Gregório de Nissa — Libertação
A alma libertada da vergonha
Aos que procuram uma vida autenticamente filosófica, ensina Davi, falando no Espírito, o caminho da verdadeira filosofia, isto é, os caminhos que devem seguir para chegar à perfeição e, em seguida, os bens que devem pedir Àquele que os pode conceder: “Que meu coração”, diz ele, “torne-se imaculado em tua justiça, para que não me envergonhe” ( SI 118,80 ). Dizendo isso, ele convida aos que, por suas más ações se cobriram de infâmia, a temer a vergonha e a retirá-la como uma veste manchada, como um manto de infâmia: “Não ficarei envergonhado se guardar todos os teus mandamentos”.
Bem vês que o Espírito situa a “liberdade” da alma no cumprimento dos mandamentos. Davi diz também: “Cria em mim um coração puro, ó Deus, estabelece em meu peito um espírito novo e reto; confirma em mim o teu Espírito soberano” ( SI 50,12.14 ). Em outro lugar ele pergunta: “Quem subirá à montanha do Senhor? “Em seguida, responde: “O homem de mãos inocentes e de coração puro” ( SI 23, 3-4 ). Eis quem subirá à montanha do Senhor: aquele que é puro em todas as coisas, que, pelo pensamento, conhecimento ou ações, não manchou a sua alma, obstinando-se, até o fim, no mal; é aquele que, tendo recebido o “Espírito soberano”, por suas obras e bons pensamentos reconstruiu seu coração, que fora destruído pelo mal.