VIDE
Foi em um sentido esotérico que o tema do Bom Pastor, que logo foi suprimido do cânon iconográfico, foi frequentemente usado nas pinturas das catacumbas entre os século III e IV. A ideia de pastor e ovelhas como uma analogia para o mundo interior do homem já foi tratada nos Ícones da Natividade. Vimos então, referindo-se inclusive à Philokalia, que um princípio de ordenamento interior, governando aleatórios pensamentos, sentimentos e outras energias psíquicas dispersas, é uma característica na disciplina prática da ciência espiritual. Mas não terá qualquer sentido para o homem que considera que seu mundo psicológico e espiritual já funciona com clareza e ordem. E assim o significado do pastor e das ovelhas só terá sua significância arquetípica para aqueles poucos que forem iniciados nos mistérios da gnose cristã. Apareceu nos séculos III e IV tanto nas catacumbas e em algumas igrejas a imagem assustadora de uma figura semelhante a um pastor tocando um instrumento musical e cercado de ovelhas e cabras. A presença deste Orfeu-Cristo, como é conhecido, aparecendo em Atenas e em Roma, aponta para uma escola de pensamento estabelecida dentro do cristandade que compreendia, na imagem do submundo, o símbolo do psicologicamente baixo lugar onde o homem existe dentro dele mesmo. Mitos órficos e do Antigo Testamento são meios de oferecer a um buscador algo das possibilidade e necessários passos pelos quais ele pode esperançar elevar-se ao nível espiritual mais alto.
Estes primeiros e muito espirituais cristãos usavam várias imagens diferentes para expressar esta ideia, para eles muito importante, de fuga interior — ou ascensão — da morte interior. Para eles a morte e a ressurreição de Cristo não era tão importante como um evento histórico; era muito mais importante como uma imagem do que seria sua própria experiência espiritual. Eles compreendiam a estória de Jonas e a Baleia neste sentido e é sempre encontrada neste período, juntamente com as estória de Daniel e os Leões e as Três Crianças na Fornalha. Este eventos são o que a teologia chama prefigurações da morte e ressurreição de Cristo; o esoterismo diria que mesmo este evento é ele mesmo uma prefiguração de nossa própria morte e ressurreição.
A certa época esses estavam entre os principais ícones da Cristandade; sua importância jaz no fato que são alegorias místicas, ou imagens, da fuga da morte espiritual, uma situação que não deveria ser confundida com a morte física da qual ninguém do mundo natural escaparia. Mais tarde, por volta dos séculos V e VI, a significância destas imagens tiveram menor proeminência; elas foram encontradas ilustrando páginas de livros iluminados mas dificilmente são encontradas em ícones e só raramente em afrescos.