PRÓLOGO DE JOÃO — GRAÇA SOBRE GRAÇA…
De sua Plenitude todos recebemos graça sobre graça.
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Erígena: GRAÇA E VERDADE
Jean-Yves Leloup: EVANGELHO DE JOÃO
De sua plenitude, literalmente de seu pleorma, todos recebemos uma graça, e ainda mais graça.
A graça da filiação vem coroar a participação na vida mesma do Criador. A Relação que podemos ter ou melhor podemos ser com a origem não é uma relação de causa a efeito, uma relação de ordem da necessidade, mas uma relação de intimidade filial, de pessoa a pessoa, quer dizer de liberdade a liberdade, divinização que não se opera naturalmente ou mecanicamente, mas que demanda nossa colaboração, nosso « bem querer ».
Joaquim Carreira das Neves: ESCRITOS DE SÃO JOÃO
A expressão do v.16: charin anti charitos (“graça sobre graça”) tanto pode significar a acumulação ou superabundância da “graça-dom” (cf. v. 14: “cheio de graça e verdade”, v. 17: “a graça e a verdade aconteceu por Jesus Cristo”) como a requalificação de “uma graça” em paralelo com “outra graça”. A preposição anti presta-se a estas duas interpretações. Se os vv.16-17 formam uma unidade conceitual e literária, significa que o “crente” recebe a graça da Lei de Moisés mais a graça acontecida por Jesus Cristo. Não se trataria duma “graça” em oposição a outra “graça” (ao contrário de Paulo), nem duma superabundância pura e simples da “graça-dom-cristã”, mas em acumulação perfectiva: o dom da Lei mais o dom final da graça cristã “acontecida por Jesus Cristo”. (Já sabemos que só neste v.17 o Verbo é identificado de maneira precisa com a pessoa de Jesus Cristo). Trata-se, como vimos, da “revelação” total em Jesus Cristo, mas que só se entende se tivermos em consideração a revelação-graça da Lei de Moisés.