Absoluto

absoluto — Do latim Absolutus, ab solutus, solto de, desligado de …

Em grego, to apolyton, o isento de relação, de limitação, de dependência. É o contrário de relativo.

a) Ser absoluto é, pois, o que existe em si e por si, o que não tem relação de dependência com nenhum outro. Neste sentido, não é causa, porque esta só o é em relação com o efeito. Daí concluir-se que ele é o ser único, como o afirmam os monistas (Parmênides, Spinoza), concluindo uns ainda pela ininteligibilidade do ser absoluto (relativismo, fenomenalismo), e outros pela sua incognoscibilidade (agnosticismo).

b) É o ser que não necessita de nenhum outro para existir, que não existe por uma relação com outro, mas que pode ter relações com outros. Este ser pode ser causa: causa primeira. Independente por si, mas os outros dele dependem (como na escolástica).

Também são absolutos os seus atributos. Afirmam muitos que os Cartesianos e Cousin não fazem nenhuma distinção entre absoluto e infinito. Hamilton dá duas espécies antitéticas do gênero incondicionado, como sejam: o infinito é o incondicionamento ilimitado; o absoluto é o incondicionalmente limitado (Goblot).

A ideia de absoluto exclui a ideia de Infinito, quando aceitamos uma coisa como determinação de si, por ex.: to holon, to teléion de Aristóteles. Uma pouca de água é absolutamente pura, não infinitamente pura (Stuart Mill). Concebe-se uma justiça absoluta, uma proposição absolutamente verdadeira, uma demonstração absolutamente convincente, não uma justiça infinita, uma prova infinita. Se, pelo contrário, a aplicamos a uma coisa, que não envolve necessariamente a ideia de limite, então a ideia de Absoluto não se opõe à ideia de Infinito: a potência absoluta é a potência suprema, a potência sem, limites, a potência infinita, como afirma Goblot.

c) Baldwin toma-o como sinônimo de independente, incondicionado, necessário.

d) Emprega-se, frequentemente, com as características acima: independente, não relativo, absoluta (inerente) necessidade. Númeno (noumenon), na terminologia kantiana, é um valor absoluto (inerente, incondicionado).

e) Como substantivo: 1) o universal, como totalmente compreensível: isto é, incluindo todas as possíveis distinções; 2) como imediato; isto é, afastado de todas as definições ou distinções; por isso implica necessariamente negação. Esta última acepção é a do absoluto como númeno (ou incognoscível para os que consideram o conhecimento uma relação, no qual o objeto, como constituído, é ipso fato fenomenal); 3) como primeira causa, primum movens, natura naturans, é relativamente absoluto.

Na filosofia moderna, no neo-hegelianismo ou no Idealismo absoluto e no panteísmo, é tomado no sentido a; e no sentido d, no Kantismo e no Agnosticismo; e no sentido e, no realismo epistemológico, no materialismo, no espiritualismo e no teísmo.

Para os metafísicos monistas. é considerado íntegro em si mesmo, compreendendo toda a realidade. Não há nenhuma realidade fora dele. As partes não negam o todo. Em suma, para esta concepção, o absoluto é o universo integral, como se vê no idealismo absoluto de Fichte, de Schelling e de Hegel.

f) No sentido de Hamilton e Spencer é o que está fora das relações, e se aproxima, assim, do conceito aristotélico.
Na história da filosofia, absoluto aparece como o Ser, em Parmênides; a Forma do Bem, em Platão; o Ato puro, em Aristóteles; o Um, nos Pitagóricos e em Plotino; a substância, em Spinoza; a coisa em si, em Kant; o Eu, em Fichte (e também em Berkeley, e nos solipsistas); o Espírito absoluto, em Hegel; a indiferença do sujeito e do objeto, em Schelling; a suprema vontade de potência, em Nietzsche; a energia, em Ostwald; o Inconsciente, em Hartmann; o Incognoscibile, em Spencer; a matéria, nos materialistas.
O enunciado do absoluto só se poderia fazer por negações, por exclusões. É definível por exclusão todos os caráteres, todos os atributos. Por outro lado, é irredutível.

g) O absoluto como totalidade do relativo, a soma total, o tudo no todo (to Pan).

h) Designa, em regra geral, a antinomia do relativo.

i) Para Littré, é sinônimo de a priori.
Segundo o sentido vigorante no século XVIII: o que não era relativo. Ideias absolutas são as que, segundo a metafísica, não sobrevêm pela experiência. (Lalande).

j) Segundo Warren, característica de um objeto ou fenômeno por si mesmo, como distinto de suas relações para com outros objetos ou fenômenos.

Juízo absoluto: juízo comparativo, no qual, como resultado de prévias experiências com as séries apresentadas de estímulos como um todo, o primeiro membro de una par é avaliado relativamente ao segundo, antes de que o último seja apresentado atualmente. [MFSDIC]


ABSOLUTO (não relativo, incondicionado, em si) é o que sob qualquer respeito ou totalmente está isento de relação a outra coisa. Absoluto, do ponto de vista lógico, é o que pode ser definido sem relação a outro ser. Absoluto, no plano ontológico, é: 1. aquilo a que corresponde um ser em si (como substância ou como um dos denominados acidentes absolutos) e que, portanto, não existe apenas como relação a outra coisa; 2. o que não é só determinação de ser noutro ente = substância; 3. aquele ser que exclui toda relação real a outro (= o Absoluto). Como tudo o que é finito é causado e, por conseguinte, implica relação a uma causa, não pode o Absoluto deixar de ser incausado e infinito. Não inclui porém contradição que o Absoluto seja termo final de relações. O conceito de Absoluto não coincide simplesmente com a noção teísta nem com a panteísta de Deus. Na concepção panteísta, a totalidade de tudo o que é reciprocamente relacionado carece de ulterior relação (o Todo). Na concepção teísta, pelo contrário, a totalidade de tudo o que é reciprocamente relacionado encerra ainda uma relação a um ser isento de relações (Deus). Imanência, Transcendência. — Na esfera do valor, Absoluto é o que vale independentemente de qualquer condição que possa ser tomada em conta. — Como os conteúdos conceituais, considerados sem relação ao sujeito onde se verificam, não estão submetidos às condições limitativas deste, o vocábulo Absoluto, no sentido pleno do conceito, significa muitas vezes: ilimitado, incondicionado (p. ex. “a” sabedoria). — Relativo, Deus, Panteísmo. — (Brugger)


ABSOLUTO – Por “absoluto” entende-se “aquilo que existe por si mesmo, isto é, aquilo que existe separado ou desligado de qualquer outra coisa; logo o independente, o incondicionado. Vamos examinar cinco problemas que se ligam à natureza do absoluto.

I. Distinção entre diferentes tipos de absoluto. A distinção fundamental estabelece-se entre o absoluto puro e o absoluto simples, ou absoluto por si, e o absoluto relativamente a outra coisa, ou absoluto no seu género. O primeiro equipara-se a Deus, ao princípio, à causa, ao ser, ao uno, etc. Dentro do segundo, distinguem-se outros tipos de absoluto.

II. Diversas oposições entre o absoluto e os entes não absolutos. Distinguiremos duas oposições: 1. O absoluto opõe-se ao dependente . O absoluto opõe-se ao relativo. Os autores tradicionais, principalmente os escolásticos, inclinaram-se frequentemente para a primeira oposição, alegaram que só ela permite solucionar a questão da relação que se pode estabelecer entre o absoluto – um absoluto qualquer – e os entes não absolutos. Os autores modernos preferiram a segunda oposição, tendo surgido assim novas doutrinas metafísicas. Por exemplo, o monismo – que se pode definir como a tentativa de redução de todo o relativo ao absoluto -, o fenomenismo (v.) – que pode definir-se como a tentativa de referir todo o absoluto a algo de relativo -, o dualismo ou o pluralismo (v.) – que podem definir-se como a tentativa de “dividir” o absoluto em duas ou mais entidades absolutas – etc.

III. A existência do absoluto. A maior parte dos filósofos do passado admitiram ou a existência do absoluto – ou de um absoluto – ou pelo menos a possibilidade de falar com sentido acerca do seu conceito. Em contrapartida, outros filósofos – especialmente numerosos no período contemporâneo – negaram-se a aceitar a ideia de absoluto. Esta negação pode assumir três formas. Por um lado, pode negar-se que haja um absoluto e considerar o que se disser acerca dele como resultado da imaginação literária ou poética. Em segundo lugar, pode negar-se que seja legítimo desenvolver algum conceito de absoluto, especialmente porque qualquer tentativa desta índole vai dar a ANTINOMIAS insolúveis. Finalmente, pode negar-se que seja possível usar com sentido a expressão “o absoluto”, alegando que essa expressão não tem um referente observável ou que viola as regras sintéticas da linguagem. A primeira opinião foi defendida por muitos empiristas, e a segunda por muitos racionalistas; a última, pela maior parte dos racionalistas.

IV. Diversos modos de conceber o absoluto. Os que admitem a possibilidade de conceber um absoluto não estão sempre de acordo relativamente ao modo como se deve introduzir a sua ideia. Uns pensam que o órgão normal de conhecimento do absoluto é a razão, outros, a experiência. Alguns consideram que nem a razão nem a experiência são adequadas, uma vez que o absoluto não é pensável; nem se pode falar dele, mas só intuí-lo. Por último, outros afirmam que tudo o que se diga acerca do absoluto não pode sair da frase: “o absoluto é o absoluto”, não há pois outro remédio senão abandonar o aspecto formal do absoluto e referirmo-nos ao seu aspecto concreto.

V. Formas históricas da ideia de absoluto. A última posição nem sempre se manifestou explicitamente, mas foi a mais comum na tradição filosófica. Eis alguns exemplos: a esfera, de Parménides, a ideia de bem, de Platão; o primeiro motor imóvel, de Aristóteles; o uno, de Plotino; a substância de Espinosa; a coisa em si, de Kant; o eu, de Fichte; o espírito absoluto, de Hegel. Comum a todas estas concepções é o pressuposto de que só um absoluto pode ser o absoluto. Afirmou-se que, desta maneira, se é infiel à ideia de absoluto, pois este deve ser tão incondicionado e independente que não pode estar submetido às condições impostas por alguma das identidades mencionadas ou por algum dos princípios que poderiam descobrir-se. (Ferrater)


(in. Absolute; fr. Absolu; al. Absoluto; it. Assoluto). O termo latino absolutus (desligado de, destacado de, isto é, livre de toda relação, independente) provavelmente corresponde ao significado do termo grego kath’ auto (ou por si) a propósito do qual diz Aristóteles: “Por si mesmo e enquanto ele mesmo é significam a mesma coisa; p. ex.: o ponto e a noção de reta pertencem à linha por si porque pertencem à linha enquanto linha” (An. post., I, 4, 73 b 30 ss.). Nesse sentido, essa palavra qualificaria uma determinação que pertence a uma coisa pela própria substância ou essência da coisa, portanto, intrinsecamente. Esse é um dos dois significados da palavra distinguidos por Kant, o que ele considera mais difundido, mas menos preciso. Nesse sentido, “absolutamente possível” significa possível “em si mesmo” ou “intrinsecamente” possível. Desse significado Kant distingue o outro, que considera preferível, segundo o qual essa palavra significaria “sob qualquer relação”; nesse caso, “absolutamente possível” significaria possível sob todos os aspectos ou sob todas as relações (Crít. R. Pura, Dial. transc, Conceitos da razão pura, seç. II).

Esses dois significados se mantêm ainda no uso genérico dessa “palavra, mas o segundo prevalece, talvez por ser menos dogmático e não fazer apelo ao misterioso em si ou à natureza intrínseca das coisas. P. ex., dizer “Isto é absolutamente verdadeiro” pode equivaler a dizer “Esta proposição contém em si mesma uma garantia de verdade”; mas pode também querer dizer “Esta proposição foi amplamente verificada e nada há ainda que possa provar que ela é falsa”; este segundo significado é menos dogmático do que o primeiro. Assim, responder “Absolutamente não” a uma pergunta ou a um pedido significa simplesmente avisar que este “não” está solidamente apoiado por boas razões e será mantido. Esses usos comuns do termo correspondem ao uso filosófico que, genericamente, é o de “sem limites”, “sem restrições”, e portanto “ilimitado” ou “infinito”. Muito provavelmente a difusão dessa palavra, que tem início no séc. XVIII (embora tenha sido Nicolau de Cusa que definiu Deus como o absoluto, De docta ignor, II, 9), é devida à linguagem política e a expressões como “poder absoluto”, “monarquia absoluto”, etc, nas quais a palavra significa claramente “sem restrições” ou “ilimitado”.

A grande voga filosófica desse termo deve-se ao Romantismo. Fichte fala de uma “dedução absoluto”, de “atividade absoluto”, de “saber absoluto”, de “reflexão absoluto”, de “Eu absoluto”, para indicar, com esta última expressão, o Eu infinito, criador do mundo. E na segunda fase de sua filosofia, quando procura interpretar o Eu como Deus, usa a palavra de modo tão abusivo que beira o ridículo: “O absoluto é absolutamente aquilo que é, repousa sobre si e em si mesmo absolutamente”, “Ele é o que é absolutamente porque é por si mesmo… porque junto ao absoluto não permanece nada de estranho, mas esvai-se tudo o que não é o absoluto” (Wissenschaftslehre, 1801, §§ 5 e 8; Werke, II, PP. 12, 16). A mesma exageração dessa palavra acha-se em Schelling, que, assim como Fichte da segunda maneira, emprega, além disso, o substantivo “absoluto” para designar o princípio infinito da realidade, isto é, Deus. O mesmo uso da palavra reaparece em Hegel, para quem, como para Fichte e Schelling, o absoluto é, ao mesmo tempo, o objeto e o sujeito da filosofia e, embora definido de várias formas, permanece caracterizado pela sua infinidade positiva no sentido de estar além de toda realidade finita e de compreender em si toda realidade finita. O princípio formulado na Fenomenologia (Pref.) de que “o absoluto é essencialmente o resultado” e de que “só no fim está o que é em verdade” leva Hegel a chamar de Espírito absoluto os graus últimos da realidade, aqueles em que ela se revela a si mesma como Princípio autoconsciente infinito na religião, na arte e na filosofia. O Romantismo fixou assim o uso dessa palavra tanto como adjetivo quanto como substantivo. Segundo esse uso, a palavra significa “sem restrições”, “sem limitações”, “sem condições”; e como substantivo significa a Realidade que é desprovida de limites ou condições, a Realidade Suprema, o “Espírito” ou “Deus”. Já Leibniz dissera: “O verdadeiro infinito, a rigor, nada mais é que o absoluto” (Nouv. ess., II, 17, § 1). E na realidade esse termo pode ser considerado sinônimo de “Infinito” (v.). Em vista da posição central que a noção de infinito ocupa no Romantismo (v.), entende-se por que esse sinônimo foi acolhido e muito utilizado no período romântico. Na França, essa palavra foi importada por Cousin, cujos vínculos com o Romantismo alemão são conhecidos. Na Inglaterra, foi introduzida por William Hamilton, cujo primeiro livro foi um estudo sobre a Filosofia de Cousin (1829); e essa noção tornou-se a base das discussões sobre a cognoscibilidade de absoluto, iniciadas por Hamilton e Mansel e continuadas pelo evolucionismo positivista (Spencer, etc), que, assim como esses dois pensadores, afirmou a existência e, ao mesmo tempo, a incognoscibilidade do Absoluto. Na filosofia contemporânea, essa palavra foi amplamente usada pela corrente que estava mais estreitamente ligada ao Idealismo romântico, isto é, pelo Idealismo anglo-americano (Green, Bradley, Royce) e italiano (Gentile, Croce), para designar a Consciência infinita ou o Espírito infinito.

Essa palavra permanece, portanto, ligada a uma fase determinada do pensamento filosófico, mais precisamente à concepção romântica do Infinito, que compreende e resolve em si toda realidade finita e não é, por isso, limitado ou condicionado por nada, nada tendo fora de si que possa limitá-lo ou condicioná-lo. No seu uso comum, assim como no filosófico, esse termo continua significando o estado daquilo que, a qualquer título, é desprovido de condições e de limites, ou (como substantivo) aquilo que se realiza a si mesmo de modo necessário e infalível. (Abbagnano)


DEUSABSOLUTO

VIDE: Divindade, Deus,

Segundo Eckhart, Deus é o Ser Absoluto que não se confunde com nenhum dos seres aos quais confere existência. É ele o Uno do qual todas as coisas fazem parte. Ora, dizer que Deus é o Ser Absoluto, o Uno do qual todas as coisas participam, equivale a dizer que Deus é princípio. Isto é: a coincidência do começo e o fim de todas as coisas (alfa e omega). É dele que tudo parte, e é para Ele que tudo retorna. Tudo o que será — o que está por vir a ser — e tudo o que já foi — o que deixa de ser —, é, está presente em Deus. Nele, o passado, o futuro e o presente estão sendo eternamente atualizados. Ou melhor, Deus é, em si mesmo, a própria eternidade. (Glória Ribeiro: Excertos de Ensaios de Filosofia)


Ao longo de sua história os chineses refletiram sobre as relações entre o absoluto e o relativo, o transcendente e contingente, sem dissociar o absoluto do relativo; constantemente tiveram a preocupação de dispor do absoluto como não exclusivo e de aí introduzir sinteticamente o relativo, tanto os budistas como os taoistas.

Para os chineses, o absoluto não é deste universo, que comporta um Céu e uma Terra destinados à ruína, que serão substituídos por um outro Céu e uma outra Terra; quer dizer que este universo não é a totalidade, mas dela é feito, pois é formado do Sopro do qual toda coisa é somente forma concentrada ou diluída. Todo ente, toda existência, está ligada intrinsecamente à totalidade por sua substância, o sopro, e por sua estrutura, pois todo ente é um microcosmo cujas diferentes partes se ordenam em ressonância com o conjunto, o conjunto do universo sendo concebido como um sistema de relações e de interações, a vida e o mundo são apenas relações infinitas entre tudo o que existe, nenhum indivíduo e nenhuma entidade podem existir isoladamente e por si mesmo. Assim cada ente nada mais é que o cruzamento de forças e de situações diversas, um filtro que dá uma aspecto de realidade, um signo de relações múltiplas, multidimensionais, com os outros. No entanto o mundo em sua totalidade não é supervisionado por nenhum absoluto; ele não é criado mas se auto-cria.

Para os taoistas, a coincidência entre o absoluto e o relativo se exprime por aquela que deve juntar o mundo “anterior ao céu” ou numenal, e o mundo «posterior ao céu» (Tian); é sobre o que trabalham os alquimistas que “extraem” os agentes «anteriores ao céu», pré-existenciais e eternos, figurados de múltiplas maneiras (seja pelo traço yang tomado no trigrama (kan) (vide Trigramas) do I Ching, e incluso nos dois traços yin, seja pelo “sopro interior”, por contraste com o “sopro exterior” que respira o homem ordinário, seja por uma “centelha yang” que está depositada no homem desde antes de sua concepção e desde antes do tempo para purificar e sublimar os agentes grosseiros “posteriores ao céu”. (Isabelle Robinet: Excertos de “Les Notions philosophiques”, PUF, 1990)


Absoluto. La Total-Realidad actualizando (con relación a nuestro mundo) en un paso de la Potencia al Acto y según la Voluntad divina, toda determinación relativa.

«El mundo fenoménico es una huella que deja tras de si la actividad creadora incesante de lo Absoluto».

Volviendo a la historia interrumpida de Noé, el tipo de tanzîh que éste simboliza es una actitud propia y característica de la Razón. al-Qashani lo llama «tanzîh por la Razón» (al-tanzîh al-‘aqliy). La Razón, por naturaleza, se niega a admitir que lo Absoluto aparezca en una forma sensible. Pero de este modo pasa por alto un punto muy importante, a saber, que «purificar» lo Absoluto de toda forma sensible, como ya hemos visto unas líneas más arriba, no sólo equivale a delimitarlo sino que es susceptible de caer en una especie del mismo tashbîh que con tanta violencia detesta.

Comentando un verso de Ibn Arabi, que dice: «Cada vez que (lo Absoluto) se aparece ante los ojos (en una forma sensible), la Razón rechaza (la imagen) por el razonamiento lógico que tan asiduamente aplica», al-Qashani señala:

El significado del verso es el siguiente: cuando (lo Absoluto) se manifiesta (tayalli) en una forma sensible, la Razón lo rechaza por razonamiento lógico, a pesar de que, en realidad, (el fenómeno sensible) sea una realidad (a su manera) tanto en el plano del mundo sensible como en sí misma (o sea no sólo como fenómeno sensible, sino en su realidad como auténtica forma de manifestación de lo Absoluto). La Razón lo «purifica» de ser un objeto sensible porque, de otro modo, (lo Absoluto) se hallaría en un lugar determinado y en cierta dirección determinada. La Razón estima que (lo Absoluto) está por encima de estas (determinaciones). Sin embargo, lo Absoluto transciende aquello de lo que (la Razón) lo «purifica», y transciende la «purificación» en sí. Porque «purificarlo» de este modo es asimilarlo a los seres espirituales y, por lo tanto, delimitar su absolutidad. Hace de lo Absoluto algo determinado.

La realidad es que lo Absoluto transciende el estar en una dirección y el no estarlo, el tener una posición y el no tenerla; también transciende todas las determinaciones originadas por los sentidos, la razón, la imaginación, la representación y el pensamiento.

Además de este tipo de tanzîh simbolizado por Noé, el «tanzîh de la Razón», Ibn Arabi reconoce otro tipo de tanzîh: el «tanzîh del saber inmediato» (al-tanzîh al-dhawqiy), simbolizado por el ya mencionado profeta Enoc.

Ambos tipos de tanzîh corresponden respectivamente a dos Nombres: uno es subbuh, mencionado al principio de este capítulo, y otro es quddus, «el Santísimo». Ambos son tanzîh, pero el que simboliza Noé consiste en «purificar» lo Absoluto de cualquier atributo que implique imperfección, mientras que el segundo, además, elimina de lo Absoluto todas las propiedades de los seres «posibles» (incluyendo las perfecciones más elevadas alcanzadas por las cosas «posibles») y toda conexión con lo material así como cualquier cualidad determinada imaginable o pensable. (Toshihiko Izutsu, Sufismo Taoismo)


A prerrogativa do estado humano constitui a objetividade cujo conteúdo essencial é o Absoluto. Não há conhecimento sem objetividade da inteligência, não há liberdade sem objetividade da vontade e não há nobreza sem objetividade da alma. Em cada um dos três casos, a objetividade é ao mesmo tempo horizontal e vertical. O sujeito, seja intelectivo, volitivo ou afetivo, visa necessariamente tanto ao contingente quanto ao Absoluto: ao contingente, em virtude de o próprio sujeito ser contingente e na medida em que ele é; e ao Absoluto, porque o sujeito se assemelha ao Absoluto por sua capacidade de objetividade.
Shankara não cogita em negar a validade relativa dos exoterismos, que, por definição, se interessam pela consideração de um Deus pessoal. Este é o Absoluto refletido no espelho limitativo e diversificador de Maya; é Ishwara, o Príncipe criador, destruidor, salvador e punidor, e o protótipo “relativamente absoluto” de todas as perfeições. Esse Deus pessoal e todo-poderoso é perfeitamente real em si e, principalmente, em relação ao mundo e ao homem; mas não está menos ligado a Maya que ao Absoluto propriamente dito.
Para Ramanuja, a Divindade pessoal, o Deus criador e salvador, identifica-se com o Absoluto sem nenhuma restrição; segundo esse modo de ver, não há possibilidade de se considerar uma Atmâ ou uma Essência que transcenda uma Maya e, consequentemente, nem uma Maya que provoque ou determine a limitação hipostática de uma Essência.
Há no homem uma subjetividade ou uma consciência feita para olhar o exterior e para perceber o mundo, seja este terrestre ou celeste. Além disso, há no homem uma consciência feita para olhar o interior, em direção ao Absoluto ou ao Si mesmo, seja esta visão relativamente separativa ou unitiva.
Em todo caso, a subjetividade humana é um prodígio tão inaudito que basta para provar tanto Deus como a imortalidade da alma: Deus, porque essa subjetividade extraordinariamente ampla e profunda só se explica por um Absoluto que a prefigura substancialmente e que a projeta na acidência; e a imortalidade da alma, porque a qualidade incomparável dessa subjetividade não encontra nenhuma razão suficiente ou nenhum motivo adequado à sua excelência, no âmbito estreito e efêmero da vida terrestre.
Está salvo o homem que compreende a razão de ser da subjetividade humana; ser, na relatividade, simultaneamente um espelho do Absoluto e um prolongamento da Subjetividade divina. Manifestar o Absoluto na contingência, o Infinito na finitude, a Perfeição na imperfeição.
O véu é um mistério porque a Relatividade é um mistério. O Absoluto, ou o Incondicionado, é misterioso à força de evidência; mas o Relativo, ou o Condicionado, o é à força de ininteligibilidade. Se não podemos compreender o Absoluto, é porque sua luminosidade cega; em compensação, se não podemos compreender o Relativo, é porque sua obscuridade não oferece nenhum ponto de referência. Pelo menos é assim quando consideramos a Relatividade na sua aparência arbitrária, pois ela se torna inteligível na medida em que é veículo do Absoluto. A razão de ser do Relativo é ser veículo do Absoluto, velando-o.

(Frithjof Schuon: Schuon Esoterismo Principio Via)