Deus vive num desapego imóvel de tudo o que foi criado, e a alma assimila-se a Deus, desligando as suas afeições – o seu “coração” – de todas as criaturas, incluindo até de si mesma.
O mesmo tipo de argumento é apresentado contra a primazia da humildade. Pela humildade, o homem se abaixa diante das criaturas e, portanto, mantém-se em relação com as criaturas. Mas o desapego não quer estar nem acima das criaturas nem abaixo delas. Ele não deseja ter nenhuma relação com eles. Não deseja ser “isto ou aquilo”, ou ser qualquer coisa:
. . . quem deseja ser isto ou aquilo, deseja ser alguma coisa. Mas o desapego, por outro lado, não quer ser nada. (DW, V, 540/Cl., 162)