Redigida segundo o modelo das epístolas antigas, este tratado apresenta um tom familiar aos leitores do Novo Testamento, por seu vocabulário e por suas formas literárias, como as bem-aventuranças, as maldições, as ameaças, as parábolas, as profecias etc. Mas o escrito também é gnóstico, pois seus ecos bíblicos ilustram temas que não são os da literatura canónica, como, por exemplo, a importância do conhecimento (gnose) para a salvação, bem como os temas do sono, da embriaguez e da doença daqueles que não receberam a gnose.
Bom exemplo de livro apócrifo, GSL/” data-internallinksmanager029f6b8e52c=”197″ title=”Apócrifo de João [GSL]”>Apócrifo de João; Apocalipse de Paulo; servidor da salvação dos santos, sê vigilante e abstém-te de transmitir a outros este escrito que o Salvador não quis transmitir sequer a nós todos, seus discípulos (p. 1,8-25).
Essa insistência no segredo da revelação e em sua expressão em língua tão sagrada quanto velada como o hebraico, bem como nos seus receptores privilegiados (note-se que Tiago é colocado antes de Pedro, cf. Gl 2,9), caracteriza boa parte da literatura gnóstica, reservada a uma elite de homens salvos, os “santos”.