Apoftegmas — Abade Poimém
Tradução do grego de D. Estevão Bettencourt O.S.B.
121. Disse também que a maldade dos homens está oculta por detrás deles.
122. Um irmão perguntou ao Abade Poimém: «Que hei de fazer contra as perturbações que me acometem?» Respondeu o ancião: «Choremos diante da bondade de Deus em todo trabalho nosso, até que use conosco da sua misericórdia».
123. De novo perguntou-lhe o irmão: «Que hei de fazer contra os inúteis desejos que tenho?»
Respondeu Poimém: «Há homens que já sofrem a respiração ofegante da morte, mas ainda atendem aos desejos deste mundo. Não te aproximes, e não toques esses desejos; eles se esvanecerão por si».
124. Um irmão perguntou ao Abade Poimém: «Pode o homem ser um morto?» Respondeu este: «Se o homem chega ao pecado, morre; se, porém, chega ao bem, viverá e o praticará».
125. O Abade Poimém referiu o seguinte dito do bem-aventurado Abade Antão: «A grande força do homem está em que assuma sobre si mesmo o seu pecado diante do Senhor, e espere tentação até o último respiro».
126. Perguntaram ao Abade Poimém a quem é que se aplica a palavra da Escritura: «Não vos (Entendem-se aqui as lágrimas de compunção.) preocupeis com o dia de amanhã» (Mt 6,34). O ancião respondeu: «Foi dita para o homem que, acometido de uma tentação, perde a coragem, a fim de que não pergunte preocupado: ‘Quanto tempo deverei sofrer esta tentação?’ Antes reflita um pouco, e de dia para dia diga: ‘Hoje’».
127. Disse também: «Ensinar ao próximo é obra do homem sadio e destituído de paixões; pois que vantagem há em construir a casa de outrem ao mesmo tempo que se derruba a própria casa?»
128. Disse mais: «Que proveito há em que alguém saia para aprender uma arte e não a aprenda?»
129. Disse de novo: «Tudo que excede a justa medida, provém dos demônios».
130. Disse também: «Quando alguém intenciona construir uma casa reúne muitas coisas de diferentes espécies e necessárias para que a casa possa subsistir. Assim também nós assumamos um pouco de cada virtude».