AGOSTINHO SERMÃO 250 SEXTA DE PÁSCOA
Agostinho de Hipona — SEXTA-FEIRA DE PÁSCOA
Tradução do latim do Padre António Fazenda
- O Senhor Jesus, escolhendo os débeis do mundo para confundir os fortes (1 Cor 1, 17) e reunindo a sua Igreja de todo o orbe da terra, não começou por generais ou por senadores mas por pescadores, porque se logo ao princípio tivesse escolhido homens de importância, eles haviam de atribuir a escolha a merecimentos seus, e não à graça de Deus. Este oculto mistério de Deus, esta resolução do nosso Salvador, revela-a o Apóstolo por estas palavras: Vede, irmãos, quem sois vós, os chamados — são palavras do Apóstolo —, vede, irmãos, quem sois vós, os chamados, porque não há entre vós muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos nem muitos nobres; mas escolheu Deus os débeis do mundo para confundir os fortes; os ignorados do mundo e os desprezados é que Deus escolheu e aqueles que não têm ser como se o tivessem para os que o têm serem desprestigiados e para ninguém se gloriar diante d'Ele (I Cor 1, 26-29).
O mesmo disse o profeta: Todo o vale será realçado e todo o monte e outeiro abatido e o terreno há-de ficar com igualdade de planície (Is 40, 4).
Também hoje se aproximam da graça do Senhor (no batismo), nobres e não nobres, o sábio e o ignorante, o rico e o pobre. Para receber esta graça não se prefere a soberba à pequenez do que nada sabe, nada tem e nada vale (2 Cor 6, 10). Mas que lhes disse? Vinde após mim e far-vos-ei pescadores de homens (Mt 4, 19). Se aqueles pescadores não nos tivessem precedido, quem nos teria apanhado a nós? Hoje em dia não é pequeno orador o que for capaz de explicar o que escreveu o pescador.