Pai Nosso — NOTAS
Notas diversas:
Padres da Igreja: Citações em nosso site francês
Joachim Jeremias: A oração do Senhor — excertos da “Mensagem Central do Novo Testamento”
Somente se a virmos contra este pano de fundo é que podemos compreender, no seu sentido mais profundo, a oração do Senhor1.
Ela chegou até nós sob duas formas: a) a mais breve em Lc 11,2-4, e b) a mais longa em Mt 6,9-13. Enquanto que ninguém teria ousado encurtar este texto capital, é fácil de se imaginar um alargamento do texto em relação com o seu emprego litúrgico. A versão mais breve, a de Lucas, deve ser a mais antiga. Aqui a oração se endereça simplesmente ao Páter, o equivalente de Abba.
Para compreender o que este apelativo significava para os discípulos, é preciso referir-se às circunstâncias em que Jesus deu aos seus discípulos o Pai-nosso. Segundo Lc 11,1, eles tinham pedido a Jesus: “Senhor, ensina-nos a orar”. É preciso dizer que este pedido implicava, da parte dos discípulos, o desejo de ter uma oração própria, só deles, como os discípulos do Batista ou os fariseus e os essênios tinham suas orações próprias, penhor de sua comunhão. “Senhor, ensina-nos a orar” significa portanto: “Senhor, dá-nos uma oração que seja o sinal e o distintivo de teus discípulos”.
Jesus atendeu a este pedido, e, fazendo-o, autorizou primeiramente e antes de tudo os seus discípulos a fazerem como ele e a dizerem Abba. Deu-lhes esta expressão como prova de sua qualidade de discípulos. Pela autorização que lhes concedia de invocarem também eles a Deus como Abba, permitia-lhes que participassem de sua própria comunhão com Deus. Ele chega até mesmo a dizer que somente aquele que puder repetir este Abbá entrará no reino de Deus 23. Esta invocação Abbá, pronunciada pelos discípulos, é uma participação na revelação, é a escatologia realizada. É a presença do reino já aqui, atualmente. É cumprimento, concedido por antecipação, da promessa:
Eu serei o seu pai e eles serão meus filhos. Todos eles serão chamados filhos do Deus vivo (Jubileus l,24s).
É assim que Paulo compreendia esta invocação quando dizia, por duas vezes, que a repetição da palavra Abbá era a prova de que um cristão entrava na posse da filiação e do Espírito (Rm 8,15; G1 4,6). As antigas liturgias cristãs evidenciam bem a consciência da importância deste dom quando fazem preceder à oração do Senhor as palavras: “Ousamos dizer: Pai nosso”.
Gnósticos
Antonio Orbe: Parábolas Evangélicas em São Irineu
Nos capítulos da Homilias pseudo-clementinas desenvolvem-se pretendidas disputas entre os dois Simão, Pedro e o Mago. pedro confessa que o maligno existe: “Muitas vezes o Mestre (Cristo), que em tudo dizia a verdade, havia ensinado sua existência (do maligno). Confessava, com efeito, que já em seguida (de dar-se a conhecer no Jordão) o (maligno) o tentou em diálogo durante quarenta dias (Mc 1,13). E sei que em outra ocasião afirmou (Mt 12,26): ‘Se Satanás arroja a Satanás, se dividiu contra si. Como, pois, está de pé seu reino?’ E declarou (outra vez) haver visto o Maligno caindo do céu como um raio (Lc 10,18). Em em outra parte dizia (Mt 13,39): ‘Mas o que semeia a má semente é o diabo’. E de novo: ‘Não deis ocasião ao Maligno’ (Ef. 4,27); 1Tim 5,14). Assim mesmo, aconselhava (Mt 5,35): ‘de vós seja o sim, sim e o não, não. O que sobra disto, vem do Maligno’. Igualmente, na oração que nos encomendou temos dito (Mt, 6,13): ‘Livra-nos do Maligno’. Em outro lugar prometeu (diria) aos ímpios (Mt 25,20): “Apartai-nos das trevas exteriores, que dispôs o Pai para o diabo e seus anjos’.
Roberto Pla: LA MEDITACION UNIVERSAL DEL PADRENUESTRO
Philosophia
Simone Weil: SOBRE EL PADRENUESTRO
Gurdjieff
Maurice Nicoll: Mordomo Infiel
NOTAS DE RODAPÉ:
Cf. para mais detalhes o meu estudo: The Lord’s Prayer in Modern Research, in Expository Times 71 (1959-1960) pp. 141-146; texto revisto: The Lord’s Prayer (Facet Books, Biblical Series 8), Filadélfia, 1964. ↩