Segundo Michel Tardieu em seu estudo dos mitos gnósticos, o caos (gr. to chaos), para os gregos, era primeiramente topos, espaço vazio, berço de onde tudo emergiu. Guarda a matéria de onde surgiram o corpo e alma do mundo, o chaos de Hesíodo é igual a chora de Platão e também a hyle de Aristóteles; assim é “a natureza que recebe todos os corpos” (Timeu), “o receptáculo universal” (Timeu). Segundo Aristóteles, Hesíodo pensou corretamente quando pôs no princípio o caos…, como se precisasse existir primeiramente um lugar para os seres: é que ele pensava, com todo mundo, que toda coisa está em alguma parte e em um lugar (Física).
Mas o caos é também aion ilimitado e discórdia, o abismo do tempo infinito, lugar do esquecimento (lethe). No Hermetismo o caos é a hyle primeira e indeterminada. Informe o chaos é apeiron. Nas Homilias Pseudo-Clementinas é dito que o chaos é uma mistura confusa de elementos ainda sem ordem.