Dessas primeiras e breves indicações segue-se que o conceito de verdade se desdobra, designando ao mesmo tempo o que se mostra e o fato de se mostrar. O que se mostra é o céu nublado, ou a igualdade dos raios. Mas o fato de se mostrar não tem nada que ver com o que se mostra, com o cinzento do céu ou com as propriedades geométricas; isso lhes é totalmente indiferente. A prova disso está em que um céu azul se mostraria também a nós, assim como outras propriedades geométricas, outras figuras, ou, ainda, o furor das populações que se entrematam, a beleza de um quadro, o sorriso de uma criança. O fato de se mostrar é tão indiferente para o que se mostra quanto a luz para tudo o que ela ilumina, brilhando, segundo as Escrituras, tanto sobre os justos como sobre os injustos. Mas o fato de se mostrar só é indiferente a tudo o que se mostra porque por natureza difere de tudo isso que se mostra, seja o que for: nuvens, propriedades geométricas, o furor, um sorriso. O fato de se mostrar, considerado em si mesmo e enquanto tal, aí está a essência da verdade. Na medida em que esta consiste no puro fato de se mostrar ou ainda de aparecer, de se manifestar, de se revelar, podemos também chamar à verdade “mostração”, “aparecimento”, “manifestação”, “revelação”. É aliás por esses três termos equivalentes – aparecimento, manifestação, revelação – que a verdade é designada no Novo Testamento, assim como e tão frequentemente quanto por seu próprio nome de VERDADE. MHSV: I