Os dois cegos (Mt IX, 27-31; Mt XX, 29-34)

MILAGRES DE JESUS — OS DOIS CEGOS (Mt IX, 27-31; Mt XX, 29-34)

EVANGELHO DE JESUS: Mt 9:27-31; Mt 20:29-34

27 E de lá Iéshoua se vai.
Dois cegos o seguem. Eles gritam e dizem: «Matricia-nos, bèn David!»
28 Quando chega à casa,
os cegos se aproximam dele.
Iéshoua‘ lhes diz:
«Vós credes que eu posso fazer isto?»
Eles lhe dizem: «Sim, Adôn.»
29 Ele toca então seus olhos e diz:
«Que seja para vós segundo vossa adesão!»
30 E seus olhos se abrem. Iéshoua‘ lhes fala com dureza e diz: «Atenção! Que ninguém o saiba!»
31 Mas eles, desde que saem, falam dele por toda esta terra. [Chouraqui]


Jerônimo

Obras de San Jerónimo, II, Comentario a Mateo y otros escritos, Biblioteca de Autores Cristianos (BAC), serie normal 624, Madrid, 2002, 769 p., edición bilingüe promovida por la Orden de San Jerónimo, introducciones, traducción y notas de Virgílio Bejarano. ISBN 84-7914-546-3 Tradução de Antonio Carneiro do “Comentário a Mateus”, Livro I (1, 1 — 10, 42), páginas 101 e 103

27. “E Jesus ao passar de um lugar a outro, dois cegos correram atrás dele e aos gritos diziam: Tem misericórdia de nós Filho de Davi. 28. Porém, no momento em que chegou a casa, os cegos aproximaram-se dele” (9, 27.28). Após passar pela casa principal, o Senhor Jesus, encaminhou-se para sua casa segundo lido acima: “Subindo no barco atravessou o mar e chegou a sua cidade (Mt 9,1)”; “os dois cegos” aos gritos “diziam: Tem misericórdia de nós Filho de Davi.”, entretanto, não foram curados no caminho, não de passagem, como supunham, mas sim após chegarem em sua casa, aproximaram-se dele e entraram, e primeiro a fé deles foi examinada para então receberem a luz da verdadeira fé. O primeiro indício (signo) que expusemos da filha do homem principal [61] e da hemorroíssa consequentemente se une este para que, onde lá foram demonstradas a morte e a enfermidade, aqui demonstrasse a cegueira. Certamente, um e outro povo estavam cegos quando da passagem de Deus nesse tempo e desejavam voltar para suas casas, que se não tivessem reconhecido e dito: “Tem misericórdia de nós Filho de Davi”, e Jesus os interrogado: “Crede que posso fazer isso”? e respondido: “Sim, Absolutamente, Senhor”, não recuperariam a visão (“lumen”) primitiva. Outro evangelista (Mc 10, 46-52) descreveu um cego com a vestimenta rasgada e sentado em Jericó a quem os apóstolos lhe proibiram gritar, mas por seu descaramento recebeu a cura. Esta passagem propriamente se refere ao povo dos gentios e será narrada em seu correspondente volume.

“Tem misericórdia de nós Filho de Davi.” (9,27). Ouçam Marcião (Marcion) e Mani (Manicheus) e demais hereges que dilaceraram o Antigo Testamento e aprendam a chamar Filho de Davi ao Salvador. Se de fato não nasceu da carne, de que modo é chamado filho de Davi?

30. “E Jesus ameaçou eles dizendo: Vedes, porque não [devem] saber”. 31 “Eles, porém, uma vez afastados do caminho divulgaram sua fama em toda aquela terra”. (9, 30.31). O Senhor havia ordenado isto por humildade, fugindo da jactância glória, e eles por grata lembrança não puderam calar o benefício. Por isso, a marca de reconhecimento para alguém dentre os justos é o contrário. Esses cegos curados foram colocados em décimo lugar. [refere-se a sequência numérica da narrativa, a seguir (9,32.33) está em espanhol décimo primeiro milagre (“Undécimo milagro”); em latim não consta a palavra milagre (miraculum) só décimo primeiro (“Vndecimus”)].

Tomás de Aquino: Catena aurea — Mateus IX; Catena aurea — Mateus XX


Kyrie Eleison


Roberto Pla: Evangelho de ToméLogion 34

Por outro lado, uma única cura, a do Espírito, necessitarão aqueles dois cegos que menciona Mateus e que, segundo diz, seguiram a Jesus ao passar este, gritando: “Tende piedade de nós, Filho de Davi!”. Eles reconheceram por si mesmos, em Jesus, sua condição messiânica, sem lhe ver, logo seus olhos já estavam limpos da cegueira do mundo e prontos a ser abertos à luz do Espírito.