Abolir a Lei

Sermão da Montanha — Abolir a Lei (Mt 5, 17-20; Lc XVI, 17)

CITAÇÕES DO EVANGELHO DE JESUS: Mt 5:17-20; Lc 16:17

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Tomas de Aquino: Catena aurea

Romano Guardini:

Tem-se dito que o Sermão da Montanha anuncia a ética de Jesus; que Jesus formula nele as novas relações do homem consigo mesmo, com os outros, com o mundo e com Deus, através das quais a ética cristã se diferencia da do Antigo Testamento e da da humanidade. Esta opinião, não é porém exata, se se entende por ética, no sentido moderno da palavra, a ciência do dever e da moralidade. Não é somente uma moral o que aqui se manifesta, mas toda uma maneira de existir — a qual evidentemente, exprime ao mesmo tempo um «ethos».

A consciência desta maneira de existir sobressai claramente nas bem-aventuranças. Palavras surpreendentes e inquietantes qualificam de «feliz» aquilo que nós naturalmente chamamos «desgraçado», e são lançadas ameaças sobre o que temos em grande apreço — ver em Luc. 6, 24-26. Procurando compreender tudo isso, dissemos que novos valores penetram no mundo a partir do «alto» — tão diferentes e tão grandes que para os exprimir é necessário inverter a escala natural dos valores. Qual será então a relação desta nova existência, e de tudo o que ela abrange, com as normas tradicionais do Antigo Testamento? Jesus responde: «Não julgueis que vim destruir a Lei ou os Profetas; não vim destruí-los mas sim a dar-lhes cumprimento» (Mat., 5, 17). O que Ele traz é pois novo, não porque destrua o passado, mas porque o leva às suas últimas consequências.

Segue-se então uma série de parágrafos, nos quais esta realização é exposta. Estes textos são construídos do mesmo modo. Primeiramente: «Ouvistes que foi dito aos antigos», e depois: «Pois Eu digo-vos», após o que se segue a resolução da contradição. Quatro dentre eles ocupam-se das relações com o próximo, três dos quais da relação entre justiça e amor, e a restante do comportamento do ser humano em relação ao sexo oposto. Um dos textos é consagrado às relações com Deus.

René Guénon: POBREZA ESPIRITUAL
Daí as palavras: “até que passem o céu e a terra, nem um só iota (isto é, um só iod) ou um só traço ou til (parte de letra, forma elementar comparável ao iod) da Lei passará, sem que tudo se cumpra” (Mateus 5,18).

Frithjof Schuon:
Jesus insiste que veio “não para abolir a Lei”, mas “para realizá-la”, o que indica que a “novidade” crística não tem nada a ver com as inovações humanas, que tem ao contrário o sentido de um retorno à origem transcendente; é claro que esta distinção escapa à psicologia inovadora da humanidade ocidental, exatamente como a significação real do messianismo israelita escapa aos judeus modernistas. Christianisme/Islam

Roberto Pla: Evangelho de ToméLogion 11; Evangelho de ToméLogion 12

Maurice Nicoll: COMENTARIOS VOLUMEN I 2 de septiembre, 1943
En el pensamiento esotérico griego, cuando un opuesto pasaba los límites de otro, se decía que existía un estado de injusticia. Se considera baja a la justicia, o rectitud como un estado de equilibrio. Es sabido, cuan a menudo la palabra rectitud es empleada en los Evangelios, como, por ejemplo, cuando se dice: “Porque os digo que si vuestra justicia no fuere mayor que la de los escribas y fariseos, no entraréis en el reino de los cielos” (Mateo, V, 20). El equivalente griego de rectitud (dike) tiene el significado original de ser recto y así, de estar entre los opuestos. El hombre “justo” o “recto”, tanto en el Nuevo Testamento como en la enseñanza socrática cuatro siglos antes, y en la enseñanza de Pitágoras que data del siglo Vi a. de C., es el hombre “recto”, el hombre que está en equilibrio entre los opuestos y no es ninguno de ellos. Esta es una idea muy difícil de comprender. Pero la idea del hombre justo deriva directamente de la antigua enseñanza sobre los opuestos. Un hombre parcial no puede ser un hombre justo. Un fanático, un hombre intolerante o puntilloso, no puede ser justo. Tampoco puede ser justo el hombre que vive en una pequeña parte de sí. Ser recto, ser justo, es ser equilibrado. No hay que emplear mal la palabra equilibrado, imaginando que por no sentir las cosas con tanta fuerza como los otros, se es más equilibrado. Ser equilibrado no es ser estúpido sino estar vivo a todos los aspectos de la existencia.