside a alegria e o Espírito de Deus. É neste mundo de luz que o espírito de Cristo assume substancialidade humana. O terceiro mundo onde vive o homem, e do qual foi gerado, é o mundo visível externo, com seus quatro elementos, e as estrelas visíveis”. (Regeneração, I).

“Se, então, a alma participa deste alimento celestial, ela é acesa pelo grande AMOR que habita no nome Jesus. Sua angústia se converte em grande alegria e um sol real surge dentro dela, enquanto se torna regenerada em uma outra vontade. Ocorre então o casamento do Cordeiro, do qual os cristãos da boca para fora, falam sem nada compreenderem”. (Regeneration, IV).

“O homem interior mata continuamente o exterior através do AMOR e doçura de Deus, a fim de que o externo não possa introduzir na alma-fogo seu desejo terrestre venenoso, que está infectado pelo demônio; mas o homem exterior não pode ser inteiramente destruído, pois se isso ocorresse o reino deste mundo o deixaria inteiramente”. (Cons. Stiefel…, I 51).

“Onde quer que o eu não habite, ali habita o AMOR. Na tranquilidade do fundo da alma, onde ela morre para si mesma, e onde ela nada deseja senão o que Deus deseja (nela), ali reside o AMOR. Na medida em que a vontade própria morre, a mesma medida é ocupada pelo AMOR. No lugar onde antes se encontrava a vontade própria, agora não há nada, e toda vez em que não houver nada, só ali estará ativo o AMOR de Deus”. (Supernatural Life, XXVIII).

“Quando uma pessoa neste mundo morre aparece diante do anjo que em sua espada carrega a morte e a vida, o AMOR e a cólera de Deus. Ali sua alma passa pelo julgamento, nos portais do paraíso. Se foi capturada pela cólera de Deus, não será capaz de passar pela porta, mas se é uma criança da virgem, nascida da semente da mulher (celestial), então ela passará. O anjo irá cortar de sua natureza, aquilo que fora gerado pela serpente, e a alma irá então servir a Deus em seu santo templo no Paraíso, esperando ali pela ressurreição de seu corpo (celestial)”. (Mysterium, XXV 2).

“Não há três almas separadas no homem, mas apenas uma. Essa alma permanece em três princípios, ou seja, no reino da cólera, no reino do AMOR de Deus e no reino deste mundo. Quando o ar do reino externo deste mundo deserta a alma, ela se manifesta ou no obscuro reino do fogo ou no santo reino da luz, que é o reino do fogo-amor, o poder de Deus. Seja qual for o plano com a qual ela se envolveu durante sua existência terrestre, ali ela permanece depois que o reino externo a deixa”. (Mysterium, XV 24).

“Aqui na vida da alma está o equilíbrio. Se ela é má, pode renascer no AMOR; mas quando o equilíbrio é rompido e o ângulo é virado, então ela estará naquele princípio que nela prevalece”. (Quarenta Questões…, XXIII 10).

“O princípio do pai dentro da alma tem sua base num fogo incandescente que origina a luz, e nesta luz repousa a nobre imagem de Deus. Essa luz modera o fogo incandescente através da substancialidade do AMOR, tornando-o beneficente para a natureza e para a vida”. (Cartas, VIII 78).

“Aquelas almas sinceras que operaram as maravilhas de Deus em Sua vontade aos pés da Cruz, tendo recebido o corpo de Deus, ou seja, do Cristo, e que caminharam ali em justiça e verdade, todos os seus feitos também o seguirão, em sua forte vontade e desejo, e experimentam um enorme prazer no AMOR e misericórdia de Deus, pelos quais estão continuamente rodeados. As maravilhas de Deus são seu alimento; elas vivem na glória, poder, força e majestade além de qualquer descrição”. (A Vida Tríplice…, XVIII 12).

“Não é possível descrever, por antecipação, o tipo de purgatório que tal alma terá que passar; através de sua pequena chama (de AMOR), ela pode penetrar na vida eterna. O mundo não acreditaria em tal descrição; o mundo é muito esperto, e muito cego para compreender. As pessoas sempre se apegam à letra. Desejo, por Deus, que ninguém passe por essa experiência; Prefiro ficar quieto e não falar nada sobre o assunto”. (Quarenta Questões…, XVIII).

“A oração dos vivos para os mortos são úteis na medida em que os que oram sejam verdadeiros Cristãos (em seus corações), num estado de regeneração. Se a pobre alma não se tornou inteiramente brutalizada num verme ou animal, mas se ela ainda penetra em Deus com seu desejo, estando, portanto conectada à Ele pelo fio da regeneração, e se a alma-espírito daqueles que oram, juntamente com a pobre alma volta-se para Deus em fervoroso AMOR, então a primeira irá auxiliar a segunda no combate contra os elementos das trevas e romper as correntes do demônio. Isso é especialmente possível na hora”da separação do espírito do corpo, e eminentemente no caso de pais, filhos ou parentes de sangue; pois entre aqueles que estão ligados entre si pelo sangue as tinturas entram mais facilmente na harmonia necessária (co-vibração), e então o espírito fica mais propenso a entrar na batalha, havendo mais facilidade de conquistar do que se apenas estranhos estiverem presentes. Tudo isso é porém inútil, a menos que estas pessoas estejam, elas próprias num estado de regeneração, pois um demônio não pode destruir a outro. Se a alma do moribundo está inteiramente separada daquilo que a liga a Cristo, e se ela não alcança por seus esforços próprios está ligação. as orações dos outros não valem de nada”. (Três Princípios…, XIX 55).

“A pedra-de-toque do Cristianismo é seu AMOR para com Deus e a humanidade”. (A Vida Tríplice…, XIII 42).

“Está Escrito que é muito difícil um homem rico entrar no reino dos céus. Isso não se refere à posse de bens, mas a uma vida vã e avarenta; pois enquanto o homem engorda, Deus é esquecido. Ninguém deve imaginar ser abençoado por ser pobre. Se ele é um incrédulo e descrente, está então no reino do demônio, além de sua pobreza. Nem o homem rico deve jogar fora seu dinheiro, nem dá-lo ao gastador, pensando com isso alcançar a benção eterna. O reino de Deus está na verdade, na justiça, e no AMOR para com os necessitados. Ele não condena ninguém que use apropriadamente o que tem. Não se deve deixar o cetro e ficar num canto lamentando-se. Isso não passa de hipocrisia. Você pode servir muito melhor a lei da justiça e ao reino de Deus, mantendo seu cetro, protegendo o fraco e oprimido e trabalhando pelo certo e pelo justo; não segundo sua avareza, mas no AMOR e temor de Deus”. (Princípios, XXV 74).

“Não há mais do que dois reinos movendo-se no homem. Um é o reino de Deus, onde está o Cristo, desejando-o; o outro é o reino do inferno, onde está o demônio, desejando-o também. A pobre alma terá que batalhar, pois está no meio. Cristo oferece a ela o novo manto, e o demônio as roupas do pecado; sempre que o homem tem um bom pensamento ou desejo por Deus, desejando entrar em verdadeira sintonia (tornar-se um com o Divino), esse pensamento, com certeza, não vem dele, mas do AMOR de Deus, e a nobre virgem o chama para que venha, e para que não desistas de seus esforços. Mas, se neste caminho, o homem se depara com seus grandes pecados, que tentam dete-lo como montanhas, de modo que não encontra paz em seu coração, isso é, com certeza obra do diabo, que o faz pensar que Deus não quer ouvi-lo. Nestes momentos não deixe que nada te detenha ou te terrifique; pois o demônio é teu inimigo. Está escrito que se os pecados dos homens fossem vermelhos como sangue eles se arrependessem verdadeiramente, os mesmos se tornariam brancos como a neve”. (Princípios, XXIV 34).

Deus é a unidade eterna, o imensurável bem único, não tendo nada antes ou depois dele que pudesse dotá-Lo de algo ou movimentá-Lo. Não há Nele qualquer inclinação ou qualidades, não há princípio no tempo, dentro de si apenas a unidade. É a própria pureza, sem nenhum contato; não necessita lugar ou localidade para sua habitação, estando ao mesmo tempo fora e dentro do mundo. Em sua profundidade nenhum pensamento pode penetrar, nem pode sua grandiosidade ser expressa em números, pois é infinito. Tudo o que pode ser contado ou medido é natural ou figurativo, mas a unidade de Deus não pode ser definida. Ele é tudo, e tem sido reconhecido como bom, e é chamado “bom”, pois é eterna brandura e beneficência com a sensibilidade da natureza e da criatura, o mais doce AMOR. Pois, a unidade em seu aspecto bom, emana de si mesma, introduzindo-se em vontade e movimento. Ali, a unidade vive e penetra a vontade ou o movimento, os quais experimentam a brandura da unidade. Este é o fundamento do AMOR na unidade, do qual Moisés diz: ‘O Senhor ou Deus é um Deus santo, e não há outro além dele’” (Theosophical Questions I I).

“Na quinta qualidade a glória e majestade de Deus manifesta-se como luz de AMOR. Está escrito que Deus reside na luz, na qual ninguém pode penetrar. Isso significa que nenhum ser criado nasceu do fogo central do AMOR, pois este é o mais sagrado fogo, o próprio Deus em Sua Trindade. Deste fogo santo foi emanado o JAH, um raio da unidade sensível. Este é o precioso nome de Jesus, redimindo a pobre alma do fogo-colérico, e ao tomar a natureza humana, abandona-se ao fogo central de Deus na alma, na cólera de Deus dentro da alma; acendendo-a novamente com o fogo-amor, e unindo-a à Deus”. (Theos. Quest. III 25).

“A alma ígnea, pura como o ouro limpo, testada no fogo de Deus, é o esposo da nobre Sophia, pois ela é a tintura da luz. Se a tintura do fogo é perfeitamente pura, então a Sophia se unirá à ela e Adão receberá novamente a noiva mais nobre, que foi dele afastada durante seu sono; ele a tomará em seus braços. Não se trata de homem ou mulher, mas um ramo na árvore de pérolas que encontra-se no paraíso de Deus. Mas como a noiva recebe seu noivo na qualidade-ígnea clara e brilhante dele, e como lhe dá um beijo de AMOR, isso só será compreendido por aqueles que estiveram no casamento do Cordeiro. A todos os outros isso permanecerá um mistério”. (Mysterium Magnum, XXV 14).

“A palavra Sul e é a alma de algo; pois na palavra Súlfur ela é o óleo ou a luz, que nasce da sílaba Phur. É a beleza ou a bondade de algo; seu AMOR ou o amado. Na criatura é a inteligência e o sentido, é o espírito nascido da sílaba Phur. A palavra ou sílaba Phur é a Prima Matéria, penetrando o terceiro princípio em si mesmo, o Macrocosmo de onde nasce a essência ou o reino (terrestre) elemental; mas, no primeiro princípio é a essência da geração mais interna, de onde Deus, o Pai, desde a eternidade dá nascimento a Seu Filho. No homem também é a luz que nasce do espírito sideral em outro centro do Microcosmo, mas no Spiraculum é um espírito-alma no centro interior. É a luz de Deus, que por si só, possui aquela alma que está no AMOR de Deus, pois ela é iluminada e soprada pelo Espírito Santo”. (Três Princípios…, II 7).

“Naquela qualidade em que cada palavra na voz humana no ato do pronunciamento se forma e se manifesta, até no AMOR de Deus, assim como nos santos Ens, ou na cólera de Deus; na mesma qualidade ele irá ser tomado novamente, após ter sido pronunciado. A palavra falsa torna-se infectada pelo demônio, e selada pelo (futuro) detrimento, e é recebida no Mysterium da cólera, como na qualidade do mundo de trevas. Cada coisa retorna com seu Ens para aquele lugar de onde teve sua origem”. (Mysterium Magnum, XXII 6).