PRÓLOGO DE JOÃO — TUDO EXISTE POR ELE
Tudo existe por Ele. Sem Ele: nada.
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Erígena: TODAS AS COISAS FORAM FEITAS POR ELE
Stanislas Breton: PANTA
Jean-Yves Leloup: EVANGELHO DE JOÃO
A Vulgata de São Jerônimo, sem dúvida mais próxima do espírito hebreu, traduz: « Sine ipso factum este nihil » = Sem ele, nada se fez. Sem ele: Nihil = Nada!
Importa experimentar sem cessar esta gênese, em via de criação (v. criação contínua); não somos feitos uma vez por todas; o Logos está em obra sem cessar para nos manter fora do Nada.
Se descobrir « criado », é des-cobrir que não temos o Ser por n’so mesmos; somos seres por participação. No mesmo movimento, descobrimos que somos « nada » e que somos « amados ». Só existimos pelo Amor e o livre desejo do Vivente.
Quando Mestre Eckhart diz que « a criatura é um puro nada », isso não quer dizer que ela não existe, mas que ela não tem existência em si e para si; não faz senão repetir a palavra de São João.
É verdade que este termo de « nada » é ambíguo.
Deus ele mesmo pode ser dito um « puro nada », no sentido que Ele nada é disto que existe. Ele é Incriado…
Pode-se dizer então que Ele « não existe », ele não pertence ao reino dos Entes, « não do mundo ».
Mas este Nada, este Não-Ente, é a matriz de onde nascem os mundos, o Incriado de onde vem toda criatura.
Sem o Logos: Nada. Sem esta Vontade de Manifestação, sem este Desejo que vem de Alhures, o Universo não existiria. Não há necessidade nele mesmo. Ele está inteiramente suspenso a esta liberdade abissal, este Amor Desconhecido « que faz girar a terra, o coração humano e as outras estrelas ».
Eis aí um versículo que se trata de experimentar mais que explicar. Certas situações de nossa vida nos dão a experimentar nosso « nada », nossa vacuidade (nossa lama, diria Chouraqui). É no coração mesmo deste « nada » que podemos tocar verdadeiramente a Presença do Logos.