No caso do homem, uma “luz senhorial” existe no centro de cada alma e governa cada atividade do homem. Para a espécie humana em sua totalidade existe Gabriel que é considerado como seu anjo, o arquétipo de humanidade (rabb Al-naw Al-insani) a quem Suhrawardi identifica com o Espírito Santo e com o Espírito do Profeta Muhammad – sobre quem esteja a paz – e também com a função da revelação, Gabriel sendo o supremo revelador de todo conhecimento.
Além do homem ter este anjo protetor para a totalidade de sua espécie, ele tem também seu próprio anjo protetor que reside no mundo angelical. Suhrawardi considera cada alma como tendo tido uma existência prévia no domínio angelical, antes de descer para o reino do corpo. Ao entrar no corpo, a alma, ou seu centro interno que é seu âmago imortal e angelical, é dividida em duas partes, uma permanece no céu e a outra desce para prisão ou “fortaleza” do corpo. É por isso que a alma humana é sempre infeliz neste mundo; ela está na verdade, procurando por sua outra metade, por seu “alter ego” celestial e não alcançará a felicidade última até que se torne unida com sua metade angelical e recupere sua morada celestial. A realização plena do homem é então tornar-se uma vez mais unificado com seu “self” espiritual, com seu protótipo angelical que é seu real “self” no qual ele deve “se tornar” a fim de “ser”; ou seja, ele deve se tornar o que ele realmente “é” e não pode atingir paz e trazer a um fim esta perambulação errante como uma criança perdida nas câmaras do labirinto cósmico até que ele esteja reunido com seu anjo protetor que é seu “self” real. [S.H. Nasr 1964. Three Muslim Sages. Caravan. Tr. Instituto Nokhooja]