Adumbratio 1

Adumbratio Kabbalae Cristianae
Dos Estados diversos do Universo
1. C — Não sabes amigo que nada há de mais urgente que nossa conversão ? Nós a julgamos no entanto impossível enquanto decidimos sobre nosso método de expor od dogmas, assim como a terminologia necessária aesta meta.

Vou portanto expor os dogmas de nossos Filósofos, dos quais creio não és ignorante a fim de saber se não se poderia encontrar alguma noção precisa ou hipótese que tenha por efeito, ou nos fazer melhor compreender vossa doutrina, ou nos familiarizar com os modos de expor nossos mistérios.

2. FC — Propões uma coisa difícil entre todas, que não se acorda nem com minha profissão, nem com minha erudição que sei bastante insuficiente. No entanto crio que este projeto não está completamente dissonante, e que se fosse elaborado por espíritos mais hábeis, satisfaria talvez teu desejo. Temo todavia que as preliminares te afastam da meta a qual tendo, que não apenas de mostrar a infinita bondade e a propensão de Deus para com o gênero humano, mas ainda mais exaltar tanto quanto possível a via desta pessoa misteriosa denominada por nós Messias, a fim de que por sua imitação um culto puro seja rendido a Deus, a fim também, que esta hipótese que constitui o mais sublime dos estudos e das ações inspire também os sectários o respeito do Messias.

3. C — Examinarei portanto tudo isso. Posto que teu desígnio é de mensurar e de pesar as coisas desde o começo, deves nisto perseguir a explicação até o desembaraço final. Teu objeto é portanto o Universo inteiro. Como o defines?

4. FC — O Universo inteiro, para mim não é outra coisa que a conexão do efeito causado com sua causa mesmo, ou do objeto principado com seu princípio, o que denominamos em uma palavra: Deus.

5. C — Para mim que estou mais familiarizado com o simbolismo, considero o Universo como uma Academia onde o Doutor ou Mestre, é a Causa das causas, e os discípulos são produtos das causalidades.

6. FC — É equivalente. Concordamos neste ponto. Mas como esta conexão ou Academia não permanece sempre completamente em um estado idêntico, pode-se estabelecer nela quatro diversidades principais, a saber: primeiramente, um estado de Instituição primordial; segundo, um estado de Destituição, que lhe é consecutivo; terceiro, um estado de Constituição moderna; quarto, um estado final de Restituição suprema.

7. C — Perfeitamente. A estes quatro estados, me parecem análogos, não somente as quatro letras do Tetragrama, mas ianda as quatro plenitudes deste nome (v. prefácio do livro Zohar)

8. FC — Prossigo, o Estado primeiro é aquele onde Deus, luz em si infinitamente simples, produziu os Seres criados (naturas creatas), ou Luz segunda.

9. C — Adite ainda continuando minha alegoria: aqueles os quais, em sua escola celeste (schola superna), prodigou o tesouro superabundante de sua cognição e de sua dileção.

10. FC — O Estado segundo é aquele onde os Seres foram precipitados do alto de sua dignidade primeira.

11. C — Diria mesmo: estes Seres criados são semelhantes a um vaso que, sob o excesso da luz das sublimes meditações, destruiu-se, quebrou-se e rompeu-se. Então são produzidos e rejeitados os fragmentos ou cascas.

12. FC — O Estado terceiro é aquele da queda das almas humanas.

13. C — E eu digo: onde os Seres criados foram separados e colocados em outras classes da cognição divina: fora daquelas todavia as almas, pela sedução de Satã são rejeitadas semelhantemente, e misturadas aos fragmentos já precipitados.

14. FC — O quarto Estado é aquele no qual a Restituição é feita pelo Messias.

15. C — Neste estado, a Escola nova será erigida pelo Messias, e a Restituição de todas as coisas realizadas depois da destruição e a abolição dos fragmentos.