Charbonneau-Lassay (Bestiário) – Águia

CHARBONNEAU-LASSAY — BESTIÁRIO DE CRISTO [BestiarioCristo]

TETRAMORFOS — ÁGUIA (trad. Antonio Carneiro)

Durante o século XII, o arcebispo de Tours, Hildebert de Lavardin, escreveu essas palavras: « Christus HOMO, Christus VITULUS, Chrislus LEO, Christus est AVIS, in Christo cuncto notore potes. » Cristus est AVIS … Cristo é Pássaro. É com efeito na emblemática cristã sob as figuras da pomba, do pelicano, do fênix, do cisne, do íbis, do grou, da cegonha, e de muitos outros menos conhecidos; mas aqui, é do primeiro e do rei dos pássaros de que se trata, da águia real cujas características por todos os tempos impressionaram o espírito dos homens e conquistado sua admiração.

Ezequiel a viu em seu tempo, rutilante como uma brasa ardente; e na Ilha solitária de Patmos, quando os olhos de João Evangelista se abriram sobre os horizontes infinitos do reino eterno, por sua vez contemplou o que o velho profeta não havia feito senão entrevisto. E a águia e os três outros Animais regressaram diferentes, já não como relâmpagos, para caminhar ao longo das austeras costas de Chobar enquanto que suas asas « cantavam assim como a voz das grandes águas », mas, para agitar essas asas vibrantes, sobre as quais cantavam em tom alto milhares de olhos, enquanto que todo o céu aclamava o Cordeiro triunfante, na cadência desse ritmo inimaginável e nos deslumbramentos de todas trovoadas dos céus.

Essas visões de Ezequiel e de São João são a base cristã e principal do simbolismo da águia, como do leão e do touro, de forma que, como esses dois últimos », a águia foi rica dos dons do passado.