Pla
Jesus disse: os darei o que o olho não viu, o que a orelha não ouviu e o que a mão não tocou, nem chegou ao coração do homem.
(Paulo Apóstolo, ao repetir este logion, o termina dizendo: “o que Deus preparou para os que o amam”).
JESUS HA DICHO: OS DARE LO QUE EL OJO NO HA VISTO, LO QUE LA OREJA NO HA OIDO Y LO QUE LA MANO NO HA TOCADO, NI HA LLEGADO AL CORAZON DEL HOMBRE. (San Pablo, al repetir este logion, lo termina diciendo: LO QUE DIOS PREPARO PARA LOS QUE LE AMAN) [Cf 1Cor 2, 9.].
Puech
17. Jésus a dit : Je vous donnerai ce que l’œil n’a pas vu, et ce que l’oreille n’a pas entendu, et ce que la main n’a pas touché et (ce) qui n’est pas monté au cœur de l’homme.
Suarez
1 Jésus a dit : 2 je vous donnerai ce que l’œil n’a pas vu, 3 et ce que l’oreille n’a pas entendu, 4 et ce que la main n’a pas touché 5 et ce qui n’est pas monté au cœur de l’homme.
Meyer
Jesus said, “I shall give you what no eye has seen, what no ear has heard, what no hand has touched, what has not arisen in the human heart.”1
Suarez
LOGION 17
1 Co 2.9 // Mt 13.14-17 // Lc 10.23-24
Le logion de Ts témoigne du souci de Jésus de nous conduire à partir du monde visible vers la réalité invisible. Le texte parallèle de Mt cite longuement Isaïe (Is 6.9-10); ce faisant, il infléchit le sens du logion primitif en situant dans le monde spatio-temporel ce qui appartient au monde sans images. Lc, qui écrit pour les pagano-chrétiens, évite la surcharge vétéro-testamentaire tout en cédant par ailleurs comme Mt à la même tentation d’extériorisation.
Paul (1 Co 2.9) a eu connaissance de ce logion qu’il cite. Comment la Bible de Jérusalem (éd. 1973) n’a-t-elle pas rapproché 1 Co 2.9 du log. 17 de Ts ? Elle indique : libre combinaison d’Is 64.3 et de Jr 3.16, ou citation de l’apocryphe Apocalypse d’Élie. En fait aucun témoin de l’Apocalypse d’Élie retrouvé à ce jour ne comporte cette citation.
Roberto Pla
O logion não usa figura alguma para descrever a invisibilidade da realidade “oculta”. Estes olhos que não veem, assim como o ouvido que não ouve e a mão que não toca, são os órgãos dos sentidos manifestos, os quais, certamente, não estão dotados para receber a glória resplandecente de Deus.
Para que esta glória seja percebida na consciência é preciso que antes se tenha banhado o coração em um batismo de fé consistente em crer no Filho do homem enquanto essência eterna, crença que há que se alcançar em plenitude, até a identidade total da consciência e do Filho do homem.
O princípio deste caminho o explica Jesus: “Não te disse que se crês verás a glória de Deus?” (Jo 11,40). Essa fé é a que “ganharam” os discípulos, e por isso se disse: “Ditosos os olhos que veem o que veis” (Lc 10,23). Os olhos que neles viam foram abertos pela fé no Filho do homem e não eram esses os olhos segundo a carne, senão outros mais profundos, ocultos, feitos da mesma glória invisível que circunda o Filho do homem. Segundo dizem os sinópticos, muitos profetas não alcançaram essa fé que abre os olhos interiores e por isso se diz deles no evangelho: “quiseram ver o que veis e não o viram e ouvir o que ouvis e não ouviram” (Mt 13, 17; Lc 10,24).
Paulo Apóstolo escreve que essa glória, para receber a qual se abrem os olhos interiores dos que creem, foi “preparada por Deus para os que o amam e nisso coincide o apóstolo com os sinópticos quando estes dizem: “Verão o Filho do homem vir em uma nuvem com grande poder e glória”.
Há uma ordem sagrada de preleção no ver e no ouvir dos olhos e ouvidos ocultos, e que vai desde a nuvem até o poder e a glória, e desde estas ao Filho do homem; e não convém descuidar da aparição desta ordem pois descreve três passos consecutivos da realização interior. Primeiro, a nuvem, que, já o sabemos, é a “densa nuvem sobre o monte”, dentro da qual esperou Moisés precursor de muitos, nos preliminares a sua teofania no Sinai (Ex 19,16). Algum tempo antes a nuvem havia sido descrita como a luminária grande, a coluna de nuvem, posta no firmamento por Deus para o domínio do Dia enquanto duraram as jornadas do deserto (Ex 13,21).
O que nos diz agora é que para os que o amam, e que creem porque o amam, foi preparada a nuvem por Deus como glória e poder repletos de luz e não como nuvem. Esta, a nuvem, é somente a capa superficial para que nela se habituem os olhos a seus lampejos, mas que mais tarde, vencida a névoa, se revela como glória – glória resplandecente a quem soube nela se sustentar. Em muitos textos, a glória se descreve idêntica à sabedoria. Assim diz Paulo: “Uma sabedoria de Deus, misteriosa, oculta, (foi) destinada por Deus desde antes dos séculos (quer dizer atemporal, antes que o tempo existisse), para nossa glória” (1Co 2,7). (vide correlações com o tratado místico medieval Nuvem do Desconhecido)
A sabedoria de Deus é a glória de Luz do Filho do Homem, o homem mesmo em sua essência, em espírito; é “radiante e inacessível”, mas segundo está dito: “facilmente a contemplam os que a amam e a encontram os que a buscam” (Sabedoria 6,12). Mas não é o fruto de um esforço “segundo a carne”, senão que a acha por si mesmo quem se identifica com o Filho do homem até o ponto de ser “um só” com ele (Flp 3,8). Com isto se cumpre o que pede Jesus em sua Oração ao Pai: “Os que tu me destes, quero que onde eu esteja estejam também comigo, para que contemplem minha glória” (Jo 17,24).
Jean-Yves Leloup
O que Jesus vem nos propor não é da ordem do que o homem pode pensar, tocar, ver, imaginar. Afirma a transcendência do Ser incriado.
Lembra o Hesicasmo que afirma o caráter inacessível de Deus, e o realismo da participação a seu Ser, donde a distinção de Gregório Palamas entre Essência e Energia…
Não podemos conhecer o coração do Sol e no entanto podemos nos aquecer em seus Raios. Paradoxo da Divinização: nem fusão nem separação.