JERÔNIMO — COMENTÁRIO À MATEUS
Obras de San Jerónimo, II, Comentario a Mateo y otros escritos, Biblioteca de Autores Cristianos (BAC), serie normal 624, Madrid, 2002, 769 p., edición bilingüe promovida por la Orden de San Jerónimo, introducciones, traducción y notas de Virgílio Bejarano. ISBN 84-7914-546-3
Contribuição e tradução de Antonio Carneiro do “Comentário à Mateus”, Livro I (1, 1 — 10, 42), páginas 75 e 77
CAPÍTULO 7 — 15. DA ÁRVORE BOA E SEUS FRUTOS
44 “Não pode uma árvore boa dar maus frutos nem uma árvore má dar frutos bons” (Mt 7,18). Perguntemos aos hereges que garantem que existem duas naturezas contrárias entre si1), se segundo sua interpretação nunca pode uma só árvore boa dar maus frutos, como Moisés, uma árvore boa, pecou junto à água da contradição (Dt 32,51), e como David, uma vez assassinado Urías, se deitou com Betsabé (2Rs11,27), como Pedro também, na paixão do Senhor, negou-lhe dizendo: “Desconheço o homem” (Mt 26,72), ou com que razão o sogro de Moisés, Jetro, uma árvore má, que, em todo caso, não acreditava no Deus de Israel, deu à Moisés um bom conselho (Ex 18,19), Aquior disse à Holofernes algo útil (Jt 5,5), e um autor cômico2 disse o que o Apóstolo (1Cor 15,33) comprovou que estava bem dito: “As conversações péssimas corrompem os bons costumes” ? E como não encontraram o que responder, nós inferimos também que Judas, anteriormente uma árvore boa, deu frutos maus depois que traiu o Salvador (Jo 13,2), e que Paulo, uma árvore má, nos tempos em que perseguia a Igreja de Cristo, deu depois frutos bons quando, de perseguidor que era, passou a ser vaso de eleição3 (At 9,1-30). Logo a árvore boa não dá frutos maus durante todo tempo que persevera no amor à bondade e a árvore má segue com os frutos dos pecados durante o tempo em que não se converte à penitência. Ninguém, com efeito, que permanece no que foi começa a ser aquilo que todavia não começou a ser.
NOTAS: