OLHOS BONS (Mt VI, 22-23; Lc XI, 34-36)
A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas! (Mt 6:22-23)
A candeia do corpo é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso. Vê, pois, que a luz que em ti há não sejam trevas. Se, pois, todo o teu corpo é luminoso, não tendo em trevas parte alguma, todo será luminoso, como quando a candeia te ilumina com o seu resplendor. (Lc 11:34-36)
PADRES DA IGREJA
Tomas de Aquino
*CATENA AUREA — Mateus
*CATENA AUREA — Lucas
Gnosticismo
Roberto Pla
Evangelho de Tomé – Logion 24
O mesmo ocorre no logion 24 (a pergunta de André a Jesus, no Evangelho de João: “Rabi, onde vives?”). Diante da pergunta dos discípulos, não dá a conhecer Jesus o lugar “donde está”, mas indica o caminho: “Vinde” a vosso interior e vós mesmos “o vereis”. O Filho do Homem, é um “homem de luz” que habita dentro de vós. Sua percepção segue unicamente a uma intuição intransferível e inexpressável, mas com sua luz ilumina o mundo inteiro. Quando ele não ilumina, são trevas; pois está dito: “Se a luz que há em ti é obscuridade, que obscuridade haverá!”.
Jacques Lusseyran
Naquela época eu ainda queria usar meus olhos. Seguia-os em sua trajetória habitual. Olhava na direção em que estava acostumado a ver antes do acidente. (…) Por fim, acabei me dando conta de que estava olhando na direção errada. Estava olhando longe demais, e me atendo demais à superfície das coisas. (…) Comecei, então, a olhar mais de perto, não para as coisas, mas para um mundo mais próximo a mim mesmo, olhando, de um ponto de vista interno, para um outro ainda mais interno, ao invés de ficar me apegando ao movimento da vista em direção ao mundo externo. De imediato, a substância do universo veio para perto de mim, redefinida e novamente habitada. Dei-me conta de uma radiância que emanava de um lugar sobre o qual eu nada sabia, um lugar que tanto poderia estar fora, quanto dentro de mim.(…) Senti um alívio indescritível, e uma alegria tão grande que quase me fazia gargalhar. As pessoas que veem falam sempre da noite eterna da cegueira, e isto lhes parece muito natural. Mas tal noite não existe, pois a cada hora do dia e mesmo em meus sonhos eu vivia num fluxo de luz. Sem os meus olhos, a luz era muito mais estável do que costumava ser com eles. Se me lembro bem, não havia mais as mesmas diferenças entre coisas muito iluminadas, pouco iluminadas ou nada iluminadas. Eu vi o mundo inteiro na luz, existindo através da luz e por causa da luz.
(Jacques Lusseyran, And There Was Light: Autobiography of Jacques Lusseyran, Blind Hero of the French Resistance, trad. Elizabeth R. Cameron, Little, Brown and Co., 1963, PP. 16ss.)