Antonius Conduta Virtuosa 21-30

SANTO ANTÃO — EXORTAÇÕES SOBRE O COMPORTAMENTO DOS HOMENS E A CONDUTA VIRTUOSA

21. Reflete em ti mesmo, e reconhece que os magistrados e as autoridades têm poder sobre os corpos somente, não sobre a alma. Guarda sempre em ti esta convicção. Se eles comandam uma morte, ou um absurdo, ou uma injustiça que dana à alma, não se deve obedecer, mesmo se eles maltratam o corpo, pois Deus criou a alma livre e capaz de decidir por ela mesma se ela faz o bem ou o mal.

22. A alma dotada de razão se aplica em se liberar da ambição, do orgulho, da arrogância, da falsidade, da inveja, da rapina, e dos vícios que lhes assemelham. Todos estes vícios são obra dos demônios e de uma vontade má. Mas um esforço e um cuidado perseverantes corrigem tudo isso no homem cujo desejo não se leva pelos prazeres fáceis.

23. Aqueles que vivem de pouco e não buscam tudo ter, escapam aos perigos e não têm necessidade de ser guardados. Quanto àqueles que em tudo dominam a concupiscência, encontram facilmente o caminho que leva a Deus.

24. Não é necessário que os que os homens dotados de razão tenham muitas relações. Eles têm somente necessidade de relações úteis, que dirige a vontade de Deus. Pois é assim que os homens fazem retorno à luz e à vida eterna.

25. Aqueles que aspiram à vida virtuosa amada de Deus devem se afastar do orgulho e de toda vã e falsa glória, e se esforçar de bem retificar sua vida e seu pensamento. Pois a inteligência amada de Deus e sempre igual é o caminho que nos eleva para Deus.

26. Nada serve saber falar se falta a conduta da alma que é agradável e agrada a Deus. Mas a fonte de todos os males é o erro, o engano e a ignorância de Deus.

27. É a preocupação da vida mais bela e o cuidado da alma que fazem os homens bons e amados de Deus. Pois aquele que busca Deus o encontra: ele domina em tudo a concupiscência e não se desprende da oração. Um tal homem não teme os demônios.

28. Aqueles que se perderam pelas esperanças desta vida e não sabem senão em palavras como conduzir a vida mais bela, são um pouco como pacientes que procuraram remédios e instrumentos de medicina, mas que não sabem deles se servir e nem deles se inquietam. Eis porque, quando estamos em falta, não acusamos jamais nossos pais ou alguém outro, mas nós mesmos. Pois se a alma se abandona à negligência, se torna para ela impossível vencer.

29. Àquele que não sabe discernir o que é bem e o que é mal, é impossível julgar quem é bom e quem é mau. Pois o homem é bom se conhece Deus. Mas se ele não é bom, nada sabe e não terá jamais o conhecimento. Pois o bem é o modo do conhecimento de Deus.

30. Os homens bons e amados de Deus não denunciam o mal em outro senão em sua presença, e em face. Eles jamais fazem reprovações aos ausente. E eles não aceitam escutar aqueles que condenam assim os outros.