Uma coisa é bela e perfeita quando manifesta, neste ou naquele modo harmonioso, a plenitude das possibilidades de sua espécie, e quando esta espécie revela, de uma forma ou de outra, um Arquétipo espiritual ou Aspecto divino em sua pureza. Ora, como cada Aspecto do Um contém e expressa, à sua maneira, todos os Seus Aspectos, cada manifestação perfeita de uma espécie “deiforme” revela, à luz de sua própria qualidade, a Plenitude das Possibilidades Causais: Beleza universal e divina. Uma coisa é feia se participa apenas imperfeitamente do seu Arquétipo puro, ou se a sua espécie não se conforma com a Perfeição divina. Ao nível do homem – a criatura mais complexa, na sua constituição e nas suas transformações – esta verdade deve ser entendida sob a sua aplicação particular, no que diz respeito aos respectivos aspectos da beleza “interior” e “externa”. Nas espécies não humanas, o aspecto exterior revela a qualidade interior do ser ou da coisa, e isto devido ao seu carácter passivo que não permite o dualismo existencial. Na espécie humana, dotada de razão, livre arbítrio e relação consciente com o Espírito divino, o aspecto exterior ou corpóreo de um ser pode expressar tal resultado estático do seu desenvolvimento pessoal, alcançado em “vidas anteriores”, enquanto o aspecto interior — psíquicos ou espirituais — podem ser transformados, num sentido ou noutro, durante esta vida, quer através das virtudes e do conhecimento, quer, pelo contrário, pela sua ausência. Com efeito, um homem pode nascer feio, do ponto de vista físico, enquanto a sua alma pode exibir, durante esta vida, uma beleza ética e espiritual; e neste caso, é possível que a sua beleza interior eclipse, em grande medida, a sua feiúra corporal. Pelo contrário, há homens de beleza externa – resultantes de “méritos anteriores” – cujas almas se corrompem nesta vida; então é a feiúra interior que finalmente emerge e torna a beleza corporal mais ou menos ilusória.
O ser humano é verdadeiramente belo, quando nele a generosidade da Graça se exprime pela medida harmoniosa das formas; quando a escuridão dos seus limites for apagada pela Luz do infinito que brota das suas profundezas; quando o Espírito penetra na sua substância e revela, de uma forma ou de outra, a plenitude beatífica do Um.