Adam Adama Haadam

Assim YHWH renuncia a fazer mais que imaginar este “adam”. O texto deixa a esfera da reflexão e encontra sua sintaxe normal para nos ensinar isto que já sabemos pela leitura do relato anterior (que sendo mais recente é de fato a confirmação em termos mais “modernos” deste). Passando ao ato e do indeterminado ao determinado, Deus não “deixa fazer” o estado livre que projeta pela simples dinâmica de sua Criação como o fez efetivamente para os animais terrestres, e visando, parece, fazê-lo também a um nível superior para este “adam”, mas Cria o Homem.

Isto é dito “claramente” no RELATO DOS SEIS DIAS onde o verbo empregado é “fazer” quando Deus se questiona sobre a oportunidade deste “adam” (Gen 1,26) e “Criar” quando se decide pelo “haadam” (o Homem) (Gen 1,27).

Estes salto qualitativo é expresso, é verdade, no relato mais antigo do Jardim do Éden por um outro verbo que “Criar”, mas é o Homem que dele é o mesmo complemento de objeto. E para o “compilador final” dos dois relatos, reunidos por ele na cabeça da Bíblia das Origens, os dois textos paralelos sobre o mesmo evento não podem se contradizer. É portanto não somente aconselhado mas indispensável compará-los ponto por ponto, para compreender o que nos é por vezes feito obscuro pela falta da tradição na língua no entanto mais universal que aquele, não citadino e logo não bucólico mas mais profundamente inteligente e mais imediatamente evocador, do relato do Jardim do Éden.

Assim a tradição se obstina a fazer crer que o verbo Y(TS)R (pronunciado “yatsar”) que serve de sinônimo a “Criar” (mesmo se não tem sua especificidade) no relato do Éden é inseparável do gesto do artesão, de onde o completo contrassenso do “Deus-artesão modelando)) o esboço humano”.

Ora as duas outras atestações da raiz Y(TS)R na Bíblia das Origens (Gn 6,5 e 8,21) confirmam que antes de remeter a algum trabalho manual, mesmo simbólico, ela conota uma obra do espírito ou da imaginação. A tradução mais apropriada de Y(TS)R em Gen 2,7 é portanto “conceber”.