O amor de si e o amor de Deus [JBCP]

JEAN BORELLACARIDADE PROFANADA

ESTRUTURA METAFÍSICA DA CARIDADE NA SUA ORDEM HUMANA

XI — O AMOR DE SI E O AMOR DE DEUS
Introdução

A ilusão mortal de um amor natural dos outros aparece agora em toda sua nitidez. Por aí mesmo que o outro é outro, não me é possível amá-lo verdadeiramente, a menos de uma conversão interior. O calor, o poder, a amplitude do amor natural não podem nada mudar ao fato da pluralidade dos egos. O poder caritativo pode muito bem recobrir a separatividade existencial de um véu de afecção unitiva, ela não poderia aboli-la sobre seu próprio plano: ela não pode senão mentir à realidade. O amor natural dos outros é uma mentira, talvez nada subjetiva e voluntário, mas objetivo e apesar de todos nossos esforços.

Dizemos “talvez”, pois segundo uma expressão de Schuon, este amor é frequentemente “petrificado de amargura”: “A existência (daqueles que negam Deus) é condenado a uma espécie de divindade, ou melhor a um simulacro de divindade, donde esta aparência de superioridade da qual falamos, este sentir-à-vontade marmóreo que se combina voluntariosamente com uma caridade petrificada de amargura levantada no fundo contra Deus”.

1) Amor de si, remorso e nudez interior
2) Realização da nudez interior em seu protótipo crístico
3) Acesso à proximidade interior
4) A crucificação alquímica
5) Notas sobre amor e gnose