29. Há três céus e eles são entre si distintíssimos: o íntimo ou terceiro, o médio ou segundo e o último ou primeiro. Eles estão em sequência um ao outro, e subsistem entre si, como a parte superior do homem, que se chama cabeça, seu meio, que se chama corpo, e o último, que é chamado pés, tais como as partes mais alta, média e mais baixa de uma casa. Em uma tal ordem se acha também o Divino que procede e desce do Senhor. Daí, por necessidade de ordem, o céu é dividido em três partes.
30. Os interiores do homem, que pertencem à sua mente e ao seu ânimo, também estão em uma ordem semelhante. Ele tem um íntimo, um médio e um último, porque no homem, quando ele foi criado, foram reunidas todas as coisas da ordem Divina, a tal ponto que ele foi a ordem Divina em forma e, por conseguinte, um céu na menor efígie. É também por isso que o homem se comunica com os céus quanto a seus interiores e é também porque ele fica entre os anjos depois da morte – entre os anjos do céu íntimo, ou do céu médio, ou do último céu, segundo a recepção, durante sua vida no mundo, do Divino bem e da Divina verdade que procedem do Senhor.
31. O Divino que eflui do Senhor e que é recebido no terceiro céu ou céu íntimo chama-se celeste e, por conseguinte, os anjos desse céu chamam-se anjos celestes. O Divino que eflui do Senhor e que é recebido no segundo céu ou céu médio chama-se espiritual e, por conseguinte, os anjos desse céu chamam-se anjos espirituais. O Divino que eflui do Senhor e que é recebido no último ou primeiro céu é chamado natural. Contudo, o natural desse céu não sendo como o natural do mundo, mas tendo em si o espiritual e o celeste, é chamado espiritual-natural e celeste-natural e, por isso, os anjos que o habitam chamam-se espirituais-naturais e celestes-naturais. São chamados espirituais-naturais os que recebem o influxo do médio ou segundo céu, que é o céu espiritual, e são chamados celestes-naturais os que recebem o influxo do céu íntimo ou terceiro céu, que é o céu celeste. Os anjos espirituais-naturais e os anjos celestiais-naturais são distintos entre si, mas sempre constituem um mesmo céu, porque estão no mesmo grau.
32. Há em cada céu um interno e um externo. Os anjos que lá estão no interno são chamados anjos internos e os que estão no externo são chamados anjos externos. O externo e o interno nos céus, ou em cada céu, são lá como o voluntário e o intelectual do voluntário no homem, o interno como voluntário e o externo com intelectual do voluntário. Todo voluntário tem seu intelectual, pois um não existe sem o outro. O voluntário pode ser comparado à chama e o intelectual à luz que procede da chama.
[Swedenborg, Emanuel. O Céu e as suas maravilhas e o Inferno. Tr. Levindo Castro de La Fayette]