PARÁBOLAS DE JESUS — A GRANDE CEIA (Lc XIV, 16-24)
EVANGELHO DE JESUS: Lc 14:16-24
16 Ele lhe diz: «Um homem faz um grande jantar e convida muita gente.
17 Na hora do jantar ele envia seu servo para dizer aos convidados:
“Vinde, pois agora está pronto!”
18 Mas todos começam a se desculpar como um único homem.
O primeiro lhe diz: “Comprei um campo.
Preciso sair para vê-lo.
Rogo-te que me desculpes.”
19 Um outro diz: “Comprei cinco pares de bois.
Vou verificá-los. Rogo-te que me desculpes.”
20 Um outro diz: “Tomei uma mulher; por isso não posso vir.”
21 O servo chega e anuncia isso a seu Adôn.
Então, o patrão inflama-se e diz a seu servo:
“Sai depressa pelas praças e ruas da cidade.
Os pobres, os estropiados, os cegos,
os coxos, faze-os entrar.”
22 O servo lhe diz:
“Adôn, o que ordenaste está feito, e ainda há lugar.”
23 O Adôn diz ao servo:
“Sai em direção às estradas e aos muros.
Obriga-os a entrar,
para que encham a minha casa.
24 Sim, eu vos digo, nenhum desses homens
que haviam sido convidados provará do meu jantar.”» [Chouraqui]
VIDE: Bodas Reais e Convidados
A interpretação corriqueira que se é induzido pelas palavras da parábola é das desculpas que se dão para não atender à grande ceia do Senhor. Evidentemente algo mais se quer enunciar, enquanto “boa nova”, ao se atentar que à recusa e desculpa dos “convidados”, ordena o Senhor aos servos que busquem e tragam mesmo que a força, aqueles que encontrarem pelo caminho…
Aqueles que se encontram no caminho certamente não estão ocupados com seus próprios interesses e afazeres deste mundo. Têm assim o mínimo de disponibilidade para serem trazidos à Ceia do Senhor.
Citações dos Padres — nosso site francês
Mestre Eckhart: Eckhart – Sermão 20
Antonio Orbe [OPEI]
As chamadas Pseudo Clementinas atentam para a vestimenta de bodas e de ceia. Geralmente se interpretavam como sendo os “judeus” os “convidados” que se desculpam por não vir à Grande Ceia.
Com o Evangelho de Tomé – Logion 64 entra-se em terreno mais firme:
Marcion retém a parábola em seu evangelho, entendendo o Senhor como Deus, o verdadeiro, e portanto lhe retirando qualquer menção a sua ira, incompatível com o Deus verdadeiro e bom. Testemunha assim a vocação gratuita de Deus, pois o objeto da ceia é o próprio Deus, ou algo ligado a sua posse. Acentua o empenho divino por estender aos deserdados de bens sensíveis, o dom da ceia. Afirma os “convidados” como os judeus que se desculpam por não atender ao convite de Deus.
Valentino pode ser citado por uma referência no Excerpta ex Theodoto. Atos de Tomé tem seções aparentadas com os Excerpta.
Tertuliano atenta para a “vestimenta nupcial” como alegoria da santidade da carne rediviva.
Clemente de Alexandria atenta para: “Porque muitos são chamados e poucos escolhidos”.
Orígenes em seus comentários de Mateus tomo XVII trata da parábola. Começa por questionar de que matrimônio se fala. Enfatiza o “levar à força” como chamada premente de Deus, superior ao simples convite.
Irineu de Lião menciona inúmeras vezes a parábola.