Reunindo quatro anos de conversações televisionadas, entre Josy Eisenberg e Armand Abécassis, tratando dos primeiros capítulos do Gênesis, essa quadrilogia denominada “À Bible ouverte”, oferece muitos elementos interpretativos indispensáveis, retirados da milenar tradição judaica.
Os textos aportados para essas conversações entre um rabino e um filósofo são tomados ao Midrach, termo que vem da raiz DRCH que significa investigar, inquietar. Designa o universo mais tradicional do comentário judeu: uma pesquisa sobre os temas, as ideias e as palavras que constituem uma verdadeira demanda.
Muito antes da era cristã, os rabinos da Palestina apelavam a este método para explicar as obscuridades do texto bíblico. Seus ensinamentos, frequentemente integrados a sermões, foram transmitidos oralmente até o momento que se procederam grandes compilações: por volta do século V.
O Midrach mais citado é o Midrach Rabbah, sobre o livro do Gênesis, datando dessa época. Ele se apresenta sob a forma de um comentário, versículo por versículo, algumas vezes palavra por palavra, do texto bíblico. Ele nos propõe a leitura judaica mais autêntica da Torá, e aí descobrimos interpretações de uma surpreendente modernidade.
Os Pirke do Rabi Eliezer que também aparecem frequentemente nos comentários são um pouco mais tardios e remontam à Alta Idade Média. Em vários momentos, é citado o Zohar, comentário cabalístico da Torá, que se considera ter sido compilado no século XIII, e que nos proporciona uma visão original sobre a história da serpente.
O Midrach Haggadol é o texto mais recente que inspira esses comentários. Data dos séculos XIII-XIV e apresenta a particularidade de ser um comentário yemenita, conservando tradições orais palestinas da mais alta antiguidade.
Excertos: