Aristeas

SEPTUAGINTA — BÍBLIA HELENÍSTICA

Segundo Willis Barnstone, aparte das versões dos antigos targums aramaicos, a primeira tradução da Bíblia Hebraica (250-172 aC) em outra língua é a Septuaginta ou Bíblia Helenística, criada para os judeus de fala grega da diáspora em Alexandria, que pelo ano 300 aC representavam um segmento significante dos habitantes da cidade, quase tantos judeus quanto em Jerusalém. O nome «Septuaginta», significando setenta, refere-se aos setenta e dois escolásticos que, de acordo com a tradição, por ordem de Ptolomeu II Filadelfo, empreendeu a tradução da Bíblia Hebraica em grego na ilha de Pharos no porto de Alexandria. Por divina coincidência, a tradução foi completada em setenta e dois dias. A estória da tradução da Septuaginta está contida inicialmente na Carta de Aristeas.

Estudos mais recentes indicam, no entanto, que Aristeas não foi contemporâneo de Ptolomeu II, como dizia em seu relato, e sua dita carta seria de fato um tratado sobre tradução de obras religiosas. Assim, tudo indica que Aristeas foi um judeu de Alexandria do século II aC, buscando harmonia entre judeus e gregos, e seu escrito dirigia-se à comunidade judia, visando mais encorajamento que outra coisa.

A ideia do Rei Ptolomeu encomendando a tradução da Bíblia Hebraica é uma fantasia, e assim entende-se atualmente que foi a própria comunidade judia que assumiu o trabalho de tradução. Na época de Aristeas, esta tradução já estava bastante avançada, e seu tempo não foi um milagroso setenta e dois dias, mas uma duração mais realista de muitos anos entre 250 a 175 aC.

Assim temos a Bíblia sagrada da Igreja Oriental, sendo elaborada arduamente durante um longo período, para atender originalmente uma crescente comunidade judia de língua grega. A lenda de Aristeas, no entanto, foi contada e recontada, até por pensadores famosos como Fílon de Alexandria e o Josefo.