Tipologia Bíblica

BÍBLIA — TIPOLOGIA — PERSONAGENS BÍBLICOS

VIDE: MICHEL HENRY, SOBRE O CRISTIANISMO))


Segundo Northrop Frye, em seu clássico “O Grande Código”, o princípio geral de interpretação do NT é tradicionalmente dado sob a forma: “O NT está oculto no ((AT; o Antigo é desvelado no Novo”. Tudo que se passa no AT é um “tipo” ou signo precursor de algo que se passa no Novo e assim se denomina esta abordagem “tipologia”, mas tipologia em um sentido particular. Paulo, em Romanos 5,14, fala de Adão como de um “typos” do Cristo; a Vulgata traduz “typos” por “forma”, mas a “figura” da Versão autorizada reflete o fato que “figura” se tornou equivalente latino normal de “typos”. O que se passa no NT constitui um “antitipo”, uma forma realizada de algo que é presságio no AT. Em Pedro 3,21, o Batismo cristão é denominado o “antitypos” da salvação da humanidade, que escapa à inundação de Noé, e, aqui ainda, a Versão autorizada usa “figura”.

A tipologia é uma figura do discurso que move no tempo: o tipo existe no passado e o antitipo no presente, ou o tipo existe no presente e o antitipo no futuro. O que é realmente a tipologia enquanto modo de pensar, o que ela ao mesmo tempo pressupõe e implica, é uma teoria da História ou mais exatamente do processo histórico: a hipótese que a História tem uma certa significação e uma certa razão de ser e que, cedo ou tarde, se produzirá um certo evento (ou certos eventos) que indicará o que é esta significação e esta razão de ser e que se tornará assim um antitipo do que aconteceu outrora. A confiança que nós, modernos temos no processo histórico, nossa crença, que apesar de sua confusão aparente, seu caos mesmo, os eventos humanos vão a algum lugar e indicam alguma coisa, nos vem provavelmente da tipologia bíblica: pelo menos, como afirma Frye, não se pode imaginar nenhuma outra fonte desta tradição.

No entanto, como afirma Raimon Panikkar, no plano intelectual ou teológico, é um abuso da parte dos cristãos e do cristianismo, sua apropriação da Bíblia. Esta até o século XV era considerada como sendo apenas o Antigo Testamento, ou como prefere Panikkar o único Testamento. Enquanto os outros textos eram denominados “escrituras cristãs”, “evangelhos” ou “cartas apostólicas” (v. Escrituras Cristãs). Para o povo judeu, a Bíblia é o documento “fundador”; embora a “praxis”, nesta tradição, preceda a “teoria”, na medida que os fatos relatados, frequentemente são anteriores de mil anos a sua consignação; donde a importância da “Interpretação” que aí se exprime.

Para Panikkar, o destino das Escrituras no seio do cristianismo responde a outra visão das coisas. Elas representam certamente um ponto de referência, uma maneira prática, quase pragmática, de evitar que a tradição se perca em outros caminhos ou pelo menos não se afaste dos “eventos” que estão na origem desta fé. Neste sentido, a Bíblia reveste para um cristão uma importância inegável, não como tipologia do NT mas do Cristo enquanto “Logos Eterno”.

A confusão que se deu, pela interpretação equivocada dos escritos dos Padres da Igreja, em suas articulações entre NT e AT é a mesma que já se prenunciava quando Jesus afirmava: “Antes de Abraão, Eu Sou” (Sinal de Abraão).

O objetivo desta seção é reunir a “tipos” bíblicos que nos ajudem a compreender o Cristo, não como figura histórica que não nos interessa.

ABRAÃO; ADAM; ADÃO E EVA; CAIM E ABEL; ENOQUE; ELIAS; ESAÚ E JACÓ; EVA; ISAÍAS; ISAQUE; JÓ; JOSÉ DO EGITO; JONAS; MELQUISEDEQUE; MOISÉS; NOÉ; SALOMÃO; SATANÁS