Boehme: Adão

Deus quis criar um exército angélico. Para tanto, criou ADÃO, que deveria gerar de seu próprio corpo, criaturas de sua mesma espécie; mas no meio tempo, deveria nascer do corpo de um homem o Rei de todos os homens; Ele deveria tomar posse do novo reino como um governante destes seres criados, no lugar do degenerado e banido Lúcifer”29. (Aurora, XXIV 18).

ADÃO deveria ser um perfeito símbolo de Deus, criado da Magia eterna, a substância de Deus; ele era para ser algo feito do nada, do espírito — o ideal — para um corpo”. (Encarnação de Cristo… I.5).

“O corpo de ADÃO (o corpo etéreo do homem aborígine) foi criado dos quatro elementos da natureza externa, e das estrelas (da essência das estrelas), por meio do Fiat eterno. Desta forma, ele estava em posse da essencialidade terrestre e divina; mas a terrestre estava na divina como que consumida ou impotente (latente). A substância ou a matéria da qual o corpo foi feito ou criado também continha o primeiro princípio em si, mas não estava em movimento”. (Encarnação de Cristo…, I 3, 15).

“Simultaneamente à introdução de Sua divina imagem, ADÃO recebeu também a palavra viva de Deus (inteligência espiritual) para fornecer alimento à sua alma”. (Encarnação de Cristo…, I 3 24).

Deus criou ADÃO para (desfrutar) a vida eterna, no Paraíso, num estado de perfeição paradisíaca. O amor divino iluminava o seu interior, assim como o sol ilumina o mundo” (Cons. Stiefel…, I. 36).

“A mente de ADÃO era inocente como a de uma criança, brincando com as maravilhas de seu Pai. Não havia nele nenhum auto conhecimento da vontade demoníaca, nenhuma avareza, orgulho, inveja, raiva, mas um puro desfrutar do amor”. (A Vida Tríplice…, XI 23).

“Quando ADÃO foi criado no Paraíso, sua alma queimava como uma chama de óleo puro. Portanto, sua percepção era celestial, e sua inteligência superava e compreendia coisas além da natureza”. (Assinatura…, VII. 2).

“O homem interior permanecia no céu; suas essências estavam no Paraíso; seu corpo era indestrutível. Ele conhecia a linguagem de Deus e dos anjos, e a linguagem da natureza, como se pode perceber ao vermos ADÃO dando nomes a todas as criaturas, cada uma segundo sua própria essência e qualidade”. (Quarenta Questões, IV 7).

ADÃO, depois de ter sido criado por Deus, encontrava-se no Paraíso num estado de satisfação, glorificação e beleza, pleno de conhecimento. Deus então, trouxe diante dele, como senhor do mundo, todos os animais, a fim de que os observasse e desse um nome a cada um, segundo a essência e poder específico. ADÃO sabia que ele estava dentro de cada criatura, e deu a cada um seu nome apropriado. Deus pode ver nos corações de toda as coisas, e o mesmo podia ser feito por ADÃO.”38 (Três Princípios…, X 17).

“Todas as coisas estavam sujeitas a ADÃO; seu governo estendia-se do céu à terra, a todos os elementos e estrelas, pois o poder divino estava nele manifestado”40 (Mysterium, XVI 2).

ADÃO encontrava-se no Paraíso, ou seja, na temperatura. Ele encontrava-se numa certa localidade, a saber, onde o mundo santo estava florescendo pela terra e gerando os frutos do Paraíso”. (Grace, V.34).

“Todo o mundo seria um só Paraíso se não tivesse sido corrompido por Lúcifer. Mas como Deus sabia que ADÃO iria cair, produziu em um só lugar, onde o homem pudesse encontrar uma morada apropriada e ali fosse fortificado”. (Mysterium, XVII 7).

Deus viu e sabia que o homem iria cair, por isso o Paraíso não floresceu e gerou frutos em todo o mundo por meio da terra, embora estivesse manifestado em todo lugar, mas apenas no Jardim do Éden, onde ADÃO foi tentado, é que ele se tornou revelado em sua total magnificência”. (Cartas, XXXIX 28).

“Em ADÃO estava manifestado o reino da graça, a vida divina, porque vivia na temperatura (harmonia) das qualidades, mas ele não sabia que Deus estava revelado nele. Do mesmo modo sua vontade-própria não sabia o que era bom, pois até então não havia experimentado mal algum. Como poderia haver qualquer satisfação se nenhuma dor era conhecida?” (Grace, IX 15).

ADÃO foi concebido no amor de Deus e nasceu neste mundo. Tinha posse de uma substancialidade divina e sua alma era de vontade, o primeiro princípio, a qualidade do Pai. Essa vontade deveria ser dirigida, juntamente com sua imaginação, no coração do Pai, ou seja, no Verbo e no Espírito do amor e da pureza. A alma humana reteria então, a substância de Deus no Verbo da Vida”. (Encarnação de Cristo…, I 10 2).

“A alma de ADÃO poderia ter governado poderosamente sobre o princípio externo, caso tivesse entrado novamente com sua vontade no coração de Deus, na palavra do Senhor”. (Quarenta Questões… IV 2).

ADÃO também foi criado na qualidade externa, para manifestar em formas e executar em obras aquilo que havia sido percebido na sabedoria eterna”. (Encarnação de Cristo…, I 4).

“O Homem foi criado no Paraíso, que brotou sobre a terra, e da terra do paraíso foi criado o corpo de ADÃO, pois ele era um senhor da terra; ele estava destinado a revelar as maravilhas da terra. Se esse não fosse seu propósito, Deus o teria dotado de um corpo angélico; mas nesse caso o ser substancializado com suas qualidades maravilhosas não seria revelado”. (Encarnação de Cristo…, II 12).

“O homem permanecia nos três princípios, que se encontravam em igual concordância dentro dele, mas não fora dele; pois o mundo de trevas tinha um desejo diferente daquele do mundo de luz; da mesma forma, o mundo externo tinha um desejo diferente daquele do mundo de trevas e do mundo de luz. Assim, a imagem de Deus estava entre os três princípios, onde todos em seu desejo eram condutores àquela imagem. Cada um deles queria se manifestar em ADÃO, para tê-lo em seu próprio regimento ou como governador, e para manifestar suas maravilhas através dele”. (Mysterium, XVII 34).

“A alma de ADÃO apaixonou-se pela criação da palavra formada em sua diferenciação, sem a conscientização do poder de distinção, ela entrou na concupiscência, na diferenciação”. (Grace, VI 33).

“A alma queria conhecer como seria se a temperatura se separasse, ou seja, se dividisse, como o calor e o frio, a umidade e a secura, a dureza e a moleza, o azedo e o doce, o amargo e o salgado; ela queria provar estas e as outras qualidades separadamente, embora isso tivesse sido proibido a ADÃO, por Deus”. (Grace, III 34).

“O espírito de ADÃO buscava o fruto terrestre, pertencente à natureza da terra corrupta, portanto a natureza formou para ele uma árvore semelhante à terra corrupta; pois ADÃO era o coração na natureza; desta forma, ele auxiliou na formação dessa árvore, da qual desejava comer”. (Aurora, XVII 20).

“A Razão (o raciocínio do homem) diz: ‘Por que Deus permitiu que ADÃO extraísse a árvore da tentação da terra, através de sua imaginação?’ O Cristo diz: ‘Se você tiver fé do tamanho de uma semente de mostarda, e disser à montanha: mova-se para o mar; assim será feito’. A alma-espírito (alma espiritual) foi produzida da onipotência divina, do centro da natureza eterna, onde todos os seres foram criados. Por que então não seria ela poderosa? Ela era uma centelha de fogo emanada do poder de Deus, mas depois de ter sido reunida num ser criado (individualizada como um organismo) deu passagem a seu próprio desejo egoísta, rompendo-se com o todo, causando corrupção em si mesma. O poder da alma, antes da invasão da vaidade, era tão grande que não podia ser subjugado a nada; o mesmo ocorreria agora, hoje mesmo, se a compreensão não tivesse sido retirada”. (Mysterium, XVII 41).

“Uma pessoa razoável perceberá facilmente que não haveria sono em ADÃO enquanto ele permanecesse na imagem de Deus, pois naquele tempo ele era uma imagem como nós seremos na ressurreição dos mortos. Não necessitaremos então dos elementos, nem do sol, nem da lua, nem de sono algum; nossos olhos estarão abertos para ver a glória de Deus, sempre e eternamente”. (Três Princípios… XII 17).

“Após ADÃO ter sido dominado, a tintura, onde a bela virgem havia habitado previamente, tornou-se terrestre, fraca e frágil. A fonte poderosa da tintura, de onde a Virgem tinha seu poder, sem ser subjugada ao sono, deixou ADÃO e foi para seu próprio princípio”. (Três Princípios…, III 8).

“Assim ADÃO tornou-se vítima da magia, e sua magnificência se foi. Sono significa morte e entrega. O reino terrestre o conquistou e o dominou”. (Encarnação de Cristo…, I 5).

“Depois que o brilho do espírito deste mundo conquistou ADÃO, ele caiu no sono. Então seu corpo celeste tornou-se carne e sangue, e seu forte poder tornou-se rígidos ossos. A Virgem Celeste partiu para o éter celeste, para o princípio do poder”. (Três Princípios…, XIII 2).

“Quando ADÃO deixou Deus e penetrou o egoísmo, Deus permitiu que um grande sono caísse sobre ADÃO. Se não fosse por estas circunstâncias, ele poderia, em todo seu egoísmo, ter até mesmo se tornado um demônio, pelo poder do fogo”. (Cons. Stiefel… II 363).

“Quando o demônio viu que a luxúria residia em ADÃO, ele agiu ainda mais poderosamente sobre o Salitre em ADÃO, e o infectou mais fortemente. Era tempo de Deus construir-lhe uma esposa, quem mais tarde faria com que o pecado fosse cometido, aquela que comeu do fruto do pecado. Ao contrário, se ADÃO houvesse comido da árvore antes da mulher ter sido feita dele, teria sido bem pior”. (Aurora, XVII 21)

Eva foi extraída de ADÃO, não como um mero espírito, mas inteiramente substancial. Poderia se dizer que ADÃO recebeu uma fenda, e que a mulher está carregando o espírito, a carne e o osso de ADÃO”. (Três Princípios…, XIII 14).

“A razão diz: ‘Se Eva foi feita da costela de ADÃO, ela deve ser bem inferior ao homem’. Isso não é verdadeiro; o Fiat em seu aspecto de atração aguda (a primeira qualidade), tomou-a de todas as essências e qualidades de cada poder de ADÃO”. (Três Princípios… XIII 18).

“Não havia má formação em Eva, sua forma era amorosa; no entanto, ela também carregava os sinais (da corrupção), e não podia ser mais nada além de esposa de ADÃO. Ambos ainda estavam no Paraíso, e se não tivessem provado do fruto, mas tivessem se voltado para Deus, mudando a imaginação, eles teriam permanecido no paraíso”. (Três Princípios… XIII 36).

ADÃO e Eva ainda tinham uma consciência paradisíaca, mas ela encontrava-se misturada com o desejo terrestre. Eles estavam nus, e tinham órgãos animais para procriação; mas eles não sabiam disso, nem tampouco se envergonhavam, pois o espírito do grande mundo ainda não tinha obtido o governo sobre eles antes de terem provado do fruto terrestre”. (Encarnação de Cristo… I 6 15).

“Ninguém pode afirmar que Eva, antes de ter contato com ADÃO, tinha sido uma virgem pura e casta, porque, tão logo ADÃO acordou de seu sono, ele a viu ao seu lado. Ele prontamente imaginou nela (apaixonou-se por ela). Ele a tomou para si e disse: ‘Esta é carne de minha carne e osso de meu osso. Ela se chamará mulher, pois foi extraída do homem. Do mesmo modo, Eva começou a colocar sua imaginação em ADÃO, e cada um acendeu o desejo do outro. Onde está então a pura castidade e virgindade? Isso não é animal? A imagem externa não se tornou animal?” (Quarenta Questões…, XXXVI 6).

“Quando ADÃO e Eva encontravam-se no Paraíso como homem e mulher, ainda em posse de uma essência celeste, ainda que misturada (com materialidade), o demônio não podia suportar, pois sua inveja era grande. Então, depois que ADÃO foi trazido à queda e privado de sua forma Angélica e viu que Eva era sua esposa, o demônio pensou que eles pudessem gerar filhos no Paraíso e lá permanecerem. Ele se convenceu de seduzi-los a comer do fruto proibido, a fim de que com isso se tornassem terrestres”. (Encarnação de Cristo…, I 7).

“A luxúria originou-se em ADÃO, mas esse desejo pervertido encontrou existência na mulher”. (Cons. Stiefel…, II 375).

“O demônio penetrou o fundamento ígneo com a sua imaginação, mas ADÃO penetrou a qualidade aquosa”. (Assinatura…, VII 4).

“Ao contrário de Lúcifer, ADÃO não desejou realmente despertar o primeiro princípio; seu desejo era mais o de provar do bem e do mal, ou seja, a vaidade da terra”. (Mysterium, XVIII 31).

“A alma possui as sete qualidades do mundo espiritual interior (modificadas) segundo a natureza; mas o espírito não tem qualidade alguma; ele está fora da natureza e na unidade de Deus. Através de sua natureza ígnea, o espírito se manifesta na alma, pois é a verdadeira semelhança de Deus, uma ideia através da qual o próprio Deus age e reside, providenciando que a alma penetre com seu desejo em Deus, rendendo-Lhe a sua vontade. Se isso não ocorre, então essa ideia, ou espírito, permanece mudo e inativo, como uma pintura no espelho que some e não tem substância, como foi o caso de ADÃO em sua queda”. (Tabulae Principice, 66).

“Depois que ADÃO perdeu sua imagem bela e pura, sua alma permaneceu apenas na qualidade do Pai, ou seja, na natureza eterna, a qual, aparte da luz de Deus, é uma cólera e um fogo consumidor”. (Tilk I 285).

“Não foi por nada que Deus soprou nas narinas de ADÃO o espírito externo, a vida externa. ADÃO teria se tornado um demônio, tal como Lúcifer, mas o espelho externo evitou tudo isso”. (Quarenta Questões… XVI 2).

“A pobre alma de ADÃO foi feita cativa pelo espírito e princípio deste mundo, e permitiu que sua tintura nela penetrasse”. (A Vida Tríplice…, VIII 63).

“Aquilo que a imaginação do espírito penetra se torna expresso na forma corporal através da impressão do desejo espiritual. Portanto, Deus ordenou a ADÃO, quando ele ainda estava no Paraíso, para não se alimentar, com sua imaginação, da árvore do conhecimento do bem e do mal, para que não mergulhasse no sofrimento e na morte, morrendo para o reino do céu, como tem ocorrido atualmente”. (Baptism I 22).

“Após ADÃO e Eva terem comido da árvore do conhecimento do bem e do mal, logo ficaram envergonhados, porque em suas formas etéreas surgiu uma forma animal grosseira, feita de carne comum, ossos duros e partes animais. O ser animal engoliu o estado celeste e surgiu neles como que uma criatura estranha a sua verdadeira natureza, da qual não tinham conhecimento até então”. (Mysterium, XXIII I).

“A alma penetrou com ADÃO uma habitação estranha, ou seja, o espírito deste mundo. Há, de fato, quatro habitações nas quais aquela jóia preciosa está aprisionada. Destas quatro, há sempre uma especialmente manifestada na pessoa, não as quatro, de acordo com os quatro elementos que se encontram dentro do homem; um deles sempre predomina na vida da pessoa. Esses quatro estados, formas ou temperamentos são conhecidos como: colérico ou bilioso, sanguíneo, fleumático ou linfático e o melancólico ou nervoso. No temperamento colérico está manifestada a natureza e qualidade do fogo; no sanguíneo, a do ar; no fleumático, a da água e no melancólico, a qualidade do elemento terra”. (Quatro Complexões…, I.6).

“A pobre alma degradada envergonha-se de possuir órgãos animais de geração, e do modo em que a fecundação ocorre. Será que todos não sentem isso? Se tivéssemos sido criados como bestas em ADÃO, porque teríamos vergonha de nossa bestialidade? Por que a alma sente vergonha da monstruosidade de seu corpo externo e de seu método animal de procriação?” (Tilk I 608).

“A soma de toda humanidade constitui o ADÃO único e original. Deus o criou único, e deixou com ele a produção de outros seres. Ele deveria ter entregado sua vontade inteiramente a Deus, e com Deus gerado outros homens em conformidade e a partir de si mesmo”. (Mysterium, lxxi 31).

ADÃO era uma completa imagem de Deus, macho e fêmea, não separados, mas puro como uma casta virgem. Ele tinha em si o desejo (poder) do fogo e da luz, a mãe do amor e da cólera, e o fogo dentro dele amava a luz, recebendo dela quietude e beneficência; enquanto que a luz amava o fogo como sendo a sua vida, do mesmo modo que Deus,em Sua qualidade de Pai, ama o Filho e o Filho ama o Pai”. (Cons. Stiefel…, II 35 I).

“Se o homem tivesse resistido à tentação um ser humano teria nascido do outro, do mesmo modo que ADÃO em seu estado virginal fora projetado na objetividade como um ser humano e imagem de Deus, porque aquilo que é do eterno também pode procriar (multiplicar) de acordo com a lei da eternidade”. (A Vida Tríplice…, XVIII 7).

“O desejo de conjunção nos homens e mulheres resulta da separação da tintura do fogo e da luz em ADÃO. Esses princípios em sua própria essência são ainda mais nobres e puros que a carne. É verdade que agora estão separados, e não contém a verdadeira vida; mas estão cheios de desejo por aquela vida verdadeira, e quando se encontram novamente na unidade de todos os seres, despertam a verdadeira vida para qual seu desejo está direcionado. Querem ser novamente o que eram na imagem de Deus quando ADÃO era homem e mulher” (Cons. Stiefel…, II 388).

ADÃO teria se perdido eternamente se o coração de Deus com a palavra da promessa, não tivesse penetrado sua alma, despertando a esperança espiritual que o manteve”. (Quarenta Questões…, VIII 5).

“O nome de Jesus incorporou-se na tintura da alma no Paraíso, quando ADÃO caiu, e mesmo antes de ADÃO ser criado; como Pedro menciona em sua primeira carta (I.20), dizendo que nós havíamos sido beneficiados em Cristo, mesmo antes da fundação do mundo” (Encarnação de Cristo…. I 8 I).

“A palavra que Deus pronunciou com relação ao poder que esmagaria a cabeça da serpente, era uma centelha de luz do divino coração de Deus, e ali o Pai, desde a eternidade, viu e elegeu a humanidade. Nesta centelha de luzamor divino todo o mundo deveria viver, e ADÃO já se encontrava ali quando ocorreu sua criação, como foi expresso por Paulo (Ep. I 13), dizendo que o homem foi eleito no Cristo antes que a fundação deste mundo fosse estabelecida”. (Três Princípios…, XVI 107).

“Antes da queda, ADÃO recebeu a luz divina de Iahweh , ou seja, do Deus único, onde se encontrava oculto o nome de Jesus. Mas durante o tempo do sofrimento, quando a alma caiu, Deus manifestou o tesouro de Sua glória e santidade, e por meio da viva voz do Verbo, Ele incorporou-Se com o fogo divino na imagem eterna, representando o estandarte da alma, o qual ela seguiria como a um guia. Mas se ela não fosse capaz de penetrar ali, sendo como morta com relação a Deus, o sopro divino a penetraria, advertindo-a a interromper sua atividade maligna, a fim de que sua voz voltasse a ser ativa na alma”. (Grace, VII 32).

“Assim que ADÃO manifestou em si o centro da cólera, Deus instituiu oposição ao demônio, e manifestou nele o poder que esmaga a cabeça da serpente, o qual, anteriormente, quando o pecado ainda não havia aparecido, encontrava-se oculto (latente) no poder de Deus, e em Jesus como o amor de Deus, na unidade divina”. (Cons. Stiefel…, II 161).

“A expressão interior do demônio, a que lhe deu origem, ocorreu em ADÃO enquanto ele ainda era homem e mulher, sem ser nem um nem outro, mas uma imagem de Deus. De ADÃO penetrou em Eva, que começou a pecar. Ocorreu então a expressão interior de Deus, primeiro em Eva, como mãe da humanidade, e através dela se opôs à consciência do pecado que havia começado a se manifestar em ADÃO”. (Grace, VII 47).

“Não é na tintura do homem, que representa a essência ígnea, que a palavra da promessa desejou incorporar-se, mas na tintura da luz, no centro virginal, quem ADÃO, geraria magicamente, na substância celeste da santa geratriz porque na tintura da luz a alma-essência ígnea era mais fraca do que na natureza ígnea do homem”. (Mysterirum, XXIII 43).

“Não foi através da tintura-fogo de ADÃO que esse evento ocorreu, mas em e através da tintura-luz de ADÃO, onde o amor estava queimando, que se separou dele para constituir a mulher, a mãe de toda a humanidade. Foi nela que a voz de Deus prometeu introduzir novamente a viva e santa substância do céu, e gerar de forma nova e no poder divino a enfraquecida imagem de Deus que estava contida ali”. (Grace, VII 18).

Deus falou na imagem de ADÃO, enfraquecida com relação à sua vida divina, Sua palavra santa, ‘A semente da mulher esmagará a cabeça da serpente’. Pela ação desta voz a alma destituída recuperou a vida divina, e essa mesma voz (consciência interna) foi perpetuada de homem a homem como o pacto da misericórdia”. (Grace, VII 16).

“Cristo permaneceu em ADÃO e Eva como um mistério divino, e não tomou substância divina em neles. Ele permaneceu sem movimento até chegar o tempo (de Sua manifestação); só então Ele movimentou-se na semente da mulher”. (Cons. Stiefel…, 448).

“A alma (astral) de ADÃO e Eva e de todos os seres humanos encontrava-se ainda muito bruta, não maleável e impregnada pelo primeiro princípio. Portanto o Verbo e a esmagadora da cabeça da serpente não tomaram forma dentro de suas almas; mas ficou na mente daqueles dispostos a se renderem a tal trabalho, opor-se aos demônios e ao reino do inferno”. (Três Princípios…, XVIII 26).

“Ouça e veja qual era o desejo de ADÃO e Eva antes e depois da queda. Eles desejaram o reino terrestre e a mente de Eva estava direcionada para as coisas terrestres. Quando ela deu à luz a Caim, disse: ‘Eu tenho o Homem, o Senhor’. Ela pensou que ele era aquele cujo calcanhar esmagaria a cabeça da serpente, afastaria o demônio. Ela não pensou que deveria morrer quanto a sua vontade carnal, terrestre e falsa e renascer na vontade divina. Tal vontade (egoísta) ela carregaria com sua semente, e ADÃO, da mesma forma, resultando a vontade na essência-alma.145 A árvore produziu um galho de sua própria natureza, pois os pensamentos de Caim tiveram a mesma propensão, tornando-se senhor desta terra. Quando Caim viu que Abel era maior do que ele no amor de Deus, sua vontade animal livre surge com o propósito de matar Abel, pois ele preocupava-se apenas com a possessão do mundo externo, e de ser seu senhor, enquanto Abel procurava apenas o amor de Deus”. (Mysterium, XXVI 23).

“Depois da queda, Iahweh pronunciou o nome de Jesus em ADÃO numa vida real; ele o manifestou no ser celeste, enfraquecido por conta do pecado. Em consequência desse pronunciamento, houve um despertar da morte espiritual ou do estado de morte, onde ADÃO havia mergulhado; um desejo divino foi novamente despertado, era o princípio da fé. Esse mesmo desejo separou-se da qualidade do falso desejo, formou uma imagem e Abel veio à existência; mas Caim era o produto da qualidade da alma de ADÃO, de acordo com sua luxúria terrestre”. (Grace, IX 101).

ADÃO, através de sua Eva, produziria ainda um novo ramo da árvore da vida, um filho, cuja imagem poderia ser similar e semelhante à ADÃO, chamado Set (uma raça); nele um raio da vontade-amor está preservado dentro da vontade ígnea; tal raio ainda se encontrava aprisionado pela essência do mundo externo, a casa corrupta (matéria que mais tarde se tornaria) carne”. (Mysterium, XXIX 24).

“Isaac não foi feito inteiramente de essência celeste, mas de ambas, ou seja, da essência Adâmica de Abraão e da palavra concebida da fé, ou a substância do Cristo; mas Ismael tinha apenas a natureza própria de ADÃO, de acordo com a qualidade corrupta, e não da palavra concebida da fé, que estava atuando com força superior sobre Isaac”. (Mysterium, XL 13).

“De Esaú segue-se Jacó como a imagem do Cristo, concebido na essência da fé e assegurando-se no calcanhar de Esaú. A imagem Adâmica criada por Deus havia primeiro que nascer e viver eternamente, mas não em seu estado animal e grosseiro de existência. Com a expressão ‘Jacó apegando-se ao calcanhar de Esaú’, está simbolizado que o outro ADÃO, ou seja, o Cristo, deveria nascer depois do primeiro ADÃO, e alcança-lo por trás, atraindo-o de volta da direção de sua vontade própria para a primeira matriz, onde a natureza originou-se, a fim de que renascesse”. (Mysterium, LII 37).

“O corpo de ADÃO foi criado do Limus da terra, e também do Limus do céu da santidade; mas o Limus do céu, onde a vontade livre poderia conceber-se numa forma celeste e assim mover-se, agir, pensar e orar diante de Deus estava enfraquecido em ADÃO, e, portanto, os dois irmãos inflamaram (sacrificaram) os frutos da terra. Caim trouxe dos frutos da terra (matéria), mas Abel trouxe do primogênito seus rebanhos (do espírito), e isso foi inflamado através do fogo”. (Mysterium, XXVII 7).

“Embora madeira e animais haviam sido usados nos sacrifícios, o fogo usado ali não fora produzido por meios externos, mas originado da mais elevada tintura da fundação paradisíaca. Esse fogo santo consumiu as vítimas através da imaginação e inflamação de Deus, e assim, a vontade humana, introduzida ali e que ainda estava inclinada à condição terrestre, foi (e ainda é) purificada no fogo e redimida do pecado. A grosseria dos elementos havia de ser consumida, e desta consumação pelo fogo deveria emanar a imagem espiritual, bela, pura e verdadeira, criada em ADÃO; a qual, enquanto contida no fogo da cólera divina, não podia aparecer em sua clareza através desse fogo santo”. (Batismo, II 2 16).

“O Verbo, ou a segunda pessoa na Divindade, tem estado no Pai por toda eternidade, e ao encarnar na humanidade, não mudou sua natureza, tornando-se uma outra coisa, mas permaneceu no Pai, em seu centro e lugar, como tem sido por toda eternidade. A outra (segunda) formação, ocorreu de forma natural, na ocasião da anunciação pelo anjo Gabriel, quando a virgem disse ao anjo: ‘Que seja feita a tua vontade’. A plenitude deste Verbo foi efetuada no elemento celestial, como foi a criação do primeiro ADÃO antes da queda. A terceira formação ocorreu simultaneamente a segunda, de uma só vez, assim como uma semente terrestre é semeada enquanto uma criança cresce”. (Três Princípios…, XVIII 45).

“Nenhuma outra mulher, desde o tempo de ADÃO, tornou-se revestida pela virgem celeste exceto Maria; isso ocorreu na alma-princípio, e não na carne terrestre”. (Quarenta Questões…, XXXVI 12).

“O Verbo da promessa, que era para os judeus uma espécie de antítipo, ou como uma imagem no espelho, onde o pai colérico imaginou e onde extinguiu Sua cólera, começou a se movimentar essencialmente, como se não tivesse se movimentado desde a eternidade; pois, quando o anjo Gabriel trouxe a Maria a mensagem de que teria um filho, e quando ela expressou seu desejo dizendo: ‘Que seja feita a tua vontade’, o centro da Santíssima Trindade movimentou-se; isso quer dizer que, a virgindade eterna perdida por ADÃO, se abriu nela, no Verbo da vida. O fogo do amor divino no ser de Maria, na essência virginal corrompida em ADÃO, fora novamente restaurado”. (Encarnação de Cristo…, I 8, 3. 4).

“O Verbo, que permaneceu na virgem da sabedoria circundado pelas maravilhas eternas, saiu do grande amor e penetrou novamente a nossa imagem, destruída em ADÃO, tornando-se humano em Maria em consequência da benção” (Quarenta Questões…, XXXVI 10).

“O verdadeiro ser da humanidade, que havia morrido e desaparecido (tornou-se latente) em ADÃO, despertou-se novamente para a vida em Maria; ela tornou-se altamente exaltada, como o homem antes da queda. Nada disso ocorreu por seu próprio poder, mas pelo poder de Deus. Se o centro de Deus não houvesse se movimentado dentro dela, ela não teria sido diferente de todas as outras filhas de Eva”. (Encarnação de Cristo…, I 8. 5).

“A vida de Cristo não começou a se movimentar imediatamente, no momento da concepção, nem de qualquer forma sobrenatural, isso ocorreu no momento natural apropriado, da mesma forma que os filhos de ADÃO. Em nove meses cresceu para ser um ser humano completo, e nasceu como todos os outros filhos de ADÃO. Ele poderia ter nascido magicamente, mas se isso tivesse ocorrido ele não estaria neste mundo de forma natural”. (Encarnação de Cristo…, I 10).

“Cristo em Maria aceitou os três princípios, mas em ordem divina, e não misturados, como foi o caso de ADÃO, quem, através da imaginação, introduziu o reino externo no reino interno, na alma-fogo, em consequência do que a luz foi extinta. Ele (Cristo) tinha em Si a alma-essência, ou o primeiro princípio, a substância da imagem do segundo princípio, e finalmente a forma externa, ou seja, o terceiro princípio”. (Tilk I 336).

“O Cristo tomou de Maria a semente interior, enfraquecida em ADÃO, e à ela foi anexada a semente externa da carne, mas elas não se misturaram, nem estavam separadas; mas eram, uma para a outra, como Deus, que habita na terra, ainda que o mundo não seja Deus”. (Cons. Stiefel…, II 204).

“O Cristo não produziu através de seu corpo externo pecado ou desonra. Não, isso não pode ser; mas Ele tomou para Si, como um peso, o pecado que herdamos de ADÃO, e o qual Ele carregaria como se fosse ADÃO, ainda que não fosse ADÃO”. (Cons. Stiefel…, II 499).

“O Cristo veio para curar o dano que ADÃO sofreu quando morreu para o reino celeste; para despertar o homem interior, desaparecido em ADÃO; para regenerá-lo em Seu poder; para esmagar, para sempre, a cabeça da serpente, cheia de ira e falsidade, (ou seja), para matar a vontade terrestre (egoísta)”. (Cons. Stiefel…, II 168).

“A alma de ADÃO havia se afastado de Deus e morrido com relação a essencialidade da luz. O segundo ADÃO trouxe novamente a alma para o fogo, ou seja, na fonte da cólera, e acendeu novamente a luz na morte. A luz foi portanto novamente manifestada nas trevas, e a morte morreu, e para a cólera ou inferno foi criada uma praga”. (Tilk I. 513).

“Quando os dois reinos, a cólera de Deus e o amor de Deus estavam lutando um contra o outro, o Cristo surgiu como herói. Desejando render-Se à cólera (ao sofrimento causado pelos princípios baixos despertados para a consciência em consequência do pecado), Ele a extinguiu com Seu amor. Ele veio de Deus para este mundo e tomou nossa alma para Si, a fim de poder nos tirar do estado terrestre para Si próprio e nos conduzir à Deus. Ele nos regenerou em Si próprio, para que fossemos capazes de viver novamente em Deus, e para que pudéssemos colocar nossa vontade Nele. Com Ele fomos conduzidos ao Pai, à nossa primeira morada, ou seja, ao Paraíso, o qual ADÃO havia deixado”. (Encarnação de Cristo…, I II 6).

ADÃO deveria tomar posse do trono real de Lúcifer, pois este havia se voltado contra Deus. Daí resulta a grande inveja e rancor do demônio contra a humanidade. Dai origina-se também a tentação de Cristo no deserto, porque o Cristo deveria tomar posse do trono que o demônio exigia, para quebrar seu poder, e se tornar o juiz que o rejeitaria eternamente”. (Grace, VI 13).

“Tudo o que seduziu e tornou ADÃO prisioneiro, na morte das trevas, foi oferecido ao Salvador na ocasião da tentação”. (Assinatura…, VII 46).

“A tentação é a dura batalha no jardim do Éden, onde ADÃO caiu; mas o novo guerreiro saiu vitorioso, e permaneceu como o conquistador”. (Três Princípios…, XII 91).

“Quando o Cristo resistiu à tentação, no lugar de ADÃO, o recém introduzido Ens celestial quebrou a espada na morte do corpo externo de Cristo; através da santa substância Ele trouxe o corpo externo, tomado da semente de Maria, para o estado santo, pela espada da cólera Neste mesmo poder o corpo externo surgiu da morte, conquistando tanto a morte como a espada ígnea”. (Mysterium, XXIV 24).

“Após o demônio ter falhado por duas vezes, ele se aproximou com a última e poderosa tentação (dizendo) que lhe daria todo o mundo se ajoelhasse e o adorasse. ADÃO já havia estado ansioso pela possessão deste mundo; ele desejou torná-lo seu; mas ao proceder desta forma, ADÃO afastou-se de Deus e foi capturado pelo espírito deste mundo. Agora, o segundo ADÃO havia que se submeter à essa tentação do primeiro ADÃO. Havia que ser testado se a alma permaneceria com o homem novo, santo e celestial, vivendo na graça de Deus ou no espírito deste mundo. Mas a alma de Cristo disse ao demônio: “Afasta-te de mim, Satã! Pois está escrito: ‘Deves adorar ao Senhor teu Deus, e Servir à Ele unicamente!’. Assim, o valente guerreiro conquistou, e o demônio teve que partir; tudo o que é terrestre foi superado pelo Cristo. Agora o Senhor está acima da lua, e tem todo o poder no céu e no inferno; Ele é Mestre da vida e da morte. Ele deu início ao Seu reino sacerdotal com sinais e milagres. Ele transformou a água em vinho, tornou são o doente, fez com que o cego enxergasse, e o coxo andasse e até despertou o morto para a vida. Ele se sentou na cadeira de Davi e passou a ser o verdadeiro sacerdote na ordem de Melquisedeck”. (Três Princípios…, XXII 3).

“Na carne externa do Redentor encontrava-se a parte demoníaca, aquela que surgiu em ADÃO ao morrer para Deus. Ora, esse produto tinha que ser novamente recebido no amor de Deus, como Isaias afirmou sobre o Cristo: ‘Ele tomou todos os nossos pecados para Si’. O ADÃO amaldiçoado ficou pendurado na Cruz, como uma maldição, mas o Cristo o redimiu pela dor do sofrimento inocente e pelo derramamento de Seu sangue. O corpo de ADÃO morreu na Cruz e Cristo, nascido de Jesus e da semente santificada da mulher, o tingiu (abençoou) com Seu precioso sangue de amor”. (Cons. Stiefel…, II 494).

“Quando o Verbo pronunciado de Deus na qualidade humana aprisionou-se no Redentor, a essencialidade que havia morrido em ADÃO, mas que se tornou novamente viva em Cristo, clamou juntamente com a alma: ‘Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonastes?’ Isso significa que a cólera de Deus havia penetrado, através da qualidade da alma, a imagem da essencialidade divina, e que havia absorvido a imagem de Deus, porque era essa a imagem da serpente na alma ígnea, a cabeça da cólera de Deus, para transformar seu poder ígneo na vida-sol eterna. Como uma vela se extingue ao queimar-se, e assim como desta morte surge a luz e o poder, da mortificação e da morte de Cristo havia que surgir o sol divino e eterno na qualidade humana. Assim, havia que morrer, neste caso, não só o egoísmo da qualidade humana, ou seja, a vontade-própria da alma com relação à (seu desejo pela) vida no poder do fogo, e se perder na imagem do amor; mas, essa mesma imagem do amor havia que penetrar a cólera da morte, a fim de que tudo mergulhasse na morte e através da morte e da humildade perfeita, e na vontade e misericórdia de Deus, surgisse novamente na substancialidade paradisíaca, a fim de que o espírito de Deus pudesse ser tudo em tudo”. (Assinatura…, XI 87).

“A atividade externa e a vida sensível, onde a cólera de Deus estava queimando, morreram, mas não que se tornaram um nada, apenas descenderam ao nada; ou seja, neste caso, na vontade de Deus, em Sua ação e sentimento. Com isso, ela se tornou livre da vontade do mundo externo, cuja vontade é boa e má, e não mais viveu no mundo e nas constelações com os quatro elementos, mas buscou a natureza do Pai, no elemento puro e divino. Assim, a verdadeira vida humana veio novamente a ocupar a posição que havia sido perdida por ADÃO, e entrou novamente no Paraíso”. (Assinatura…, XII 5).

“Quando o Filho de Deus derramou Seu sangue santo em Cristo, o veneno da cólera na carne, alma e espírito de ADÃO, que tomou para Si, foi santificado e transformado em amor. Assim, a inimizade cessou e Deus tornou-se Emanuel; ou seja, homem com Deus e Deus com o homem. Então a carne de ADÃO foi tingida e preparada para a ressurreição”. (Cons. Stiefel… II 209).

“O fundamento mais interno no homem é Cristo; mas não de acordo com a natureza humana do homem, mas segundo a natureza de Cristo, a qualidade divina em Sua essência celestial, a qual Ele regenerou. O segundo fundamento é a alma, ou seja, a natureza eterna, onde o Crksto (a luz) se revelou; e o terceiro fundamento é o homem exterior, proveniente do limus da terra com as estrelas e os quatro elementos. No primeiro fundamento está a vida ativa do amor divino; no segundo fundamento está a vida-fogo natural da alma criada, onde Deus é chamado de Deus ígneo; e no terceiro, está a criação de todas as qualidades nas quais ADÃO permaneceu na temperatura, e que foi objetificada na queda”. (Grace, IV 37).

“Enquanto o homem terrestre viver a alma estará em contínuo perigo, pois o demônio tem uma inimizade com ela, lançando seus raios com uma falsa imaginação no espírito das estrelas e dos elementos; ele alcança, assim o fogo-alma, e deseja envenená-la com um desejo terrestre e demoníaco. A nobre imagem deve, neste caso, (na consciência interna do homem) levantar-se em defesa; muita luta pela coroa dos anjos se faz necessária, e sempre surge ali, dentro do velho ADÃO, dúvidas e descrenças”. (Encarnação de Cristo…, XI. 6).

“Não é a alma mortal, mas a alma interior (espiritual) do eterno Verbo de Deus a que se casa com Sophia. A alma exterior está casada com a constelação (funções mentais) e elementos. Essa alma externa raramente lança um só olhar para a Sophia, pois contém em si a morte e a mortalidade. Passado este tempo ela deve ser novamente transformada na primeira imagem que Deus criou em ADÃO”. (Mysterium, Lii 13).

“A alma ígnea, pura como o ouro limpo, testada no fogo de Deus, é o esposo da nobre Sophia, pois ela é a tintura da luz. Se a tintura do fogo é perfeitamente pura, então a Sophia se unirá à ela e ADÃO receberá novamente a noiva mais nobre, que foi dele afastada durante seu sono; ele a tomará em seus braços. Não se trata de homem ou mulher, mas um ramo na árvore de pérolas que encontra-se no paraíso de Deus. Mas como a noiva recebe seu noivo na qualidade-ígnea clara e brilhante dele, e como lhe dá um beijo de amor, isso só será compreendido por aqueles que estiveram no casamento do Cordeiro. A todos os outros isso permanecerá um mistério”. (Mysterium Magnum, XXV 14).