Charbonneau-Lassay (Bestiário) – Leão

Charbonneau-Lassay — Bestiário do Cristo [BestiarioCristo]

O Leão

São João em sua visão de Patmos, os quatro animais sagrados cantaram diante do trono do soberano Cordeiro: o Leão, aterrador rei das bestas; o Boi, rei das vítimas sacrificiais; a Águia, rei do ar; e o Homem, rei do mundo.

O leão dos profetas de Israel, embora soberano, era apenas um servo, pois junto com o homem, a águia e o boi, mantinha-se transfixado com amor e adoração, aclamando o Uno que ocupava o trono, por turno leão e cordeiro; o Uno que João viu ascender ao assento divino, para lá abrir o livro selado com sete selos (referência acima).

Mas séculos antes de João as tradições pré-cristãs da Europa, da África e da Ásia adoram a imagem do leão para representar o que acreditavam ser atributos da divindade.

  • Egípcios, a deusa Sekhmet e sua cabeça de leão;
  • entre os Amonitas, o sol era adorado sob o nome de Camos, o sol-Leão;
  • na Síria, o leão tinha uma caráter divino; o deus da coragem era representado por um leão-centauro coroado com patas de leão e dois braços humanos.
  • no Tibete, adorava-se Ka-groMha, deusas com cabeças de leoas, que dançavam nuas sobre os cadáveres de homens e animais.
  • Entre gregos, quatro leões puxavam o coche de Cybele galopando ou trotando majestosamente; Cibele mas das deusas, a “Boa deusa”, imagem da riqueza divina que dá a humanidade todas as coisas boas que vêm da terra.
  • Na Pérsia, o leão é um dos animais sagrados do culto de Mitra; suas festas são chamadas “ritos leônicos”; nos mistérios mitraicos iniciados da quarta ordem são chamados “leões” e “leoas”; e Mitra ele mesmo, “Solis Invictus”, foi personificado as vezes com um deus com a cabeça de leão.