EVANGELHO DE JESUS — LOGIA — SAL DA TERRA (Mt 5,13; Mc 9,48-50; Lc 14,34-35)
VIDE: Sal
Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. (Mt 5:13)
Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.
Porque cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com sal.
Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o temperareis? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros. (Mc 9:48-50)
Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar?
Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. (Lc 14:34-35)
O sal é o que dá sabor, palavra afim com saber, sabedoria. Ser o sal, ser o que dá sentido ao aí-se-é. Como a tudo se dá sentido, mesmo ao sem-sentido, é o mesmo que dizer “ser o que não se pode não ser”, com diz Karl Renz.
Ptolomeu Irineu de Lião, Contra as Heresias
O (elemento) pneumático foi emitido (e inserido no psíquico para que fosse aqui (no mundo) formado (substancialmente) em comunhão com o psíquico, submetido à mesma paideia (sympaideuthen) no regime de vida (próprio daqui). E este (= elemento pneumático) é — dizem — «o sal» (da terra) e «a luz do mundo». Porque tinha necessidade (o pneumático) de passar por uma educação tanto psíquica como sensível (= material). E por isso também foi feito — dizem — o mundo (material). (apud Antonio Orbe).
Roberto Pla
Evangelho de Tomé – Logion 10
Os escritores sagrados expressam esta exigência como o sabor e a consistência do fogo salgado com sal e por isso, já nas páginas do Levítico se diz: “Em nenhuma de tuas oblações permitirás que falte nunca o sal” (Lv 2,13). Esta petição está de acordo com as observações que transmitem os evangelistas, não somente aquela de Mateus: “Vós sois o sal da terra” (Sermão da Montanha), senão esta outra, algo enigmática, de Marcos: “Todos hão de ser salgados com fogo. Bom é o sal; mas se o sal se torna insípida (desvirtuada), com que a salgareis? Tende o sal em vós…” Como se dissesse: O conhecimento é purificador, mas para que seja efetivo e cumpra sua função de acercar a Deus, esse sal deve estar em vós.
Evangelho de Tomé – Logion 106
Os tormentos do fogo evangélico, ensinado por Jesus, são as dores de parto em que está submetida a criação inteira, e não o castigo de pecadores sem remédio. Boa prova, a qualificação do fogo da Geena em Marcos (9, 48-50), como instrumento para salgar.
Nos escritos testamentários se diz que o fogo que traz o conhecimento de Deus, deve ser salgado em nós para maior consistência da purificação proposta, para persistência do conhecimento alcançado. Segundo se diz em Mateus, os discípulos de Jesus eram ricos em sal puro e consistente, até o ponto de que eles eram sal, o sal do mundo. Esse enriquecimento em purificação das almas é o que busca o fogo da Geena.
O sal nas vítimas era Lei segundo o wp-pt:Levítico: “Em nenhuma de tuas oblações permitirás que falte nunca o sal da aliança da (unidade com) teu Deus”. Lucas, sempre profundo, agrega: “Tende sal em vós”. Como se dissesse que a consumação direta do homem não só consiste em receber o fogo de Deus, senão em “fazer-se um” com esse mesmo fogo, pois esse é o propósito do fogo eterno: Lograr uma aliança (Unidade) de permanência eterna.