NOUS — INTELECTO, INTELIGÊNCIA, ESPÍRITO, MENTE
Então abriu-lhes o entendimento (noûs) para compreenderem as Escrituras. (Lc 24:45)
Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento (noûs), e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento (noûs) sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado. (Rm 7:23-25)
PHILOKALIA
Citações dos Padres — em nosso site francês
A inteligência, o noûs, que reaparece constantemente na Philokalia é essencialmente o intelecto intuitivo — René Guénon diria a intuição intelectual -, estranho ao discurso. Pequena Philokalia
Tradução inglesa:
Intelecto, enquanto a mais alta faculdade no homem, através da qual — se purificada (vide katharsis) — ele conhece a Deus ou as essências ou princípios interiores — logoi (vide logos)- das coisas criadas por meio da apreensão direta ou percepção espiritual. Distinta da dianoia ou razão, da qual deve ser bem distinguida, o intelecto não funciona pela formulação de conceitos abstratos e pela argumentação sobre estes para alcançar uma conclusão dedutiva, mas compreende a verdade divina por meio de uma experiência imediata, intuição ou “simples cognição” (expressão de S. Isaac o Sírio). O intelecto habita nas “profundezas da alma”; constitui o aspecto mais interior do coração (S. Diadochos §§ 79, 88). O intelecto é o órgão da contemplação — theoria -, o “olho do coração” (Homílias Macarianas).
Tradução francesa:
A dupla faculdade que tem a pessoa de pensar o mundo e de contemplar Deus.
Kadloubovsky e Palmer:
A palavra “mente” traduziu o equivalente russo usado para tradução de noûs, incluindo assim um domínio de sentidos incluindo razão discursiva e a faculdade de conhecimento direto ou apreensão intelectual da Verdade. O adjetivo “mental” deve ser compreendido como incluindo um domínio de sentidos também. A natureza do homem é tripartita, compreendendo corpo, alma e espírito; a mente é em certos contextos equivalente ao espírito; a alma também é tripartite, compreendendo os poderes pensante, excitante e desejante. As passagens em Antão podem esclarecer melhor esta questão.
Maximo o Confessor: Quarta Centúria do Amor
**50. Aquele que renunciou tais coisas como casamento, possessões e outros interesses mundanos é exteriormente um monge, mas pode ainda não ser um monge interiormente. Somente aquele que renunciou as imagens conceituais apaixonadas destes coisas fez um monge de seu eu interior, o intelecto (noûs). É fácil ser um monge em seu eu exterior se se quer ser; mas não é pequena luta (agon) ser um monge em seu eu interior (noûs). Quarta Centúria do Amor
**73. E é por isto que Ele também diz, “Vende tudo que possuis e dê esmolas” (Luc XII, 33), “e descobrireis que tudo é limpo para vós” (Luc XI, 41). Isto se aplica aqueles que não mais despendem seu tempo em coisas do corpo, mas esforçam-se para limpar o intelecto (noûs) (que o Senhor denomina “coração”) do ódio (orge) e da dissipação. Pois estes últimos corrompem o intelecto e não permitem que veja Cristo, que nele habita pela graça (kharis) do santo batismo.
Hiérothée Vlachos
Este termo designa geralmente a parte mais espiritual da inteligência, a “fina ponta” da alma — psyche -, o lugar da consciência e da lucidez espirituais. Em certos contextos, se torna quase o coração — kardia -, no sentido bíblico deste termo. O noûs não deve ser confundida com a inteligência discursiva e racional. (Entretiens avec un ermite de la sainte montagne sur la prière du coeur.)
Robin Amis:
Os Padres deixam claro em muitos escritos que a parte da mente que discrimina é “noûs”, descrita por eles como “o olho da alma”, que pode às vezes estar cheio de pensamentos e imagens mas outras vezes livre de tudo isto, ou separada de todo. “Quando não há fantasias ou imagens mentais no coração, o noûs está estabelecido em sua verdadeira natureza, pronto a contemplar o que quer que esteja cheio de deleite, espiritual e próximo a Deus” (Philokalia). Mais que isto, os mestres d tradição interior tais como Hesíquio identificam o noûs com o eu interior: “Somente o que renunciou aos pensamentos apaixonados de seu eu interior, que é o noûs, é um verdadeiro monge. ë fácil ser um monge em seu eu exterior se se quer; mas grande luta é requerida àquele monge em seu eu interior”.
Antes de conhecer Deus, este “olho interior” deve ser transformado ou iluminado direcionado-o para Deus, e não Mamon. “O corpo vê por meio dos olhos, e a alma por meio do noûs. Um corpo sem olhos é cego, e não pode ver o sol brilhando na terra e no oceano e desfrutar sua luz. Da mesma maneira a alma sem um puro intelecto e uma santo modo de vida é cega: não apreende Deus”. Os termos que se usam para traduzir noûs, mente e intelecto, são enganosos. A justa compreensão do termo noûs pode ser alcançada pelo dito de Jesus no Evangelho de Tomé – Logion 42-43, onde se descreve o estado próprio do “olho da alma”, vendo uma ação de um centro de gravidade diferente, o qual pode formar uma nova fundação para vida.
Mestre Eckhart: CHISPA
PERENIALISTAS: PERENIALISTAS NOUS